Delegado Vinícius Lourenço de Assunção se deparou com um fato até então nunca flagrado por ele antes. Ao investigar as circunstâncias que cercam um crime, descobriu que uma das envolvidas repassou um recibo a uma terceira pessoa, confirmando que ganhou dinheiro como pagamento de uma dívida. Até aí tudo normal, não fosse o fato do objeto de compra se tratar de porções de substâncias entorpecentes.

O documento foi apreendido ontem à tarde. O titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) mantém alguns detalhes em sigilo – principalmente os nomes das envolvidas -, mas revela que o recibo foi repassado por uma mulher a outra mulher. “Quem repassou e supostamente assinou o recibo é mulher de um traficante, que se encontra preso”, explicou.
Por outro lado, o delegado Vinícius destaca que a pessoa que pagou a conta não é a mesma que adquiriu a droga. “Quem pegou a droga e repassou o cheque sem fundos é filha da mulher que saldou a dívida e, por isso ela exigiu um comprovante”, ressaltou.
O titular da DPPA acredita que a jovem que comprou a droga é viciada e que, por isso, repassou um cheque sem fundos à traficante. “E como ela foi cobrar o valor devido, a mãe da usuária pagou para não se incomodar, mas pediu uma garantia de que a dívida estava quitada”.
No recibo, datado de 17 de agosto de 2016, a emitente descreve em detalhes o que lhe estava sendo pago e o local onde a ‘negociação’ foi feita. “Correspondente a um cheque sem fundos, mais porção de drogas”, diz o documento, onde consta o nome da pessoa que estava com o cheque sem fundo e que vendeu a droga, além da pessoa que saldou a dívida, no valor de R$ 600, e o endereço.
Para o delegado Vinícius, está claro que a pessoa que repassou e supostamente assinou o recibo comercializava substâncias entorpecentes. “Especialmente se considerarmos o fato de que a pessoa que emitiu o recibo, é ex-companheira de um traficante”, salientou.
O titular da DPPA disse que o caso será investigado para saber se o recibo realmente é verdadeiro. “Mas tudo leva a crer que sim, pois há fortes indícios que apontam para esta possibilidade”, assegurou.
A apreensão deste documento também chamou a atenção do delegado Felipe Staub Cano. “Eu nunca tinha visto isso e acho que é um fato inédito na Polícia Civil gaúcha”, observou.