Em Venâncio Aires, a agricultura tem um papel importante na distribuição de renda e geração de empregos. Considerada o carro-chefe da economia no interior do município, o setor é a principal fonte de renda de milhares de pessoas que vivem na área rural e estão ligadas à produção de tabaco e outras culturas. Conforme a Emater/RS-Ascar, são em torno de 7.350 famílias.
De acordo com dados do valor adicionado de 2018, a agricultura representa 16,54%, no total das atividades econômicas do município. Contudo, a indústria de beneficiamento, que é composta quase que exclusivamente do tabaco, representa 43,56%. “Com isso, este número sobe para 60,1%”, analisa o secretário municipal da Fazenda, Eleno Daniel Stertz.
Ele lembra que o setor agrícola tem um papel preponderante na economia, pois gera emprego e renda para os agricultores e recursos para os cofres municipais, que são revertidos em serviços nas áreas da saúde, educação, segurança, obras, agricultura, cultura, entre outros.
PRODUTOR DE TABACO
Arno Joaquim Rippel, 55 anos, mais conhecido como Quim, nasceu e se criou em Linha Hansel e é um dos milhares de venâncio-airenses que vivem da agricultura. O mais jovem de uma família de 10 irmãos, desde guri, produzia tabaco ao lado do pai e de um dos irmãos. “Naquela época, não era utilizada a mesma tecnologia que se tem hoje, na produção de fumo”, afirma.
Em 1988, Quim deixou de viver no campo para construir a própria família. Após o casamento com Elídia Maria Kist Rippel, 54 anos, ele mudou para a cidade e, mesmo assim, todos os dias se deslocava até a propriedade do pai, para plantar tabaco.
A esposa, natural do Cerro do Baú, em Linha Armando, também veio de uma família de produtores. Apesar de ter outras experiências na área administrativa, em 2004, ela e marido voltaram a trabalhar no interior.
Após o falecimento do pai de Quim, o casal e a filha Renata, hoje com 23 anos, deram continuidade à produção de tabaco da família e retornaram para Linha Hansel. “Dos 10 irmãos, apenas dois moram na cidade”, conta o agricultor, que construiu a casa próximo da antiga propriedade dos pais, local em que passou a infância.

“O setor agrícola gera emprego e renda para os agricultores e eles acabam girando a roda da economia do município, consumindo no comércio local, em supermercados, farmácias, lojas de confecção, oficinas e outros estabelecimentos comerciais, irrigando a economia como um todo.”
ELENO DANIEL STERTZ
Secretário da Fazenda
EVOLUÇÃO NA PRODUÇÃO RURAL
Neste ano, Arno Joaquim Rippel e a esposa Elídia devem cultivar 62 mil pés de tabaco, na propriedade de 9,6 hectares. “Hoje em dia está bem mais fácil de trabalhar, tudo ficou mais prático. Antigamente, os animais eram utilizados na produção e, agora, os tratores facilitaram este trabalho”, comenta Quim.
Ele também destaca a redução do tempo gasto com a produção. “O fumo era plantado entre oito pessoas. Hoje, entre quatro, se faz o mesmo serviço”, observa. A família comercializa o tabaco para a Japan Tobacco International (JTI) e China Brasil Tabacos.
Com a evolução do setor, o casal leva uma vida confortável. A plantação é realizada pelos dois e, no período de colheita, a família contrata um ajudante. “Nesta época, não temos muito serviço, mas durante os três meses de colheita, nossa rotina é bem agitada”, afirma Elídia, que se divide entre ajudar o marido na produção do tabaco e realiza os afazeres domésticos. Além da lavoura, o casal cultiva alguns alimentos para consumo, no quintal de casa.
Quim observa que a vida de um produtor de tabaco sempre está sujeita a riscos, principalmente relacionados ao clima e à desvalorização do produto, aspectos que afetam diretamente a produção. “Já tive alguns prejuízos, mas mesmo assim, nunca passei pela infelicidade de não colher”, diz o produtor.
Apesar dos altos e baixos com a produção, a família comemora as conquistas durante os últimos 15 anos, garantidas pelo trabalho na agricultura. “É um trabalho que exige muita dedicação. Durante um determinado período é mais tranquilo, mas na colheita trabalhamos direto, em cima de sol ou de chuva. Este é o nosso ganha-pão, mas acredito que tudo valeu a pena”, avalia o produtor, que em 2010, conquistou junto com a esposa o título de Casal Fumicultor Modelo do município.