Produtos agroecológicos são cada vez mais procurados

-

 

Foto: Juliana Bencke / Folha do Mate Produtos orgânicos são encontros em mercados, mas propriedades dos produtores e na feira que ocorre na Comunidade Santa Rita de Cássia
Produtos orgânicos são encontros em mercados, mas propriedades dos produtores e na feira que ocorre na Comunidade Santa Rita de Cássia

O interesse em produzir e consumir alimentos orgânicos tem aumentado no Rio Grande do Sul. A busca da população por alimentos mais saudáveis tem estimulado, acima de tudo, o uso de técnicas da agroecologia, uma prática que não utiliza insumos químicos na produção. Conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o número de produtores de orgânicos no estado cresceu 38,4% entre 2016 e 2017.

Em Venâncio Aires, o número de produtores que não utilizam agrotóxicos em suas plantações também cresce. Atualmente, entre certificados e que estão em certificação são 15 produtores. Eles estão ligados, principalmente, a quatro famílias que possuem suas propriedades em Vila Santa Emília, Linha Duvidosa e Linha Andréas. Atualmente o grupo agroecológico de Venâncio Aires faz sua vendas diretas em suas propriedades e na feira que ocorre na Comunidade Santa Rita de Cássia, no bairro Gressler, das quartas-feiras e sábados pela manhã.

Os produtores são ligados à Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale), que tem na presidência a venâncio-airense Lori Weber, de Vila Santa Emília. A entidade é assistida pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA). O núcleo do CAPA de Santa Cruz do Sul atua em diversos municípios dos Vales do Rio Pardo, Taquari e Jacuí com o intuito de orientar agricultores em diversas temáticas a respeito da agroecologia. Para estimular e ampliar a produção agroecológica, o CAPA também apresentou convênio que tramita na Secretaria Municipal de Agricultura e no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (Comder).

No plantio, a premissa é a diversidade de culturas, em oposição à monocultura, utilizando-se plantas que fornecem vários serviços ecológicos, como aquelas que aumentam a polinização, atraem inimigos naturais, melhoram as condições do solo e são comestíveis e/ou medicinais. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), 75% das variedades agrícolas desapareceram ao longo do último século.

De acordo com a Lori lembra que os produtores que aderem a venda totalmente agroecológica passam, geralmente, por um processo de adaptação que pode ser longo. Por meio desse processo quer se evitar fraudes na venda de produtos intitulados como orgânicos, com uma maior fiscalização e penalidades. Ela diz que a expectativa é que esse movimento agroecológico e a produção de alimentos saudáveis cresça, unindo o campo e a cidade em grande processo. “É um processo sem volta. Quem ganha é o meio ambiente e o consumidor que passa a ter uma vida mais saudável, por ficar menos susceptível a doenças.”

Para o engenheiro agrônomo do CAPA, Luiz Rogério Boemeke, a procura por alimentos que respeitam a biodiversidade em detrimento ao uso de agrotóxicos é uma realidade regional crescente. Ainda segundo Boemeke, a ampliação da produção orgânica é um dos objetivos da entidade, que prima pelos princípios de desenvolvimento sustentável, preservação e conservação ecológica com inclusão social, segurança e soberania alimentar e diversidade agrícola, biológica, territorial e cultural.

Atenta a isso, a Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) lançou em 2017 o Sistema Online Integrado de Gestão de Agrotóxicos (Sig@), que integra todas as operações relativas a este comércio no Estado, desde o registro de empresas comerciantes até a emissão da receita agronômica e utilização destes produtos. Até agora, foram cadastradas 1.384 marcas comerciais de agrotóxicos e tornou-se possível a rastreabilidade digital do uso de agrotóxicos mediante consulta no banco de dados.

“Demanda supera a produção”

O professor da unidade de Santa Cruz do Sul da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) José Antônio Kroeff Schmitz, “no Vale do Rio Pardo a demanda supera a produção agroecológica”. Ele, que é doutor em Solos, cita ainda que em Santa Cruz e Venâncio Aires a principal venda desses produtos ocorre em feiras públicas e privadas. “Ainda não temos a tradição de encontrar esses produtos locais nos supermercados. Além disso, os mercados que oferecem produtos orgânicos geralmente vem de fora e vai um pouco contra o que prega esse movimento é valorizar a produção local”

Para contribuir e facilitar a expensão desse mercado foi criado a pós-graduação em Agroecologia e Produção Orgânica. O curso iniciou as atividades neste ano com 30 vagas e recebeu 71 inscrições. Existe expectativa de uma segunda edição ser lançada em 2018.

Além disso, por conta da iniciativa do movimento intitulado Articulação em Agroecologia do Vale do Rio Pardo (AAVRP), criada em outubro de 2013 e formada por 11 entidades, será criado na Uergs o curso superior de Tecnologia em Agroecologia em Santa Cruz do Sul. O curso deve ser lançado em março do próximo ano.

Conforme a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), 70% dos alimentos in natura consumidos no Brasil estão contaminados por agrotóxicos. Desses, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 28% contêm substâncias não autorizadas.

 Venda de orgânicos proibida em supermercados?

Nesta semana uma informação de que uma proposta legislativa aprovada na Comissão de Agricultura da Câmara ganhou as redes sociais. A informação inicial disseminada era de um projeto pretendia proibir a venda de produtos orgânicos em supermercados, contudo a notícia não é verdadeira. Ao contrário do que foi noticiado, o Projeto de Lei (PL) 4576, de 2016, não dispõe sobre a comercialização de produtos orgânicos em supermercados, mas especificamente sobre a venda direta a consumidores realizada, exclusivamente, por agricultores familiares.

O Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) divulgou um posicionamento em que afirma que há falhas na redação do projeto. Segundo a entidade, o texto exclui produtores e empreendedores do setor de orgânicos que não sejam produtores familiares, impedindo a comercialização direta por estes segmentos do mercado mesmo que tenham certificação.

Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateProdutor orgânico Roque Finkler, presidente da Ecovale Lori Weber e engenheiro do CAPA Luiz Rogério Boemeke: Produtos agroecológicos são um caminho sem volta
Produtor orgânico Roque Finkler, presidente da Ecovale Lori Weber e engenheiro do CAPA Luiz Rogério Boemeke: Produtos agroecológicos são um caminho sem volta

Oferecido por Taboola

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /bitnami/wordpress/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido