Roda esta Cuia: a música que descreve a ‘nossa’ terra

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Criada há mais de 20 anos, a música ‘Roda esta Cuia’ foi composta em uma noite. Escrita com palavras simples, mas com grandes significados, a inspiração, segundo o compositor Telmo Kist, 66 anos, veio de memórias da infância e de momentos que são cultivados até hoje.

Um exemplo, conforme o graduado em Gestão Pública e corretor de imóveis, está logo no início da composição que fala sobre o costume de acordar cedo para ‘cevar’ um chimarrão, cultivado desde a infância quando via o pai acordar cedo para preparar o ‘companheiro’ de todos os gaúchos antes do sol nascer. No entanto, a história dessa canção, que se tornou querida pelos venâncio-airenses e, em muitas edições, uma característica marcante da Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim) foi escrita para preencher a última vaga do CD do grupo Os Dattain, em 1998, quando Kist atuava como secretário municipal de Cultura de Venâncio Aires. “Os integrantes do grupo davam aulas de teclado e violão para as crianças no prédio da Cultura e estavam preparando um CD. Eles vieram me dizer que faltava apenas uma música gaúcha e me convidaram para escrever”, relembra.

Naquele dia, quando foi para casa depois do expediente, a missão foi ‘rabiscar’ a música que se tornaria ‘hino’ para a Capital do Chimarrão. Tocada em muitas edições da Semana Farroupilha do município, Kist não esconde a felicidade no olhar ao relembrar das vezes que foi até escolas do interior ou da área central palestrar sobre a Revolução Farroupilha e recebeu pedidos das crianças para cantar ‘Roda esta Cuia’. “Eles sabiam toda a letra”, observa, com um brilho no olhar.

A música produzida pelo passo-sobradense – que tem título de Cidadão Venâncio-airense concedido pela Câmara de Vereadores – ultrapassou as fronteiras e ganhou diferentes versões. Na primeira, ainda no CD, gravou apenas com a gaita tocada com um arranjo de Lídio Frantz, um dos maiores gaiteiros da região, em um estilo mais harmonioso. No entanto, na segunda, produzida por Cris Oliveira, foi usada uma gaita mais xucra, dando características mais nativas à música. Em muitos momentos, a música foi cantada ao lado da filha, Cátia Kist.

Cheia de significados, Kist destaca o quanto a música traz fatos do dia a dia. “É comum encontrar as pessoas sentadas em frente às suas casas tomando chimarrão. É visível que aquele que mateia não conhece solidão porque ele aproxima amizades”, observa.

Relação com a música

Ninguém ensinou Telmo a tocar violão. No entanto, o primeiro violão ganhou aos 11 anos do pai. “Aprendi vendo meus amigos tocarem, nunca fiz aula”, salienta. Nessa brincadeira de ver apenas os amigos tocarem, ele participou de festivais do Mais Bela Voz realizados por muitos anos, no ginásio do Colégio Professor José de Oliveira Castilhos.

Hoje, contabiliza diversas composições de sambas-enredos de escolas de samba de Venâncio, hinos de comunidade e escolas, além da criação do hino do Esporte Clube Guarani durante uma viagem de ônibus com o time. “A ideia era só animar a viagem, mas acabou ficando como hino”, ressalta. Telmo Kist também é autor de canções natalinas e possui uma na ‘gaveta’ que fala sobre o Arroio Castelhano.

Família

Desde a infância, Telmo incentivou as filhas Cátia, Deise e Andressa a enfrentarem o público e a gostarem de música. A filha mais velha, Cátia, segue estudando música.

Telmo e a filha Cátia, participam, no segundo domingo de cada mês, das celebrações na Igreja Matriz São Sebastião Mártir com a animação.

Roda esta Cuia

De manhazinha lá em casa é sempre igual,
levanto cedo pra tomar meu chimarrão.
É um costume do meu Rio Grande Bagual,
de pai pra filho vai mantendo a tradição.

Refrão: Roda, Roda, Roda esta cuia!
Porongo amigo passando de mão em mão.
E neste gesto se cultiva uma amizade,
pois quem mateia não conhece solidão.

O chimarrão pra ser gostoso tem segredo,
dos mais antigos aprendi e hoje lhes passo.
A água nunca pode ferver na chaleira,
e a erva tem que ser colhida em mês de março.

Como é bonito o entardecer no meu Venâncio.
Seja no campo, no interior ou na cidade.
Gente mateando sentados defronte às casas,
contando causos que lembrando dá saudade.

Telmo lançará primeiro livro sobre vendas

Em março, quando começou o isolamento social devido à pandemia da Covid-19, Telmo Kist conta que conseguiu lidar alguns dias com a rotina em casa, mas quando começou a ficar entediado, foi incentivado por uma das filhas a escrever. Foram cerca de 30 dias em frente ao computador para que as 160 páginas do livro ‘Vendedor não nasce pronto’ fossem concluídas. Hoje, a obra está sendo diagramada e deverá ser lançada nos próximos meses ou até mesmo na Feira do Livro de Venâncio Aires, programada para ocorrer de 22 a 25 de outubro.

Segundo Kist, falar sobre vendas sempre foi algo com o qual teve afinidade. “Esse é um período em que as pessoas não podem perder a expectativa de negócios e esse livro traz o positivismo.” Ao longo da vida, ele já atuou como vendedor de produtos alimentícios, atuou em agência bancária e agora é corretor de imóveis, experiências que contribuíram para a construção da primeira obra.

A ideia é realizar a comercialização do livro em livrarias físicas e virtuais. O prefácio da obra foi escrito pelo presidente da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Vilmar de Oliveira. A impressão será feita pela Gráfica 13 de Maio.

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