Manifestação de agricultores ocorreu nesta segunda, 17, para chamar atenção devido a prejuízos com estiagens e renegociação de dívidas.
Cerca de 200 pessoas participaram nesta segunda-feira, 17, de uma mobilização em Passo do Sobrado em apoio à agricultura familiar. A manifestação, que aconteceu também em outros municípios gaúchos, foi organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) e pela Regional Sindical do Baixo Jacuí e Vale do Rio Pardo.
Entre as principais motivações do encontro, estava reivindicar soluções para assuntos que afetam diretamente a produção agrícola e os produtores, como os impactos das estiagens dos últimos anos, a renegociação de dívidas em bancos e cooperativas e mudanças no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

Ainda que a chuva tenha impedido uma participação maior de pessoas, ela foi celebrada pelos participantes, considerando esse início de 2025 de pouquíssima precipitação, o que já prejudicou muitas lavouras. Com a instabilidade climática, os agricultores se reuniram no Salão Paroquial – inicialmente seria no entorno da Praça da Emancipação. Após falas de autoridades políticas e sindicais, o grupo saiu em caminhada pelas ruas centrais de Passo do Sobrado, sendo que alguns agricultores foram de trator, e levaram as demandas a representantes de três agentes financeiros do município: Banco do Brasil, Banrisul e Sicredi.

Houve participação de agricultores de Passo do Sobrado, General Câmara, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Cachoeira do Sul, Cerro Branco, Gramado Xavier e Venâncio Aires, de onde partiu excursão organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR). O presidente do STR, Luciano Walker, falou das principais demandas. “Estamos trabalhando a questão da estiagem, pois as perdas já estão presentes. Também estamos ‘batendo’ muito forte na securitização das dívidas. Não é perdão, mas queremos um pouco mais de prazo para pagar, já que viemos há quatro anos tendo problemas na produção agrícola. E o Proagro, queé nosso seguro agrícola, que o agricultor entende assim. Houve mudanças e não conseguimos dar conta nem das dívidas, muito menos se falar em ter alguma lucratividade dos nossos produtos acionando o Proagro.”

Grito de alerta
Conforme Walker, são esperadas novidades a partir de agora, até porque a Fetag também esteve reunida em Porto Alegre com políticos tratando as mesmas pautas. Para o dia 19 de março, está previsto o tradicional Grito de Alerta da Fetag. A mobilização, que visa chamar a atenção dos governos para as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais devido à estiagem, será realizada em São Luiz Gonzaga, na região das Missões, bastante afetada pela falta de chuva.
Endividamento
No início de fevereiro, a Fetag apresentou dados da agricultura familiar gaúcha destacando o tamanho do endividamento rural das famílias. De acordo com os números, as prorrogações de crédito rural oficial em 2024 chegaram a R$ 11,3 bilhões, enquanto o custeio contratado para a safra 2024/25 somou R$ 14,8 bilhões, além dos R$ 2,3 bilhões de cooperativas, totalizando um endividamento superior a R$ 28 bilhões.