Desde a última semana diversas indústrias de Venâncio Aires foram impactadas devido aos protestos dos caminhoneiros. Se na sexta-feira, 25, empresas paralisaram as atividades em apoio às reivindicações, nesta semana algumas linhas de produção literalmente pararam por não ter condições de trabalhar. O cenário é comum para os setores fumageiro e de metalurgia e refrigeração, que são os que mais empregam no momento.
Devido à falta de matéria-prima para a produção, que foi a principal dificuldade das indústrias nos últimos dias, algumas paralisaram por turnos, dias ou mesmo deram férias aos funcionários. Mas há situações mais drásticas, que acarretarão, inclusive, em demissões. O desligamento de funcionários deve ocorrer na Metalúrgica Venâncio. Segundo o proprietário Marcelo Campos, haverá desligamentos. “Com certeza terá demissões. Está praticamente tudo parado por falta de matéria-prima. Na sexta ninguém vai trabalhar e segunda não se sabe”, destacou. O empresário não indicou quando ou quantas demissões devem ocorrer. Atualmente, a Metalúrgica Venâncio conta com 750 funcionários.
A possibilidade de demissões em massa foi assunto de uma reunião nesta quarta-feira, na Prefeitura, entre empresários, liderados pela Caciva, e gestores municipais. Durante o encontro, o prefeito Giovane Wickert afirmou que a Administração Municipal avalia medidas de apoio às indústrias e também que o enfraquecimento dos protestos e liberação das rodovias no Rio Grande do Sul devem devolver a normalidade às cidades. “Até domingo eu tinha convicção de que a greve dos caminhoneiros deveria continuar, mas quando fiquei sabendo, por exemplo, que os insumos da hemodiálise do hospital estavam acabando e que podia morrer gente, mudei de opinião na hora. Não estou contra a categoria, acho que a mobilização foi legítima, mas entendo que chegamos ao limite”, argumentou.
Para o prefeito, a situação, guardadas as proporções, é a mesma para empresas e trabalhadores. “Se não há produção, não há emprego e o Município não arrecada. Penso que precisamos liberar a chegada dos produtos e partir para manifestações nas praças e espaços públicos e fazer com que nossas reivindicações cheguem a Brasília.” Wickert afirmou ainda que o Município vai manter contato com os empresários na tentativa de evitar demissões. “Vai levar alguns dias para a situação normalizar”, concluiu.

Sindicato sugere acordosEmbora tente evitar qualquer possibilidade de demissão, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Venâncio Aires diz que a situação é temerária. Conforme o presidente Adolfo Celoni da Rosa, o movimento tem sido no sentido de preservar os empregos e sugerir acordos. “Várias empresas, como a própria Metalúrgica Venâncio, Multiserv, Klima, HS Manutenção, Gelus, Automate e Refrimate, nos procuraram e estamos propondo formas de compensação para os dias parados”, explica Rosa.
No caso da Refrimate, principalmente devido à falta de insumos para as linhas de produção, a empresa optou por dar férias coletivas aos funcionários. De acordo com a supervisora comercial, Daniela Kliemann, os cerca de 350 colaboradores ganharam férias entre a terça-feira, 29 de maio, e esta sexta-feira, 1º de junho. “O principal motivo é a dificuldade de entrega ou coleta dos nossos fornecedores, então falta matéria-prima. Além disso, alguns funcionários também estavam com dificuldade de se deslocar até a empresa”, explica. Nesta semana, a Refrimate atua apenas com plantão nos setores comercial e de assistência. Ainda segundo Daniela, demissões estão descartadas e a expectativa é retomar as atividades normalmente na próxima segunda, 4.
Outra grande metalúrgica do município, a Venax também descartou demissões em um primeiro momento. Conforme o diretor executivo, Walter Bergamaschi Júnior, essa possibilidade não é ventilada e a produção segue normalmente. A empresa emprega atualmente cerca de 400 pessoas.
FUMAGEIRAS – A Folha do Mate também apurou a situação nas principais empresas do setor fumageiro em Venâncio Aires. Muitas paralisaram na maioria dos dias desta semana e devem retomar as atividades apenas na próxima semana. Confira:
CTA: Depois de paralisar a linha de produção e depósito na última terça-feira, 29, a CTA seguirá normalmente seu cronograma de trabalho. Isso inclui a troca do feriado de Corpus Christi, onde os funcionários trabalham nesta quinta-feira, 31, e folgam na sexta-feira, 1º. A informação é da supervisora de sustentabilidade da CTA, Leila Wünsch.
Marasca: a empresa, que conta atualmente com 400 funcionários entre safristas e efetivos, trabalhou apenas na última segunda-feira, 28. O trabalho será retomado dia 4. Segundo a gerente administrativa, Ângela da Costa, além da falta de tabaco para beneficiamento, faltam insumos para operar a fábrica, como o gás das empilhadeiras.
Brasfumo: também trabalhou apenas na segunda, 28, e ainda não há confirmação se as atividades serão retomadas nesta sexta, 1º, ou apenas na próxima semana. Os funcionários devem ser avisados durante a programação das rádios locais.
Alliance One e China Brasil Tabacos: a produção foi suspensa entre segunda e quinta-feira. No entanto, as unidades do centro administrativo e de processamento de Venâncio Aires retornam ao trabalho nesta sexta, 1º. A informação é do analista de comunicação, Bráulio Staub.