A perda de um ente querido é dramática para muitas pessoas, e não apenas para adultos. As crianças passam a viver o luto quando morre não só uma pessoa próxima, mas quando há despedida, também, de um bichinho de estimação. De acordo com a psicóloga Joana Puglia, a perda é uma experiência dramática, pois traz a percepção de que a vida é finita, ou seja, da nossa própria finitude. “Quando isso acontece, as crianças ficam impactadas, mesmo que não seja uma pessoa tão próxima. Mas fica o questionamento: e se for alguém da minha família? É um choque muito grande”, destaca.
Além disso, ela diz que as crianças, ao longo da infância, têm demonstrações de que a morte existe. “Elas vivenciam as mortes de pessoas, seja de vó de coleguinha, vizinho, o tio do bar. E, hoje, mais ainda, por conta das notícias. No entanto, a maneira como cada uma entende essa informação da morte é peculiar, é de cada faixa do desenvolvimento. O entendimento já é diferente para adultos, por conta das diferentes religiões, entendimento de vida e experiências de infância”, salienta. Joana acrescenta que não existe apenas uma experiência de morte, mas todas as perdas que passaram por uma pessoa são experiências diferentes.
Outro ponto destacado pela psicóloga é que as crianças são protegidas pelos adultos contra as más experiências. “Em alguns momentos, não precisava ser desse jeito. São nas pequenas vivências que há uma preparação para a morte, como por exemplo, na morte de um bichinho. A criança é apresentada à separação, uma separação sem volta”, considera.
Sobre os pequenos de 7 e 8 anos, a profissional reforça que vai haver mais questionamentos. “Neste momento, é importante não mentir sobre a perda. Depende do que for dito, pode haver confusão de ideias”, ressalta. Nesse sentido, Joana diz que é recomendado falar apenas o que a criança questiona e que as metáforas utilizadas podem ser confortantes pra quem entende ou conhece. “Não se dá mais informações do que as crianças têm condições de entender ou necessidade de saber. E as metáforas podem ser usadas. Pode dizer que virou estrela ou foi para um lugar melhor, desde que haja compreensão do que realmente aconteceu”, finaliza.
Dicas

A psicóloga traz algumas dicas de como contar para os pequenos sobre a partida de alguém:
• Ser honesto na hora de contar. O adulto não deve esconder o sentimento. Além disso, pode falar o quanto que sentirá saudades, chorar e ficar triste, pois todos esse processo faz parte do luto.
• Deixar a criança elaborar. Se for a perda de um animal de estimação, pode se dar um tempo para a criança entender. “Caso adote outro bichinho, coloca outro nome.”
• Sinceridade do sentimento. É essencial dar espaço para criança ficar triste e chorar. “Ela precisa escoar o que está sentindo”.
• Crianças são mais fortes do que se imagina. Joana ressalta que os adultos pensem que elas não possam suportar, mas vai. Conforme ela fala, tem que esvaziar para entrar outros sentimentos depois.