O professor venâncio-airense que desvenda mistérios da vida de Michelangelo

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A história da anatomia humana atrelada ao período do Renascentismo. Esse é o estopim das descobertas sobre a vida do artista e pintor italiano Michelangelo Buonarroti (1475-1564), realizado pelo professor venâncio-airense Deivis de Campos. Ao analisar pinturas, ele descobriu, por exemplo, que o artista teve Doença de Horton, e virou notícia internacional por mudar a biografia de um dos maiores nomes da arte mundial – mais de 500 anos depois.

As pesquisas que duraram mais de uma década, iniciaram com um artigo em 2015, que falava da ‘Divina Proporção’ na famosa obra ‘A Criação de Adão’, presente na Capela Sistina, em Roma. Nesse artigo, o foco era a presença de uma proporção matemática na arte e que nunca havia sido encontrada em outras obras do artista. Foi a primeira vez que Campos teve o reconhecimento internacional.

A grande descoberta de Deivis

Desde a publicação do artigo em 2015, começou a pesquisar outras obras do artista e notou que as pinturas e esculturas apresentavam muitos símbolos que nunca haviam sido descritos e explicados na literatura científica. Nos anos seguintes, publicou outros artigos que também repercutiram na imprensa nacional e internacional, inclusive com um deles demonstrando pela primeira vez que o artista se autorretratou em um desenho feito em 1525.

Deivis com os filhos Laura e Rafael e a esposa Ana Cláudia, grávida de Francisco (Foto: Arquivo pessoal)

Além disso, em 2023, Deivis de Campos foi o responsável por um artigo científico demonstrando que as complicações que Michelangelo teve na velhice (cegueira e depressão) eram decorrentes de uma doença vascular conhecida como Doença de Horton. Essa descoberta, pela sua importância, também foi divulgada em todo o mundo.

Com os artigos publicados, decidiu reuni-los em um livro para explicar as descobertas de forma mais direta e acessível para o público. “O livro contém mais de 10 artigos científicos, explicados dentro do contexto artístico-cultural em que Michelangelo estava inserido no período da Renascença”, comenta o autor.

De Vila Mariante para a Itália

Natural de Venâncio Aires e criado em Mariante, Deivis de Campos cursou os ensinos Fundamental e Médio na Escola Estadual de Ensino Médio Mariante – que teve atividades encerradas no final do ano passado, após ser atingida pela enchente histórica do rio Taquari, em maio de 2024. Posteriormente, fez graduação em Biologia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestrado e doutorado em Neurociências na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo ele, desde a graduação sempre se interessou pelo estudo e história da anatomia humana atrelada ao período do Renascimento, no qual os artistas precisavam estudar anatomia para produzir obras de arte realistas. “Michelangelo sempre me chamou a atenção por ser um artista que conseguia retratar fielmente as personagens, tanto nas esculturas quanto nas pinturas.”

Nos últimos anos, o professor realizou uma visita técnica na Capela Medici, em Florença, na Itália. A viagem gerou a publicação de um artigo científico, que foi divulgado na renomada revista Forbes.

Deivis fala sobre Venâncio

Para Campos, Venâncio Aires é um município marcado pela rica herança cultural e força do trabalho das pessoas, especialmente na agroindústria. “Apresenta uma grande diversidade cultural e entendo que isso desperta a solidariedade comunitária e o espírito empreendedor”, observa.

Além disso, ele destaca que tem muitos amigos e familiares que residem na Capital do Chimarrão, inclusive em Vila Mariante. “Foi o lugar que cresci e tenho as melhores lembranças da infância, guardo um carinho especial. Tenho muito orgulho do meu município, pois sei que é um lugar de pessoas solidárias, trabalhadoras e resilientes. Nesse sentido, me vejo com a responsabilidade de transmitir esses valores em qualquer lugar que eu esteja”, afirma o professor da Unisc e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), que reside em Santa Cruz do Sul.

“Tenho muito orgulho do meu município, pois sei que é um lugar de pessoas solidárias, trabalhadoras e resilientes. Nesse sentido, me vejo com a responsabilidade de transmitir esses valores em qualquer lugar que eu esteja.”

DEIVIS DE CAMPOS

Professor universitário, autor de artigos sobre a obra de Michelangelo



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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