Talvez algumas pessoas não saibam o nome completo dele, mas o conhecem por um ‘apelido’ que ganhou por causa do trabalho que exerce em Mato Leitão. Há 17 anos, o morador de Linha Palanque Pequeno, no interior do município, Moisés Guterres de Carvalho, 45 anos, o ‘Moisés da ambulância’ é motorista concursado na Secretaria Municipal de Saúde. Por causa dessa função, ele é um dos seis profissionais que dirigem a ambulância da Prefeitura. Antes disso, atuou durante cinco anos como motorista de caminhão na Secretaria de Obras, Viação e Trânsito.
Segundo Moisés, na rotina de trabalho, a cada seis dias ele trabalha em sistema de plantão de 24 horas para atendimentos que necessitam da ambulância. Durante esse período, permanece na Unidade Básica de Saúde (UBS) Central das 6h42min às 20h30min. Depois disso, cumpre sobreaviso de casa. No dia seguinte, tem uma tarde de folga compensada. O mesmo acontece com os demais motoristas que desempenham essa função.
Durante o plantão, as principais funções são atendimentos de urgência e emergência, que envolvem o salvamento e resgate, transferência de paciente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou para o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), de Venâncio Aires, ou transporte de pacientes acamados e casos de Covid-19. Para além disso, ele atua como motorista da Secretaria de Saúde, fazendo o transporte de pacientes que têm exames, consultas ou cirurgias em outros municípios, como Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Lajeado, Candelária e Rio Pardo.
Para Moisés, trabalhar como motorista da ambulância é recompensador. “Ser motorista da ambulância é algo extremamente gratificante em todos os sentidos”, ressalta. Ele também comenta que um dos maiores desafios da profissão é o lado sentimental. “Vivemos em um município pequeno e conhecemos praticamente todo mundo. Por isso, às vezes temos que tentar não deixar o lado pessoal se envolver e agir com o lado profissional”, acrescenta.
O trabalho
O motorista destaca que se sente muito feliz com o trabalho. “Foi algo que eu me realizei.” Ele recorda que, quando iniciou na Secretaria de Saúde, não sabia muita coisa, mas, após o primeiro atendimento, que foi um acidente, decidiu buscar informações sobre a área. “Fui buscar o conhecimento para saber um pouco mais com o objetivo de trabalhar com segurança e profissionalismo. Foi onde pude eu me realizar e disse ‘é isso que eu quero fazer’”, lembra.
Para Moisés, a parte do trabalho que mais tem afinidade é o plantão. “É emocionante e tem adrenalina. Saber que se está saindo para ajudar alguém que realmente está precisando muito é gratificante”, considera. Mas ele observa que também há pontos negativos, como perder momentos em família e se privar de algumas atividades por causa desse compromisso. “Por mais que não tenha nenhuma chamada, não se dorme um sono tranquilo, porque se sabe que a qualquer momento o telefone pode tocar”, relata.
Apesar de nunca ter se imaginado trabalhando como motorista na Secretaria de Saúde, ele garante que aprendeu a amar a função e não pensa em parar. “Meu desejo é continuar e encerrar minha vida profissional aqui”, revela.
“É incrível poder ajudar as pessoas. Poder oferecer um alento aliviando a dor de um paciente que precisa de um atendimento rápido ou salvando ele.”
MOISÉS GUTERRES DE CARVALHO – Motorista da Saúde
Preparação para o atendimento
• Moisés compartilha que a partir do momento que recebe uma ligação para atendimento, durante o plantão, costuma questionar a pessoa que está fazendo contato sobre o que está acontecendo.
• Além disso, durante o deslocamento, busca imaginar a cena, para conseguir agir imediatamente ao chegar no local.
• “É claro que toda situação é nova. Não existem duas situações iguais no atendimento pré-hospitalar. Tentamos chegar imaginando um pouco do que está acontecendo para agir o mais rápido e o mais dentro da técnica possível”, observa.
• Quando uma técnica acompanha o atendimento, ele e a profissional também têm essa troca de ideias.
Capacitação
• O profissional compartilha que, para trabalhar como motorista de ambulância, é necessário realizar um curso de Transporte Emergencial, exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e cursos de treinamentos de Atendimento Pré-hospitalar (APH), feitos com empresas especializadas na área, normalmente feitos a cada dois anos.
• Nesse curso são abordadas técnicas de suporte básico de vida (reanimação cardiopulmonar e ventilação, por exemplo) e técnicas de resgate e imobilização. Nas duas últimas formações, as técnicas em Enfermagem e enfermeiras também participaram da atividade.