Chuvas irregulares preocupam moradores de diversas regiões. Patrulha Agrícola recebeu 30 solicitações de água na semana passada.
Sem chuvas regulares nas últimas semanas em Venâncio Aires (o último registro mais intenso foi dia 1º de janeiro), algumas localidades do interior já sentem os efeitos de uma possível estiagem. Mesmo que a gravidade nem se compare à situação vivida entre 2021 e 2023, fato é que os dias secos têm deixado muita gente apreensiva. Além disso, a previsão para janeiro, conforme a Folha do Mate destacou no último fim de semana, é de chuva abaixo da média e irregular neste mês.
O baixo volume pluviométrico impacta nos reservatórios na área rural, onde poços e cacimbas estão com níveis preocupantes. Na última semana, o vereador Gilberto dos Santos (MDB) comentou na sessão do Legislativo que tem recebido relatos de moradores preocupados com possível falta de água. Um dos pedidos partiu de Linha Cerro dos Bois. “Todo verão, se passa uns dias sem chuva, o poço vai secando. Nos anos de estiagem, chegou a secar completamente e já neste início de ano, a água quase acabou no poço”, relata Débora Franciane Santos dos Reis Marques, 28 anos.
Na propriedade onde mora, o poço é usado por sete pessoas: ela, o marido, os dois filhos pequenos, os sogros e o cunhado. A água que vem dele é usada para os animais e para a agricultura, na horta e nas lavouras de aipim e feijão, que cultivam para consumo próprio. Também usam para o banheiro da casa e lavar roupa.
“Dia 1º de janeiro choveu bem pouquinho aqui e depois disso mais nada. Já na terça [dia 7], pra poupar água, meus sogros foram até Linha Campo Grande, numa tia minha, tomar banho”, revela Débora. Sem previsão de chuva para os próximos dias, a dona de casa entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Rural e aguardava pelo caminhão-pipa da Patrulha Agrícola. A entrega aconteceu na sexta, 10. “Graças a Deus”, resumiu, ao informar sobre o abastecimento.
30 pedidos em uma semana
Durante o programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM 105.1 desta segunda-feira, 13, o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp), Sid Ferreira, confirmou que os pedidos de água se intensificaram nas últimas semanas e, somente na semana anterior, foram 30 pedidos. É a Patrulha Agrícola, que está atrelada à Sisp, a responsável pelas entregas. “Estamos levando água para famílias com problemas recorrentes desde novembro, mas se intensificou agora. Foram quase 100 mil litros distribuídos na semana passada”, destacou.
Conforme Ferreira, os pedidos partem de regiões diversas de Venâncio aires, mas a maioria é de moradores de Vila Estância Nova. Já houve solicitações nas localidades de Ponte Queimada, Vila Estância Nova, Picada Nova, Cerro dos Bois, Picada Mariante, Linha Brasil, Picada Revólver, Marechal Floriano, Paredão Pires, Santa Eugênia e Monte Belo.
A Prefeitura tem à disposição quatro veículos para entrega de água no interior de Venâncio: um caminhão-pipa, com capacidade para oito mil litros, e outros três caminhões improvisados, nos quais são colocados, sobre as caçambas, reservatórios de cinco mil litros. Segundo Sid Ferreira, neste momento o caminhão-pipa vem sendo usado e um dos caminhões-tanque está sendo montado para ajudar nas entregas.
Extensões de rede
• O secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Sid Ferreira, também mencionou que a Sisp trabalha há cerca de 20 dias como parceira da Corsan e de associações hídricas na região de Vila Estância Nova. Nesse caso, ajuda com a extensão de redes de água, visando a possibilidade de a companhia e as associações atenderem mais moradores.
Quem já está com problemas de abastecimento no interior, pode contatar a Sisp pelo 2183-0250 – ligação ou WhatsApp.
Água suja
O trabalho da Patrulha Agrícola, nas últimas semanas, também se concentra em levar água para famílias onde a falta de água não é exatamente o problema, mas as condições dessa água. Com as chuvas de 2024, muitas fontes acabaram contaminadas e ficaram sujas.
Em Linha Ponte Queimada, três famílias (seis adultos e três crianças), usam água de uma cacimba para tomar banho, lavar roupa e louça, e no banheiro. “Às vezes precisamos pedir água porque na cacimba fica suja quando chove ou para complementar, porque o ‘olho’ é muito fraco. Mas se Deus quiser, esse ano não vamos precisar mais pedir”, disse a dona de casa Angélica Mariani Gullich, 34 anos.
Ela conta que algumas famílias no entorno já fizeram um abaixo-assinado, solicitando à Corsan a ampliação da canalização. “Não é muito longe de onde já tem cano da Corsan. Eles poderiam fazer aqui também. Infelizmente não temos condições de perfurar um poço. Então precisamos pedir para a Patrulha Agrícola ou comprar para consumo.”