O verde dos canteiros: o preparo da próxima safra de tabaco em Venâncio

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Produtores de Venâncio Aires já contam com mudas de tabaco bem desenvolvidas e previsão é de plantio ainda em maio.

Enquanto caminhões carregados de tabaco seco ainda têm saído de muitas propriedades nessa época do ano, já que a comercialização da safra 2024/25 segue em andamento, o verde vistoso do tabaco ‘novo em folha’ também já toma conta dos canteiros, em preparação para o ciclo 2025/26. É um cenário comum em muitas áreas de Venâncio Aires, nesse início de maio.

Com a expectativa de já levar o tabaco para as lavouras ainda neste mês, produtores lidam, nas últimas semanas, com aquele trabalho minucioso e delicado que as mudinhas exigem, e que vão representar, para a grande maioria, a principal fonte de renda da família. O período do plantio mais cedo ainda gera certo estranhamento para alguns, mas fato é que, nos últimos anos, a antecipação do transplante virou rotina em diferentes localidades. O motivo passa, por exemplo, pela preocupação com o calor excessivo nos meses mais quentes, durante a colheita.

Em Vila Arlindo, a família Baierle semeou 30 mil mudas do chamado ‘fumo do cedo’, com variedades mais resistentes ao frio, e deve levá-las para a lavoura entre o fim de maio e início de junho. “Será o terceiro ano que plantamos parte mais cedo. Para nós é uma experiência que vem dando certo. Outros 22 mil pés vamos plantar entre o fim de junho e início de julho”, conta Daniel Baierle, 50 anos.

Plantar pouco e cuidar bem

Para dar conta dos 52 mil pés, Daniel Baierle, a esposa Márcia, 46 anos, e o filho Leonardo, 19, também contam com ajuda de um diarista e troca de serviço com parentes próximos que também são fumicultores. A família tem mantido essa média nos últimos 10 anos e não cogita plantar mais.

“Acho que em propriedades menores, mesmo que se planta pouco, cuidando bem vai dar uma boa produtividade. Nós conseguimos manter bem, investindo em calcário, em adubo orgânico e fazendo rotação de cultura, parte com aveia e parte com milho. E moramos numa localidade onde a terra é boa e isso ajuda muito”, observa o agricultor. Pegando de parâmetro a safra 2024/25, Daniel Baierle acredita que alcance 15 arrobas por mil pés. O número é bem acima da média geral das últimas safras de tabaco, que ficaram em cerca de 10 arrobas por mil pés para boa parte dos produtores.

Tabaco seco ainda no galpão

Na última semana, a Folha do Mate divulgou matéria destacando que das 696,4 mil toneladas de tabaco estimadas pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) para a safra 2024/25 nos três estados do Sul, 354 mil toneladas tinham sido comercializadas até o dia 19 de abril, ou seja, 50,9% do previsto. Já no dia 26, o número aumentou um pouco e chegou a 57%. Ainda assim, o percentual é bem menor do que o registrado na mesma época do ano passado, quando já era de 96,5%. Segundo o setor de Pesquisa e Estatística do Departamento Técnico do Sistema Mutualista da Afubra, as razões desse atraso em relação à safra anterior passam pelo novo formato de compra para esta safra no Rio Grande do Sul. Pela primeira vez, a classificação do tabaco ocorre diretamente nas propriedades, em vez de ser nas indústrias, como era feito até então.

Família Baierle vendeu as primeiras arrobas de tabaco somente na terça, 29 de abril (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Além disso, a entidade confirma que muitos produtores estão ‘segurando’ tabaco nos galpões, à espera de maior valorização por parte das indústrias. “A comercialização está um pouco atrasada, porque é uma safra maior, com mais tabaco. Tem essa nova prática de classificação e, como nos anos anteriores houve uma valorização, os produtores também têm agora a expectativa de um preço melhor”, considera o presidente da Afubra, Marcilio Drescher.

Satisfeito

Essa situação se confirmou, por exemplo, na família Baierle, em Vila Arlindo, que vendeu as primeiras arrobas somente na última terça-feira, 29. Em 2024, na mesma data, já tinha vendido toda a colheita. “Hoje, a classe do BO1 está em R$ 342 a arroba. Ano passado chegou a R$ 385 por tudo, independente da classe. Na média geral, talvez vamos chegar a R$ 310, sendo que minha expectativa era pelo menos R$ 350”, destaca Daniel Baierle.

Ainda que o preço não alcance o que ele esperava, o agricultor se diz satisfeito com a produção. “Temos tido boas colheitas, com um fumo bonito, de qualidade e com produtividade. E do que estamos vendo nos canteiros e preparando a terra, acredito que teremos novamente uma boa safra.”

2,3 toneladas/hectare – é a estimativa de produção em Venâncio na safra 2025/26, numa área entre 8,8 mil hectares, conforme informações da Emater.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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