Quatro escolas privadas de educação infantil de Venâncio Aires que oferecem atividades em turnos opostos retomaram as atividades esta semana. Em parceria com a Prefeitura, Alçando Voo, Arte do Saber, Hello Kids e Nuvem de Algodão elaboraram rígidos protocolos de segurança, testaram pais e crianças e seguirão em monitoramento por três semanas, quando passarão por novos testes que têm como objetivo identificar se o coronavírus atingiu educadores ou famílias. O Executivo utilizará as informações para embasar o retorno às aulas dos estudantes da rede municipal, que vier autorização para isso.
Coordenador da Vigilância Sanitária, Everton Notti está à frente do processo de acompanhamento das famílias que aceitaram levar seus filhos para o convívio recreativo nas escolas. De acordo com ele, das 70 famílias que mantinham crianças nas quatro escolas antes da pandemia de coronavírus, 26 concordaram em participar da retomada. “Não é uma pesquisa, é um retorno com testagem antes e depois, o que nos permitirá verificar, se tivermos casos confirmados, como o vírus se comporta”, comenta.

Notti ressalta que os estabelecimentos elaboraram e tiveram aprovados seus planos de contingência para o retorno das atividades. “Além do distanciamento e uso de máscaras, algo que já está inserido no nosso cotidiano, temos uma série de medidas tanto para as escolas quanto para os alunos e suas famílias, tudo para minimizar os efeitos da Covid-19”, salienta. Ele explica que entrevistas com os integrantes das famílias levaram à decisão de quem poderia participar da retomada. “Só crianças e familiares com plena saúde estão inseridos. Pessoas com asma, bronquite ou outras doenças ficaram de fora”, afirma.
Comparativo
No dia 31 de agosto, todos os participantes da retomada dos turnos opostos nas quatro escolas serão novamente testados. Além do comparativo em relação ao início das atividades, será possível ainda relacionar os resultados com as crianças e famílias que decidiram por não retomar as atividades. “O que teremos são dois grupos e, por isso, poderemos tirar conclusões interessantes. Há crianças que ficam mais dentro de casa, já outras podem estar circulando nas casas de familiares, o que gera mais risco do que estar em um ambiente controlado. Mas tudo isso será alvo de análise após três semanas de atividades”, diz Notti.
“É importante lembrar que os turnos opostos são ambientes de convívio e recreação, não de ensino. Além disso, vamos trabalhar com crianças entre 6 e 10 anos, que têm mais facilidade para entender os protocolos e seguir as determinações.”
EVERTON NOTTI – Coordenador da Vigilância Sanitária
Além de profissionais da Secretaria de Saúde, Vigilância Epídemiológica e Vigilância Sanitária, a Prefeitura conta com o apoio da infectologista Sandra Knudsen para a ação. Ela fez parte da equipe que elencou os problemas determinantes para não aprovação de participantes nesta retomada. Os planos de contingência das escolas obedecem à Portaria Conjunta SES/SEDUC/RS nº 01/2020.
Os quatro estabelecimentos procederão aferição diária de temperatura na entrada e saída de crianças e familiares, bem como dos profissionais educadores. Qualquer síndrome gripal será motivo para análise e provável afastamento da criança. As famílias também são orientadas sobre o fato de que a redução do isolamento social é restrita para o convívio na escola.
Tentativa
- O secretário municipal de Saúde, Ramon Schwengber, reforça que a retomada dos turnos opostos não é pesquisa nem experiência. “É mais uma tentativa de manter saúde e economia andando juntas, pois a gente sabe que este segmento foi duramente afetado pela pandemia de coronavírus”, comenta ele.
- O titular da pasta ressalta ainda o ineditismo da proposta. “Não tenho conhecimento de algum outro município que tenha encaminhado uma situação parecida. Estamos criando uma nova ideia, com todos os protocolos necessários e segurança para as famílias, para permitir que os turnos opostos voltem a funcionar”, completa.
Compromisso e engajamento
- O prefeito Giovane Wickert lembra que a retomada dos turnos opostos só foi liberada depois de intenso planejamento de protocolos e com o conhecimento do Ministério Público.
- Além disso, os familiares das crianças atendidas precisaram assinar termos de compromisso nos quais reconhecem eventuais riscos e garantem engajamento para o bom desenvolvimento das atividades.
- Ele se diz otimista em relação à retomada e acredita que, a partir de setembro, com um possível início de trégua da pandemia, a situação vai melhorar aos poucos. “Creio que em setembro teremos redução no número de casos, em outubro consolidamos o novo normal e, em novembro, afirmamos o que ainda faltava. É a minha perspectiva”, diz.
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