Rafaela Aline Wenzel, 42 anos, queria ser médica. Ou atriz. O que não imaginava é que seria como professora de teatro que ela se realizaria profissionalmente. “Queria ser médica para ajudar as pessoas, mas depois percebi o quanto também podia fazer isso como professora. O teatro estudantil tem muito o âmbito moral, que estimula que os alunos reflitam e aprendam”, comenta a profissional, que atua há mais de duas décadas no Colégio Gaspar Silveira Martins.
Experiência de palco e pensamento crítico são apenas alguns dos aspectos positivos proporcionados nas aulas de teatro, conforme a professora. “O foco não é formar artistas profissionais, mas possibilitar que os alunos utilizem o teatro para a vida. Sou apaixonada por isso. É um processo muito rico”, garante.
“Acredito na arte e na educação como transformadoras de vidas.”
RAFAELA ALINE WENZEL – Professora
Se, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, as crianças brincam de fazer teatro e aprendem se desinibir, no Ensino Médio, as aulas de Teatro ocorrem de forma extracurricular e têm como objetivo a criação de uma peça teatral. A atividade é opcional para os alunos e um dos momentos mais esperados é a participação na Amostra de Teatro da Rede Sinodal (Atese).
“Nunca é uma peça pronta, é sempre criada pelo grupo e isso demanda bastante tempo e troca de ideias. Buscamos, sempre, um sentido mais crítico, filosófico”, explica a professora. Nos ensaios semanais, os alunos criam, dialogam e interpretam.
É justamente nessas reflexões que Rafaela acredita que consegue fazer a diferença na educação, por meio do estímulo ao espírito crítico e ao autoconhecimento. “É uma construção conjunta. Eles montam e eu vou lapidando a peça.
Dificilmente digo que algo está errado. O que acontece é que nem sempre as coisas funcionam bem daquele jeito. A ideia não é ficar negativando, mas despertar o que eles têm de bom para fazer”, observa a professora.
INCENTIVO À ARTE
Além das experiências cênicas dos alunos e do estímulo ao contato com a arte, proporcionados pelas aulas de Teatro, Rafaela destaca a qualificação do auditório do colégio, ao longo dos anos. Atualmente, o local é um dos mais utilizados, no município, para espetáculos teatrais, palestras e eventos culturais.
“Aos poucos, tudo foi melhorando. Passamos a ter cortinas pretas no fundo do palco, mesa de som e microfone. Toda essa evolução contribui para as aulas e consolida a história da arte na escola”, comenta ela, que é professora de Teatro há 18 anos.
A trajetória no Colégio Gaspar, no entanto, começou antes, já que Rafaela atuou na biblioteca da instituição. “Quando passei para a faculdade de Artes Cênicas, em 1997, optei pela licenciatura pois já havia trabalhado na biblioteca e sempre considerei o campo da educação encantador e muito rico em possibilidades de ajudar pessoas, o que persigo como fundamental em todo trabalho.”
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PERFIL
Rafaela Wenzel formou-se em 2003 na licenciatura em Educação Artística – Habilitação Artes Cênicas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É especialista em Teoria do Teatro – Cena Contemporânea pela UFRGS e mestre em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
A profissional atua no Colégio Gaspar Silveira Martins há 24 anos, dos quais 18 são como professora de Teatro, para Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Além disso, atua na Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Pedro Beno Bohn, de Vila Arlindo, onde leciona Arte e Ensino Religioso, e na Escola Estadual de Ensino Médio Cônego Albino Juchen, como professora de Arte.
O diretor do Colégio Gaspar, Tiago Becker, destaca o envolvimento da professora Rafaela com a instituição e o fato de ela buscar qualificação, com especialização e mestrado. Da mesma forma, ele ressalta a importância da educadora ao encontro da proposta da escola de trabalhar a arte. “A arte é uma das formas mais belas, completas e sensíveis de conseguirmos nos expressar.”
SÉRIE DE MATÉRIAS
Desde o dia 8, a Folha do Mate divulga as matérias sobre as 12 finalistas do prêmio ‘Adiante, professor’. Amanhã, será apresentada a professora Bruna de Quadros Etges, que concorre na categoria Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A série de matérias se estende até a quinta-feira, 22. Na sexta-feira, durante a Feira do Livro, ocorre a cerimônia de premiação.
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