Mais uma vez, os consumidores vão encarar um aumento no valor da energia elétrica. Ontem, entrou em vigor a bandeira tarifária chamada ‘escassez hídrica’. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou na terça-feira, 31 de agosto, que, por conta da seca no Brasil, é necessário aderir a essa nova taxa de R$ 14,20 para cada 100 kilowatt-hora (KWh) na conta de luz.
“É uma taxa a mais, porque, com a falta de chuva e o impacto nas hidrelétricas, é preciso ligar as termoelétricas, que funcionam à base de carvão ou gás. Isso gera o custo extra e é repassado aos consumidores. Quando voltar a ter um bom volume de chuva no país, essa taxa some”, explica o professor Marcelino Hoppe, coordenador do curso de Agronomia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Marcelino Hoppe.
Ele comenta que, conforme as previsões, os estados do Centro-Oeste, que passam por um período de escassez de água, devem continuar com pouco volume de chuva. “Em metade de outubro até abril, deveria ser o período de chuva nessa região, contudo, devemos ter La Ninã nos próximos meses e com isso essa mesma região terá pouca chuva ainda. Portanto, devemos continuar com essa taxa por alguns meses”, projeta.
Hoppe ainda esclarece que as principais hidrelétricas do país ficam no Paraná, em São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, que estão na região Centro-Oeste ou próximo dela. O problema impacta todo o país, pois o sistema de energia é interligado. “Se o Sul ficar com escassez e isso refletir nas hidrelétricas, todo país vai pagar a conta, porque é feita uma média nacional”, exemplifica o engenheiro agrônomo.
Entenda
De acordo com as informações da Agência Brasil, essa é a pior seca em 91 anos. O Governo Federal alega que as hidrelétricas estão operando no limite, por isso, a necessidade de aumentar a geração de energia elétrica por meio de usinas termoelétricas, que têm custo mais alto.
Mesmo com o reajuste recente das bandeiras tarifárias, incluindo a criação do patamar 2 da bandeira vermelha, em junho, a arrecadação extra para custear o aumento da geração de energia foi insuficiente, de acordo com a Aneel. O déficit na conta de bandeiras tarifárias está em R$ 5,2 bilhões. Além disso, o Brasil precisará importar energia de países vizinhos, ao custo de R$ 8,6 bilhões.
“A nova bandeira é uma forma de a Aneel conseguir manter a produção de energia elétrica, tudo envolve a escassez de água. Mas aqui da região de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, percebo que, em geral, a população costuma cuidar e economizar luz.”
MARCELINO HOPPE
Coordenador do curso de Agronomia da Unisc
Entenda o aumento
- O novo patamar representa um aumento de R$ 4,71, cerca de 50%, em relação à bandeira vermelha patamar 2, que era a maior até então, com custo de R$ 9,49 por 100 kWh. Com a nova bandeira, a partir deste mês, os consumidores vão pagar a nova taxa de R$ 14,20 por 100 kWh.
- Conforme a Aneel, a tarifa média da conta é R$ 60 a cada a 100 KWh, resultando em uma conta final de R$ 69,49, no caso da incidência da bandeira vermelha patamar 2 (R$ 9,49).
- Agora, o valor da conta de luz com a bandeira de escassez hídrica ficará, em média, 6,78% mais cara, chegando a R$ 74,20 (R$ 60 de tarifa média + taxa extra de R$ 14,20 da nova tarifa).
- A bandeira entrou em vigor ontem e deve seguir até abril do próximo ano.
Atitudes para amenizar o consumo de luz
• Reduza o tempo do banho e tente usar uma temperatura mais baixa.
• Use o mínimo necessário de aquecedor elétrico.
• Use a torneira elétrica na temperatura mais baixa e quando for estritamente necessário.
• Retire equipamentos eletrônicos, como roteadores, modens, computadores, impressoras e outros, da tomada, quando fora de uso.
• Reduza o número de vezes que abre a porta da geladeira e ou freezer durante o dia e, também o tempo que a porta fica aberta.
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