Por Cristiano Wildner e Luana Schweikart
Venâncio Aires é a nova cidade de muitos imigrantes. A família de Ernesto Sanchez Aponte, 49 anos, veio para o município há sete anos. Junto com ele vieram a esposa Sandra Milena Ospina, 28 anos, e o filho Jean Paul Andrey Sanchez Ospina, 11 anos. O caçula, Vagner Jeronimo Sanchez Ospina, 3 anos, nasceu em Venâncio. Assim a família de colombianos recomeçou a vida em solo venâncio-airense e atualmente moram em um apartamento, no centro da cidade.
Aponte conta que eles moravam em Bogotá, a capital e maior cidade da Colômbia, antes de virem para o município e também chegaram a morar em países como Equador. “Viemos para o Brasil pois as portas foram abertas e aqui buscamos maior tranquilidade para viver”, considera. O incentivo para o destino ser Venâncio Aires partiu de amigos que já moravam na Capital do Chimarrão e falavam com a família virtualmente.
Quando chegaram, Aponte conta que não receberam grande ajuda, mas agora, com o auxílio da responsável pelo setor de acolhimento à imigrantes e refugiados, Sandra Soares, ele afirma que foi a primeira vez que receberam uma ajuda por serem de outro país. “Para a documentação, quem nos ajudou foram as Nações Unidas”, completa.
Dificuldades
O casal relata que em Venâncio Aires ainda existem preconceitos com pessoas de outros países. “Se as pessoas daqui já demoram para arrumar empregos, imagina para nós que somos de fora”, declara Aponte que demorou três anos para conseguir o primeiro emprego na cidade. Atualmente ele trabalha na China Tabacos e a esposa está desempregada.
Outro fator difícil para enfrentarem foi o clima extremo do Sul. “Lá nosso clima era mais fixo, aqui ou é muito frio ou muito quente”, reconhece Aponte. Com a comida, relatam que não tiveram grandes contratempos pois é parecida com a do país natal, exceto pela variedade de frutas, que conforme Sandra, é maior na Colômbia.
Para o filho mais velho, Jean, conseguir ingressar em uma escola infantil tiveram que apelar para as Nações Unidas, que conseguiram a vaga. Para o menor, Vagner, ainda não tiveram respostas. Hoje, Jean estuda na Escola Estadual de Ensino Médio Monte das Tabocas.
O aprendizado da língua também foi outro desafio a ser enfrentado. “Quando chegamos, parecíamos crianças pequenas, tivemos que aprender a falar tudo do zero”, fala Aponte. E hoje, o motivo de mais saudade é a família que ficou, os pais do casal estão na Colômbia e o contato que conseguem ter é virtual.
A vida hoje
Aponte destaca que hoje são bem tratados e conseguiram a tranquilidade e comodidade que tanto desejavam. “É bem mais tranquilo que até estranhamos que, nos domingos, praticamente nada abre”, comenta, aos risos. Além do trabalho, Aponte ainda tem como hobby o artesanato e a restauração de imagens religiosas, além da produção de pizzas colombianas e o trabalho como pintor nas horas vagas e fins de semana.
País acolhedor?
- Apesar de o solo brasileiro não ser tão restritivo com relação à chegada de estrangeiros, quanto países da América do Norte e Europa, são lentos os avanços no que tange as políticas públicas para imigrantes, analisa a assistente social Sandra Andreia Mendonça Soares.
- Em 2017, foi sancionada pela presidência da República a Lei de Migração (Nº 13.445/2017), que entre suas diretrizes prevê o repúdio e prevenção à xenofobia, racismo e quaisquer formas de discriminação. Também garante a não criminalização da migração e a igualdade de tratamento e oportunidade. Mas muitas são as situações que ainda precisam ser regulamentadas.
- Dados da Polícia Federal apontam que a população estrangeira no Brasil é formada por cerca de 750 mil pessoas, um contingente que chega a ser muito abaixo do fluxo recebido em países como Alemanha.
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