O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Venâncio Aires, Odenir Guterres de Carvalho, iniciou ontem uma mobilização para reunir o funcionalismo em assembleia na sexta-feira, 31. O encontro ocorrerá a partir das 8h, na Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, e terá a finalidade de deliberar sobre questões envolvendo a polêmica revisão da categoria, aprovada na Câmara nesta segunda-feira, 27.
De acordo com o dirigente, serão tratadas na assembleia as possibilidades de nota de repúdio contra o rompimento do acordo firmado entre a Prefeitura e o sindicato, manifestação pública da categoria e operação padrão. Não está descartada, segundo Guterres, uma paralisação em protesto à forma como a Administração conduziu o processo de revisão dos servidores. A cúpula do sindicato está convencida de que foi traída pelo prefeito Giovane Wickert (PSB), que havia prometido reposição de 5,1% e ganho real de 1,6% para a categoria – de forma parcelada -, mas acabou concedendo 5,1% de reajuste em uma vez, retroativo a março.
Odenir afirmou que não acredita na possibilidade de o Município retomar as negociações salariais com o funcionalismo e conceder um ganho real no segundo semestre, como chegou a ser sugerido por alguns vereadores na sessão da Câmara. “Se ele não manteve o que havia assumido como compromisso, optando por um rompimento unilateral, como vou acreditar em uma nova promessa?”, questionou. Indagado se a presença de Giovane Wickert na assembleia é esperada pelos servidores, respondeu que, no seu entendimento, é melhor o prefeito não comparecer: “Não é o momento para tentar se explicar”.
EM BRASíLIA
De Brasília, onde participa de agendas em busca de recursos, o prefeito Giovane Wickert disse que o Município “fez o que era possível no momento” e que “as negociações com o sindicato não estão encerradas”. Segundo ele, “a Administração foi prejudicada pelo déficit de R$ 13,8 milhões, que pode chegar a mais de R$ 40 milhões e que pela primeira vez na história de Venâncio Aires é uma rubrica constante no orçamento”. “Vamos voltar a conversar”, reforçou.
REPERCUSSãO NA CâMARA
Tiago Quintana (PDT) – “Por um lado, o projeto pelo menos garante as perdas inflacionárias aos servidores municipais. Por outro, é a primeira vez em nove anos que não houve cumprimento do acordo com o sindicato. Isso me faz lembrar o que o juiz João Francisco Goulart Borges disse aqui nesta Casa no dia da diplomação: ‘Ninguém é obrigado a prometer nada, mas se prometer, cumpra’. Sem contar que o projeto veio errado e que o governo foi fraco tecnicamente”.
Ana Cláudia (PDT) – “Gostaria de parabenizar os vereadores, que na última hora conseguiram acertar a bagunça que foi o envio deste projeto. Todo e qualquer aumento deve ser analisado pelo conselho do FAP (Fundo de Aposentadoria e Pensão dos Servidores Públicos Municipais), o que também não ocorreu. O funcionalismo estava comemorando 6,7% de reajuste e acabou frustrado por conta dessa irresponsabilidade da Administração, pois não havia previsão orçamentária”.
Izaura Landim (PMDB) – “Vejo que o governo cometeu um erro e desde já peço que não transfiram esta responsabilidade para os vereadores. Causa estranheza o fato de o conselho do FAP não ter sido consultado, o que mostra que a equipe técnica da Prefeitura não está integrada”.
Eduardo Kappel (PP) – “O prefeito errou, prometeu o que não poderia cumprir. Ele participou das negociações sem sem assessoramento necessário. Eu assumo o erro da Administração. Vamos tentar equiparar as perdas de 2017 no ano que vem”.
Helena da Rosa (PMDB) – “Quem não quer um aumento real? é uma luta justa, mas temos que lembrar que estamos em um momento de crise, com muita gente desempregada e outras tantas pessoas cuidando para não perderem seus empregos. Concordo que o governo deve pensar em uma maneira de cumprir o que foi acordado, mas não que foi uma bagunça o encaminhamento do projeto. Talvez se a Administração passada tivesse deixado as contas em dia, o prefeito poderia ter dado o aumento”.
Adelânio Ruppenthal (PSB) – “Talvez o ganho real não esteja perdido. Conforme a receita ao longo deste ano, o prefeito, que sabe, possa negociar o que faltou. Ele tem boa vontade, mas também tem a preocupação de vencer o ano com a folha em dia. Chegamos a pensar em pedir vistas do projeto, baixá-lo e discutir a situação com mais tempo, mas fomos informados, por exemplo, que ficaria o Imposto de Renda acumulado de dois meses”.