Presidente da Aspemva participa de congresso sul-americano de erva-mate

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Foi realizado entre o fim de agosto e início de setembro o 8º Congresso Sul-Americano da Erva-Mate, na cidade de Hohenau, distrito de Itapúa, no Paraguai. O evento reuniu produtores, pesquisadores e autoridades governamentais de países como Brasil, Argentina, Uruguai e Bolívia, além de exportadores e importadores do mercado internacional.

De Venâncio Aires, foi o presidente da Associação dos Produtores de Erva-mate do Polo Ervateiro dos Vales (Aspemva), Cleomar Konzen, que também é o vice-presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate). Na terça-feira, 12, ele participou do programa Terra em Uma Hora, da Terra FM 105.1, e falou sobre o evento.

Konzen destacou novidades em termos tecnológicos e pesquisas científicas, mas também encontrou muitas semelhanças com a produção do Rio Grande do Sul. “Os ervais naquela região são adensados, trabalho que a Aspemva preconiza por aqui e já estamos fazendo. Visitamos ervais no Paraguai e posso dizer que nossos adensados aqui são iguais ou melhores. Mas, principalmente, o que vimos lá vai ao encontro do que já sabíamos: temos que nos profissionalizar, tanto produtor, quanto indústria.”

O presidente da Aspemva, que também mantém um viveiro de mudas em Vila Palanque, mencionou as melhorias em viveiros e lavouras nas terras paraguaias. “Os viveiros são voltados à área biológica, para não uso de agroquímicos, é o que eu já faço há anos. Também foram apresentados dados em relação às lavouras, com diversos níveis de adubação, e mostrando que ervais adensados feitos somente com roçada e capinas produzem o dobro do que aqueles com roçada química.”

Na viagem, que contou com a participação de representantes de outros polos ervateiros do Rio Grande do Sul, Ibramate e governo do Estado, foram visitadas três indústrias, uma delas uma cooperativa para produtores que cultivam apenas erva-mate em até cinco hectares.

Colheita só no inverno

Embora seja uma região de terra vermelha, como é a de muitos ervais gaúchos, e a própria posição geográfica é linear à parte do território do Rio Grande do Sul, Cleomar Konzen comentou que, no Paraguai, a colheita ocorre apenas durante quatro meses, no inverno.

“A indústria não compra nas outras épocas e o produtor também não quer colher fora do inverno. É que lá a erva é secada e depositada, ‘estacionada’, onde vai maturar, e só depois de dois anos ou mais vai para consumo. Existe uma pesquisa que diz que o costume de consumir erva estacionada tem muitos benefícios para a saúde e ela evidencia ainda mais o que tem de bom.”

Por aqui, a erva-mate é colhida em qualquer mês do ano, desde que se complete um ciclo de 18 meses até a próxima colheita. “Procuramos atender os clientes conforme suas necessidades. Preferem erva-mate ‘verde’ na cuia. Logo, temos que colher todo o ano. Lá, é um costume consumir erva ‘estacionada’. E é incrível como bebem chimarrão. Numa fila ou numa praça, tomam mate em qualquer lugar. Estão sempre com uma cuia e térmica embaixo do braço”, explicou Konzen.

Atenção com a produtividade e qualidade

Cleomar Konzen destacou que o Paraguai produz entre 40 e 50 milhões de quilos de erva seca por ano, enquanto o Rio Grande do Sul produz o dobro. “Nós temos condições iguais ou melhores. O que nos difere, é que temos uma capacidade maior de produção que eles. Temos que buscar novos mercados, mas claro que aumentado muito a produção, pode ter sobras. Só que vai vender quem tiver preço e qualidade. Lá, eles estão voltados muito para a produtividade e qualidade.”

Para Venâncio Aires, onde hoje há cerca de 425 famílias produtoras e são 30 associados na Aspemva, Cleomar Konzen acredita que, tendo orientação técnica, fazendo o adensamento dos ervais e contando com apoio do poder público, o sucesso é certo. “Hoje o produtor já entende diferente. Quem manteve seus ervais e fez a lição de casa, não ficou sem receita. Esse ano tivemos grande procura de mudas por produtores querendo renovar ou ampliar seus ervais. Inclusive procura de pessoas mais jovens, que visualizam ficar na pequena propriedade. A erva é de fácil trato, requer pouco investimento e, se fizer a coisa certa, vai ter rentabilidade.”

O próximo Congresso Sul-Americano de Erva-Mate será realizado em 2026, na Argentina.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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