Para o motorista de caminhão e agricultor Neuri Helio Lahr, 54 anos, o maior orgulho é ver seus três filhos, Francine, 27, Fabiano, 24, e Fabiele, 14, – a sexta geração da família Lahr – morando na mesma propriedade em Linha Isabel, no interior de Venâncio Aires. Além disso, ele tem a satisfação de ter, ao lado, no dia a dia, o filho Fabiano, auxiliando a tocar o negócio que começou com o pai, Almiro Bruno Lahr, 79 anos. Em 1987, eles começaram com a Transportes Lahr. “Eu voltei do quartel e o pai sempre tinha esse sonho. Então juntos compramos um 608, o caminhão que temos até hoje.”
Atualmente, a empresa da família atende cerca de 150 produtores de tabaco, de inúmeras localidades da serra, do 5º distrito e Vale do Sampaio. “Muita coisa mudou e ficou mais fácil. Naquela época, para fechar uma carga a gente tinha uma agenda e era ‘no boca a boca’, hoje se tem o telefone e a internet, muitos nem ligam mais.”
Sempre envolvida muito com a comunidade de Linha Isabel, a família Lahr, além de ocupar cargos na diretoria do ginásio, associações, escola e igreja, fazia fretes dos blocos do Carnaval, sociedades e jogadores dos dois times de futebol da comunidade: o Princesa e o Centenário. “A gente sempre tinha compromisso. Levávamos o pessoal de caminhão. Não existia ônibus e van naquela época”, comenta Neuri.

São mais de 30 anos na profissão e Neuri acredita que hoje está mais fácil. “As estradas estão melhores, muita coisa mudou. A gente conhece essa região como a palma da mão. Isso é nosso negócio, mas temos mais que clientes, temos grandes amigos”, frisa.
Diferente do que acontece com os Lahr, Neuri percebe que cada vez menos famílias realizam a sucessão rural. “Semana passada fomos em vários produtores e carregamos os últimos fardos de fumo. Eles pararam, não vão mais plantar. Todo ano tem 5% a menos de famílias na atividade”, estima.
Além dos desafios para a permanência do jovem na atividade rural, Neuri observa que, no interior, outras oportunidades estão surgindo, inclusive com a instalação de empresas que utilizam mão de obra local. “Eu me sinto privilegiado, é um orgulho ter o Fabiano interessado tocando o que eu e o pai começamos. Aqui somos exemplo de sucessão”, frisa.
O gosto de Fabiano pela atividade vem de cedo. “O caminhão roncava e ele, com três anos, já ia junto recolher o fumo no interior”, conta o pai. “Eu não me vejo fazendo outra coisa. Desde muito novo tinha essa certeza de ficar aqui e ajudar meu pai”, reforça o jovem.
Além do transporte, outras atividades passam de geração a geração na propriedade como a criação de leitão e produção de leite – atividades que atualmente são coordenadas pelas mulheres da família. “A gente tem uma rotina intensa, tem dias que às 6h já estamos na estrada. Muitas vezes, é a esposa que toca isso sozinha.” Hoje, Rejane Lahr, 48 anos, tem o auxílio da namorada do filho, Fernanda Roberta Keller, 20 anos. “A gente ajuda, mas as mulheres tocam essa parte”, enaltece Neuri.
“Já são seis gerações da família Lahr nessa propriedade. Ver os filhos dando sequência é motivo de orgulho. Para qualquer pessoa que mora no interior, ver o filho ficar, escolher essa vida, é gratificante.”
NEURI LAHR
Motorista
Envolvimento comunitário
Almiro Lahr foi presidente da Escola Santa Isabel, assim como o filho Neuri. Ambos também já foram festeiros da comunidade com suas famílias. Durante 20 anos, Almiro foi presidente da Associação Cantores Alegria de Linha Isabel. Outro grande marco da comunidade teve o envolvimento da família Lahr. Almiro era o presidente da comunidade no ano em que o ginásio foi erguido, em 2004. Neuri é o ecônomo desde que o espaço foi inaugurado, além de integrar a diretoria. “São anos dedicados à comunidade, assim como meus antepassados foram”, orgulha-se Neuri.
Renda
A família possui a Transportes Lahr. Os moradores de Linha Isabel também trabalham com criação de leitões, são 65 matrizes. E gado de leite, são 10 vacas no total, uma média de 80 litros por dia. Além disso, a família ainda planta milho.
