Área cultivada de trigo aumenta quase 80% em Venâncio

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A perspectiva para a safra de trigo é positiva. Em Venâncio Aires, nas regiões mais altas, as lavouras já mostram a planta com mais de 10 centímetros de altura. “Após safras frustradas, nossos produtores voltaram a apostar no trigo”, afirma o engenheiro agrônomo e chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin. “A última safra foi de muita chuva, sem contar nas doenças e pragas que afetaram as lavouras de trigo”, acrescenta.

Neste ano, a projeção da entidade é de 2,7 toneladas por hectare. Ao todo, 240 hectares devem receber o cultivo, em Venâncio Aires, o que representa um aumento de 77% em relação a 2019. “Ano passado eram 135 hectares do cereal e foram colhidos 2,5 toneladas por hectare. Nesta safra o preço do trigo tende a ser mais alto e com isso muitos produtores se animaram”, explica Fin.

Outro fator que pode ter influenciado o aumento de área do cultivo do trigo, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) é a significativa redução da safra na Argentina, que poderá favorecer os preços do cereal brasileiro, a partir do segundo semestre. “No Rio Grande do Sul, apesar das poucas ocorrências de chuva em maio, a umidade do solo foi suficiente para o avanço no plantio do trigo.”

Na última semana a Emater/RS realizou uma coletiva de imprensa, quando apresentou os números da safra de inverno. Principal produto da estação, o trigo deverá ter uma produção de 2.189.837 toneladas no estado. Cultivado numa área de 915.712 hectares, 20,34% a mais do que na safra passada, que foi de 760.914 hectares, o grão apresenta tendência de produtividade média de 2.391 quilos por hectare no Rio Grande do Sul.

Aposta

Após anos de frustração, a família Hermann, de Vila Teresinha, ficou três safras sem plantar o trigo. Em 2020, decidiram apostar e as expectativas para a comercialização são boas. “A gente plantava uma área grande, uns 100 hectares de trigo. E com uma experiência de três anos atrás, posso te dizer que nem mesmo empatamos lucro com gastos. Foi frustrante. Por isso paramos”, conta Rodrigo Alex Hermann, 27 anos.

A produção baixa e a menor qualidade final do trigo levaram pai e filho a não plantar trigo por três anos. Mas, nesta safra, Rodrigo e o pai Paulo Hermann, 52 anos, decidiram apostar e plantaram 20 hectares. “Optamos pelas áreas próximas de casa e próprias. Vamos tentar de novo. Esse ano vai ter preço e o comércio acredito que estará positivo.”

Os 20 hectares receberam as sementes ainda em maio e a princípio, projeta Rodrigo, a colheita ocorrerá em outubro. Questionado sobre a expectativa, a dúvida ainda fica no ar. “Fica difícil de te responder essa pergunta. O mercado tende a ser bom. Mas é difícil de saber o clima”, acrescenta Rodrigo.

A lavoura verde ao lado da casa de Rodrigo e da esposa Julia Portz, 28 anos, mostra a dedicação da família. “O trigo é muito importante para o solo, pois segura a umidade e mantém a terra fértil para receber a soja depois. Sem contar que a lavoura fica limpa sem as ervas daninhas”, explica o agricultor.

Julia e Rodrigo acreditam que a safra do cereal tende a ser melhor do que as registradas em anos anteriores (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)
Julia e Rodrigo acreditam que a safra do cereal tende a ser melhor do que as registradas em anos anteriores (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

Cereal auxilia na cobertura verde do solo

De acordo com o engenheiro agrônomo e chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, vários motivos levam ao aumento de área plantada de trigo. Ele elenca o preço alto no mercado e os custos baixos na produção na comparação com outras culturas. “O trigo tem custos menores de produção comparado, por exemplo, com o milho, que é um dos principais concorrentes quando se pensa em ração para suínos e bovinos. Então, por mais que o trigo não dê em qualidade para farinha, vai ser uma opção mais rentável para o produtor do que o milho”, explica Fin.

Outro fator importante conforme o engenheiro agrônomo é a cobertura verde. Além da palhada, que protege a superfície, diminuindo a energia erosiva do impacto da gota da chuva e de enxurradas, o trigo aumenta o teor de matéria orgânica no solo. O cereal auxilia na preparação da área que recebe a soja na sequência.

Outras culturas

A família Hermann, por exemplo, utiliza também a aveia para cobertura. “O trigo mantém a lavoura limpa e com a palha a gente consegue segurar a umidade para manter o solo conservado”, reforça o produtor.

O pai e filho cultivam, por ano, 500 hectares de soja e 100 hectares de milho. O trigo vem como a terceira cultura que, além de garantir renda, permite a qualidade do solo para receber as outras culturas durante o ano.

Apesar do clima incerto, com um verão assustador segundo Hermann, a esperança é de safra boa para o trigo, uma média de 50 sacos de 60 quilos por hectare. Conforme a Emater-RS/Ascar, Venâncio Aires tem 12 produtores de trigo.

“Plantar trigo é uma loteria. Tem seus altos e baixos. Precisamos acreditar no clima e na boa compra depois. A gente fez essa pequena área para ver como vai ser de novo. Dependendo dos resultados, a gente amplia ano que vem.”

RODRIGO HERMANN – Produtor de trigo

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