Neve. O nome desse tipo de melão vem da polpa branca, cuja textura realmente lembra os flocos de gelo, e que, se deixar passar o ponto de colheita, literalmente começa a derreter na lavoura depois que a casca racha. Mas apesar de o nome remeter ‘ao frio’, é uma das frutas que ‘dá no verão’ e muito apreciada pelos gaúchos. Em Venâncio Aires, o consumo também é comum, seja puro ou com canela e açúcar, virando sobremesa, ou até batido para virar suco.
Segundo a Emater de Venâncio, alguns produtores, principalmente que fazem a venda direta ao consumidor, fazem o cultivo comercial, mas em pequena escala. “Ele se presta para a venda direta justamente pela perecibilidade e sensibilidade”, explica a extensionista rural, Djeimi Janisch. Na prática, é uma fruta que, quando amadurece, precisa ser consumida rapidamente. Assim aconteceu no dia 2, quando Véra Luisa Reis Haas, 60 anos, moradora de Linha Bem Feita, acompanhou a reportagem até a lavoura. “Já vou picar, colocar açúcar e canela e depois gelar”, sentenciou a aposentada, levando a fruta de cerca de quatro quilos.

Véra conta que planta melão de neve na propriedade há quase 40 anos e sempre foi para consumo próprio, fazendo ela mesma as sementes. Já chegou a colher uns que chegaram a sete quilos. A aposentada gosta tanto, que também cultiva outras variedades de melão, como o pele-de-sapo, o gaúcho e o amarelo. “Eu sempre gostei de melão, é uma das minhas frutas favoritas. Tenho uma pequena lavoura só para eles”, destacou a aposentada, que costuma plantar a partir de agosto. No entanto, em 2023, o excesso de chuva adiou o plantio e ela o fez em novembro.
O melão de neve colhido pela agricultora de Linha Bem Feita virou sobremesa, com açúcar e canela. Um preparo especial da mãe e futura vovó Véra. No dia em que atendeu a reportagem da Folha do Mate para falar sobre o melão de neve, a aposentada recebeu a filha Carla, que mora em Porto Alegre. “Em abril nasce a Lívia, minha primeira neta”, contou, emocionada.

Frutas à vontade
Além das variedades de melões, Véra Haas tem outros pés de frutas em casa. Laranja, bergamota comum e ponkan, caqui, pêssego, banana, abacaxi, uva e butiá. O capricho da aposentada também se vê na horta, onde nascem cebola, alho, couve, alface, rabanete, beterraba, cenoura, vagem, ervilha e temperinho verde. Sem falar no feijão e no milho, tudo para consumo da família.
Até 2014, ela plantou tabaco e, atualmente, além de manter a terra viva com uma infinidade de frutas e verduras, participa ativamente das atividades promovidas pela Emater de Venâncio.