Taxa de inadimplência sobe e chega a 25% em Venâncio

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Dos 55,6 mil CPFs ativos em Venâncio Aires, 13,3 mil têm alguma restrição de crédito, cheque ou protesto e estão, usando um termo bastante popular, com o ‘nome sujo’ atualmente devido a endividamento. De acordo com informações do Indicador de Inadimplência da Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL) Porto Alegre, a partir da base de dados da Boa Vista SCPC – do qual a Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva) faz parte, por meio da Rede de Parceiras -, a taxa de inadimplência na Capital Nacional do Chimarrão vem crescendo em 2023 e chegou, em junho, na casa dos 25%.

Embora seja um percentual menor que a média estadual (30,91% em junho), com exceção de maio, de janeiro a julho os índices vêm crescendo mês a mês (veja o gráfico) no município. O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, entende que os números mostram que se trata de um efeito das taxas de juros elevadas e do cenário de desaceleração da economia. “Esse cenário de elevação das taxas de inadimplência é causado, em primeiro lugar, pela sustentação da Taxa Selic em patamares elevados. Também por conta do desaquecimento dos principais setores da economia, incluindo comércio, serviços e indústria, e ainda pelo fato de que até pouco tempo atrás, a inflação se encontrava bastante pressionada, o que retirava o poder de compra dos salários dos trabalhadores.”

As informações são do Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre, a partir da base de dados da Boa Vista SCPC

Despesa e receita

Oscar Frank destaca que, para evitar uma situação de inadimplência, é preciso observar os lados da despesa e também da receita. “Quanto à despesa, é importante pesquisar preços, barganhar, pechinchar, revisitar de tempos em tempos os gastos que temos, visando eliminar o que é supérfluo. Além disso, comprar em grandes quantidades, uma vez que o valor unitário costuma ser menor, e adquirir produtos de marcas próprias muitas vezes é interessante.”

Pelo lado da receita, o economista considera que é importante “procurar monetizar algum talento que se tenha para se gerar uma fonte de renda extra e também sempre estar atento à educação financeira, o planejamento do orçamento, cálculos de taxas de juros. A tomada de conhecimento também é bem importante, justamente para que se evite uma situação de inadimplência.”

Faixa etária e gênero

• Pela idade, o maior índice de inadimplência em Venâncio Aires compreende a pessoas entre 21 e 24 anos: 35,5%. Na sequência, com 34,7%, está quem tem entre 25 e 29 anos, e 33,2% são de pessoas que têm entre 30 e 34 anos.

• Pelo gênero, os homens são os que mais devem atualmente no município, mas a diferença para com as mulheres é pequena: são 24,61% dentro da taxa do sexo masculino contra 24,09% do feminino. Outros 21,55% não informaram o sexo.

Maiores cidades do estado

O Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre mostrou que, no mês de junho de 2023, as pessoas físicas inadimplentes somaram 30,91% no Rio Grande do Sul. Com um aumento próximo a 0,3 ponto percentual em comparação a maio, o indicador de junho atingiu o maior patamar da série histórica e seguem com tendência de elevação.

O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, entende que os números mostram que se trata de um efeito das taxas de juros elevadas e do cenário de desaceleração da economia (Foto: Divulgação/CDL Porto Alegre)

Nesta edição do Indicador de Inadimplência da CDL POA, estão listados também os dados restritivos das pessoas físicas das 20 maiores cidades do Rio Grande do Sul. Alvorada (46,8%), Viamão (44,7%) e Gravataí (42%) eram as que apresentavam os maiores índices de inadimplência na metade do ano. Na lista, estavam os dois maiores municípios dos vales do Rio Pardo e Taquari: Santa Cruz do Sul registrou 28,3% de inadimplência e Lajeado chegou a 27,6% – ambos os índices (de junho) são maiores que os de Venâncio Aires, que tinha 25,11% naquele período.

Ao todo, o contingente de inadimplentes pessoas físicas atingiu 2,628 milhões no estado. O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, diz que o cenário é desafiador a curto prazo, sobretudo enquanto não se verificar a consolidação dos efeitos do recuo dos juros básicos da economia e do Programa Desenrola, do Governo Federal. “Mudanças na política monetária costumam levar de dois a três trimestres até seu impacto pleno. Além disso, a velocidade das quedas deve ser lenta e gradual. No caso específico do Rio Grande do Sul, ainda temos os desdobramentos da estiagem severa da safra de grãos de verão. O evento climático adverso é uma das hipóteses que ajuda a explicar o porquê da nossa taxa de inadimplência.”

*Com informações AI CDL Porto Alegre

Avaliação da Caciva

Ao analisar os números de 2023, a empresária e presidente da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Roberta Fischer, diz que o cenário tem sido desafiador para as empresas, com juros se mantendo em alta e enfrentado eventos climáticos (como a estiagem nos dois últimos anos), que interferem diretamente no poder de compra.

“Ainda não sentimos os efeitos dos programas de renegociação do Governo Federal, como o Desenrola, e a leve queda da Taxa Selic. Esse efeito não é imediato, mas nos dá um sinal positivo em médio prazo.” Ela também comenta sobre como as lojas têm procurado lidar com a situação. Conforme Roberta, as empresas, assim como os clientes, também precisam honrar com seus compromissos financeiros, que envolvem muito mais do que apenas os produtos oferecidos.

“Um desequilíbrio gera consequências graves, entre elas o desemprego. Assim, as empresas utilizam os meios disponíveis. No caso dos associados da Caciva, a utilização do Banco de Dados do SCPC para uma análise de crédito acertada. Com isso, a empresa tem como tomar decisões assertivas para manter o equilíbrio financeiro.”

“O cliente inadimplente sempre pode procurar as empresas e fazer uma renegociação de seu débito. É importante para ambos o sucesso dessa nova negociação.”

ROBERTA FISCHER – Presidente da Caciva



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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