Lá se vão quase 40 dias das primeiras medidas oficiais anunciadas pela Administração de Venâncio Aires no que se refere à prevenção ao coronavírus. Desde o dia 16 de março, quando o prefeito Giovane Wickert publicou o primeiro decreto de calamidade pública, que restringiu as atividades comerciais e eventos em geral, a comunidade passou a acompanhar, preocupada, as informações em relação à pandemia. Primeiro foram os casos suspeitos, depois as confirmações de pacientes com a doença e, infelizmente, nesta quinta-feira, 23, veio o mais duro golpe: a primeira morte em razão da Covid-19 na Capital Nacional do Chimarrão.
Ao mesmo tempo que o óbito do paciente de 67 anos – que estava internado há 14 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) – escancara a agressividade do vírus e causa comoção na comunidade, reforça a necessidade de respeito às orientações que dia após dia são anunciadas pelas autoridades e buscam preservar a vida em meio a um cenário de total incerteza e que ameaça a economia. Pela primeira vez em sua história de quase 129 anos, Venâncio Aires edita decretos de calamidade, à espera de um futuro de boas notícias, com o mínimo possível de perdas que jamais serão reparadas.
E é no momento mais difícil da trajetória do município que Wickert apela à comunidade para que faça aflorar suas características mais marcantes: união e solidariedade. “A realidade é dura, porém precisamos ter forçar para enfrentá-la juntos, uns cuidando dos outros. Venâncio sairá mais unida desta crise”, sustenta. Para isso, ele pede compreensão e adesão dos venâncio-airenses às medidas que têm como finalidade prevenir a contaminação pelo coronavírus. “Queremos dar o atendimento necessário a todas as pessoas, em especial àquelas que tiverem quadros mais agravados da doença. Estamos trabalhando para salvar vidas, para evitar que a nossa rede instalada de saúde entre em colapso”, diz o chefe do Executivo.
Desmobilização
O prefeito ressalta que o Município vai dar sequência às ações de desmobilização de atividades que gerem aglomerações, como festas comunitárias, eventos esportivos e bailes da terceira idade, além de manter fechado o Parque do Chimarrão. “Estamos com as nossas escolas fechadas durante todo este tempo, justamente para evitar a proliferação do vírus entre as crianças e adolescentes. O risco de contaminação é elevado e, por isso, precisamos ter todos os cuidados no sentido de evitar que a Covid-19 se espalhe rapidamente por Venâncio Aires e a situação fuja do nosso controle, como tem acontecido em outros lugares”, alerta.
70% de controle
- O prefeito Giovane Wickert acredita que, em Venâncio Aires, o percentual de controle no que diz respeito ao alastramento do coronavírus esteja em 70%, a partir das medidas de isolamento determinadas pela Administração.
- Na opinião do chefe do Executivo, é possível que o percentual tenha sido até maior, quando foi anunciado o primeiro decreto de calamidade pública, no dia 16 de março, que só permitia o funcionamento de serviços essenciais.
- Agora, com a flexibilização, ele crê que a redução de carga horária e revezamento de equipes garanta 50% de controle. Os outros 20%, na sua contabilidade, viriam da comunidade. “Acho que 70% é um percentual significativo”, diz.
- Wickert espera que, a partir de segunda-feira, 27, com o início do período de obrigatoriedade de uso de máscaras, seja possível reduzir ainda mais o risco de contaminação. “Como todos sabem, a transmissão em Venâncio já é comunitária. Portanto, todas as ações de prevenção são importantes”, conclui.
“Vivemos uma revolução nestes quase 40 dias. Tivemos que nos adaptar a situações jamais enfrentadas por uma Administração. Resguardem suas famílias e pensem lá na frente, quando vamos ter novamente a possibilidade de abraçar as pessoas que amamos.”
GIOVANE WICKERT – Prefeito de Venâncio Aires
Rede de Saúde
• Desde que os municípios foram alertados sobre os perigos que a pandemia de coronavírus, Venâncio Aires deflagrou ações para reforçar a rede de saúde instalada.
• Na quinta-feira, 23, chegaram ao Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) mais quatro leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respiradores, a partir de parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
• Os quatro leitos, somados a dez já existentes e a três recuperados, garantem à Capital Nacional do Chimarrão 17 espaços para pacientes com quadro mais grave de Covid-19. Além disso, também no hospital, há um setor específico para internação de pessoas com suspeita de infecção, onde permanecem sob monitoramento constante de equipes de saúde.
• No pavilhão São Sebastião Mártir, foram estruturados o Centro de Triagem, que atende pessoas com sintomas respiratórios, e também um hospital de campanha, com dez leitos já instalados e outros 60 que podem ser disponibilizados, caso haja necessidade.
• Os postos do interior passaram a funcionar oito horas por dia, para atender as demandas das pessoas que residem em localidades mais distantes da região central e, em caso de urgência, encaminhar os cidadãos para os pontos de atendimento especializado.
• Utilização de carro de som, para alertar a comunidade sobre os riscos de contaminação, mais recursos estaduais e federais para o enfrentamento da pandemia e ações conjuntas com veículos de comunicação da cidade também são destacadas pela Administração.
• Há também canais de atendimento como o 0800-885-8419 e o Dr. Protege, que oferecem informações sobre a doença, tiram dúvidas de pessoas com sintomas suspeitos e repassam orientações com base nas premissas do Ministério da Saúde. O protocolo médico foi criado pelo núcleo TelessaúdeRS-UFRGS, e a tecnologia foi doada pelas empresas Zenvia e Neoway.
Flexibilização com cautela
Giovane Wickert tem buscado amparo em estudos científicos e números do coronavírus pelo Rio Grande do Sul e Brasil para tomar as decisões em âmbito municipal. Aos poucos, o comércio tem sido liberado para funcionar, mas junto com a autorização para operação de serviços considerados não essenciais, sempre vem a orientação de cuidado com a higienização, revezamento de equipes e jornada de trabalho reduzida. O prefeito não abre mão da cautela, pois na sua opinião, “não há como fazer diferente, a não ser buscar um mínimo de equilíbrio entre saúde e economia, com prioridade à vida das pessoas”.
Ele enaltece a postura dos representantes da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), que têm participado dos encontros do Comitê de Crise de Combate ao Coronavírus e, apesar das dificuldades anunciadas por seus associados, compreendido a necessidade das ações definidas pela Prefeitura. “Temos conversado com frequência e em alto nível, porque o momento é delicado. A Caciva, ao mesmo tempo que defende o interesse dos seus associados, que precisam de um mínimo de flexibilização para fazerem o caixa girar, está imbuída na missão de resolver estas questões”, afirma.
AUTÔNOMOS
Wickert lembra ainda da campanha de valorização dos trabalhadores autônomos de Venâncio Aires, liderada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo. De acordo com ele, a pasta tem estimulado a contratação destes profissionais, para os mais variados serviços, como forma de garantir que tenham condições de superar o momento de baixa demanda. “Encaminhamos uma série de ações desde que ficamos sabendo o quanto esta pandemia poderia nos afetar. Enfrentamos, todos, o mesmo cenário, e precisamos manter a vigilância para superar a turbulência que, uma hora, vai passar”, argumenta.