Jair Pereira lança livro infantil sobre colorismo étnico

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O professor e escritor venâncio-airense Jair Pereira, de 63 anos, apresenta mais uma obra literária. Desta vez é o livro infantil Jabuticaba Dudu, que aborda o colorismo étnico (a cor da pele e caracteres fenótipos) do negro. De acordo com o autor, o livro desenvolve, de forma sutil, o preconceito e racismo no período escravocrata no Brasil, a partir de uma releitura da lenda do Maculelê.

A narrativa foi construída a partir de próprias contações de história, através do Projeto Afro/indígena, desenvolvido ao longo de 2023, nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) José Duarte de Macedo e Otto Gustavo Daniel Brands. “A ideia inicial objetivava subsídio para a contação de história junto aos anos iniciais, mas acabou se transformando em livro”, explica Pereira.

O livro, que não chegou a ser lançado oficialmente, foi apresentado no Festival da Diversidade Cultural do grupo de danças alemãs infantojuvenil Grüner Jäeger, de Linha Marechal Floriano, no dia 8 de dezembro do ano passado. Posteriormente, foi divulgado nas redes sociais do autor. “Ele ainda pode ser adquirido comigo, pois está sendo oferecido abaixo do valor de custo e em uma edição limitada. Mas o importante é o retorno, com críticas e sugestões, por parte de professores e alunos, as quais poderão ser adotadas em uma próxima edição”, destaca Pereira.

Reflexão

Segundo o autor, a obra infantojuvenil traz gravuras para serem coloridas, uma reflexão a respeito das relações étnico-raciais e até com a natureza, passando por uma abordagem cultural afro-brasileira. As ilustrações foram realizadas por Pereira e alunos do projeto, como forma de introduzir o tema junto às crianças e pré-adolescentes.

O enredo apresenta Jabuticaba, uma criança negra, inteligente e alegre, que via beleza em tudo, inclusive ao ver crianças brancas estudando ou brincando, quando ele era obrigado a trabalhar, pois havia nascido de mãe escravizada. Quando completou 7 anos, o protagonista foi vendido e nunca mais soube de sua mãe.

A saudade e as dúvidas foram crescendo e ele concluiu que a causa de seus problemas era sua cor. Passou a rezar a Deus para mudar de cor. Acabou perdendo a cor, clareando a pele, mas nada mudou. “Então, ele fugiu para o fundo da mata, onde foi encontrado e tratado por indígenas, recuperando a sua cor natural. Acabou salvando a aldeia de um ataque inimigo, com a luta que havia aprendido com sua mãe, na qual usava apenas dois bastões de madeira, o maculelê”, detalha o escritor.

Pereira ainda enfatiza que a dança e a luta retratadas no livro está à disposição na sede da Associação Négo, com a volta do grupo de danças afro Agbara Axá, com maculelê, capoeira, danças tribais e folclóricas, numa parceria entre Movimento Negro e o Négo. “É aberto ao público, quem quiser, pode participar”, conclui.

Conheça o autor

• Jair Luiz Pereira é graduado em Estudos Sociais – História, tem pós-graduação em História e Cultura Afro-brasileira e Supervisão e Orientação Escolar. Também é mestre em Desenvolvimento Regional.

• Em 1994, publicou o livro Caá Yari. Além disso, tem diversos artigos relacionados à temática dos negros na região, publicados em livros como Abrindo o Baú de Memória, de 2004; Venâncio Aires buscando suas raízes, de 2013; e Autores Luso-Brasileiros, de 2019.

• Também é autor de Devaneio: uma história que não foi contada, de 2020; Gaúcho Raiz, o filho da mãe, de 2021; Ubuntu e Associativismo Étnico: o Négo FC, de 2022; e Resiliência e Alteridade: a construção de identidades afro-brasileira no Brasil Meridional.



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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