“O ramo metalmecânico será o mais impactado em Venâncio”

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O setor metalmecânico pode ser um dos mais afetados, em Venâncio Aires, com a crise econômica gerada a partir da paralisação das atividades industriais e comerciais, em função do coronavírus. Apesar de o decreto do Governo do Estado publicado nesta semana permitir o funcionamento das indústrias e diversas empresas retornem ao trabalho na segunda-feira, 6, muitas já preveem a dificuldade de retomar as atividades.

É o caso da Metalúrgica Venâncio, quinta maior empresa do município por Valor Adicionado Fiscal (VAF) e a maior do ramo metalmecânico. Com cerca de 780 funcionários, a indústria de fogões, equipamentos de refrigeração, cocção, panificação e fornos, já prorrogou as férias coletivas até 13 de abril.

Segundo o proprietário Marcelo Campos, na próxima semana, serão analisadas possibilidades previstas na Medida Provisória 936, publicada nesta semana pelo Governo Federal, como a suspensão temporária de contratos.

“Vamos ver se iremos aderir, para parar por mais uns 20 dias. Não temos como voltar a produzir porque, como as lojas estão fechadas em todo o Brasil, não tem como fazer a distribuição dos produtos. O estoque já está alto, não temos como retomar toda a produção neste momento”, explica.

O vice-presidente da Indústria da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), José Carlos Haas Júnior, afirma que o impacto nas indústrias do setor metalmecânico é mais significativo porque todo o mercado foi afetado.

“As indústrias estão permitidas a trabalhar, mas especialmente o ramo metalmecânico está analisando com qual capacidade produtiva poderá retornar. Nesse segmento, a cadeia de suprimentos é muito grande. Para se fazer uma máquina, precisa-se de muitas peças, depende-se de muitos fornecedores. Além disso, a distribuição também será afetada. Como o cenário é incerto, a demanda também deve ser mais baixa”, analisa.


“Mesmo com a permissão de as indústrias voltarem a trabalhar, o mercado foi extremamente impactado. Há dificuldade de venda e de conseguir suprimentos. Com esse cenário incerto, o setor metalmecânico deve ser o que mais será impactado em Venâncio.”

JÚNIOR HAAS – Vice-presidente da Indústria da Caciva


Júnior Haas reforça a preocupação com o setor, por ser um dos mais representativos na economia do município e o com maior empregabilidade – embora a indústria tabacaleira empregue mais pessoas, a maioria dos trabalhadores são safreiros, diferente do que ocorre nas metalúrgicas.

“Nas fumageiras, mesmo que a maior parte tenha parado, a expedição seguiu trabalhando. A maioria delas volta na próxima semana e as empresas de alimentação também poderão atuar com 100% da capacidade, mas o ramo metalmecânico será o mais impactado.”

Ramo metalmecânico e de refrigeração é um dos que alavanca o desenvolvimento da indústria de Venâncio Aires (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

PREOCUPAÇÃO COM TRÊS MIL TRABALHADORES

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Venâncio Aires, Adolfo Celoni da Rosa, reforça a preocupação com os empregos da categoria. Atualmente, são em torno de três mil metalúrgicos no município.

De acordo com ele, até o momento, a maioria das empresas deu férias para os funcionários – com possibilidade de pagar o valor de um terço junto com o 13º salário, no fim do ano – ou dispensa remunerada.

Além disso, já ocorreram em torno de 90 demissões – 65 delas, com término de contratos que iriam vencer, e o restante de funcionários de já trabalhavam há mais anos nas indústrias. “Nossa grande preocupação é não ter uma visão do retorno da economia”, salienta.


“Não queremos que as empresas fechem. A grande preocupação, neste momento, é garantir a preservação dos empregos.”

ADOLFO CELONI DA ROSA – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos


A expectativa do sindicato é de as possibilidades previstas na Medida Provisória 936, como pagamento de benefício para trabalhadores que tiverem redução de carga horária e salário ou que tiverem os contratos suspensos por um período, ajude a amenizar os reflexos da crise. “O problema é que o trabalhador terá uma redução salarial e, ao ficar em casa, terá uma elevação de gastos. Mas, para preservar o emprego, é um sacrifício que terá que ser feito neste momento”, argumenta.

Ao encontro disso, Rosa comenta que a negociação com o sindicato patronal sobre o dissídio, que venceria em 1º de maio, foi prorrogada, com o objetivo principal de manter os empregos e com a exigência de que as empresas sigam as normas de prevenção ao coronavírus, previstas no decreto.

Além disso, ressalta que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) tem pressionado o Governo do Estado a fim de que reveja a cobrança de contas de água e energia elétrica. “Não tem como seguir com salários reduzidos e com as mesmas contas.”

Para esclarecimento de dúvidas e orientação aos trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos realiza atendimento telefônico pelo número 98173-9292.

AS OPÇÕES PARA OS TRABALHADORES

– A Medida Provisória 936/2020, publicada na quarta-feira, 1º, institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

– Empregados que tiverem os contratos de trabalho suspensos (o que pode ser feito por até 60 dias) ou tiverem redução de jornada de trabalho e salário (de 25% ou 50%, por até 90 dias) terão direito a receber o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, pago pelo Governo Federal.

– Para quem tiver suspensão temporária de contrato, o valor pago será equivalente ao do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito (o que pode chegar a 80% do valor da remuneração, conforme a faixa salarial)

– No caso de redução de carga horária e salário, o valor mensal do benefício será calculado aplicando-se, sobre a base de cálculo, o percentual de redução.

– O coordenador do FGTAS/Sine de Venâncio Aires, Adriano Costa, afirma que, até o momento, não foram repassadas informações sobre como o benefício será acessado.

– Atualmente, a sala do Sine está fechada, conforme determinação estadual para conter o coronavírus. O coordenador atua de portas fechadas junto ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT), em frente ao Sine, para auxiliar em casos de seguro-desemprego.

– A orientação de Costa é de que a pessoas baixem o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, pois ele também foi atualizado para possibilitar o encaminhamento do seguro-desemprego.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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