O que aconteceu com a paciência das pessoas?

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Foto: Divulgação
“Ninguém tem paciência comigo”

Se formos contar nos dedos, poucas pessoas que conhecemos têm paciência nos dias de hoje. A falta dela está em todos os lugares, no trabalho, trânsito, na hora de ensinar alguma coisa. Por mais que ela não seja tão comum, todas as pessoas reconhecem que é um sentimento importante e que quando existe, é possível viver de forma mais tranquila e harmoniosa. Mas por que é tão difícil ter paciência?

A psicóloga Gabriela Geara explica que a paciência está relacionada à tolerância à frustração. Nos dias de hoje, por exemplo, as pessoas estão mais sobrecarregadas e, em função disso, a tendência é de que fiquem mais cansadas e intolerantes. Além disso, cada vez menos as pessoas têm paciência, porque, segundo a profissional, elas não são rodeadas de exemplos: “Se a maioria das pessoas não têm, em quem a gente vai se inspirar para ser paciente? é difícil aprender algo quando a gente não tem exemplos”.

A psicóloga explica que o fato de algumas pessoas terem mais paciência que outras está relacionado ao temperamento que nasce com cada uma delas. “O temperamento é algo mais biológico e a personalidade vai se construindo com o tempo”, acrescenta.

Além disso, a velocidade com que as pessoas recebem informações hoje em dia e têm acesso a elas, seja por meio da internet ou outras formas, também contribui para que elas tenham menos paciência e sejam intolerantes, porque exigem que, no dia a dia, a agilidade esteja presente como no mundo virtual. Contudo, a falta de paciência pode ser um dos sintomas de algumas doenças em nível mais crítico, como depressão, transtorno de ansiedade e esquizofrenia, por exemplo, mas também pode estar relacionada a características da personalidade das pessoas.

Ter paciência sempre?De acordo com Gabriela, embora a paciência seja importante, em algumas situações a falta dela é necessária. Na opinião dela, é preciso avaliar o contexto e escolher em que momentos é preciso ser paciente. “Se alguém vê uma pessoa agredindo uma criança no meio da rua, não dá para tolerar isso. A pessoa precisa se irritar de alguma forma pra fazer alguma coisa”, exemplifica.

Em momentos em que se perde a paciência e surge a vontade de xingar, a psicóloga recomenda que a pessoa saia de perto e busque outro espaço para que não aja ou diga coisas que não deveria. “Se a pessoa se irrita no local de trabalho, por exemplo, que peça licença e vá no banheiro”, sugere. Caso não seja possível mudar de lugar, Gabriela recomenda, até mesmo, que se mexa no próprio celular: “é melhor estar no WhatsApp do que soltar um xingão desnecessário”. Outra dica para aliviar a falta de paciência é respirar fundo ou, ainda, olhar para cima e contar até 50 em ordem decrescente.

AUTOCONTROLEPara a psicóloga Susan Artus Dettenborn, pode-se pensar em paciência como algo semelhante à tolerância, mas cabe não confundir falta de paciência com a má educação. “Todos vamos ter momentos de impaciência, temos ansiedade para a busca de resoluções e isso é vital para nossa existência, ou seja, queremos que as coisas aconteçam. A inércia não é sinônimo de ‘sou paciente’”, explica.

Tem momentos que a disponibilidade ao outro está baixa e isso faz com que a irritação se sobressaia. No entanto, de acordo com Susan, se uma pessoa tem um bom autoconhecimento, ela consegue perceber estes momentos e aumentar a capacidade de tolerância e autocontrole. Quando isso é inviável, começam a surgir os problemas, quase todos voltados à dificuldade de relacionamentos interpessoais, seja com a família, amigos ou no trabalho.  

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