Queimador a pellets já é usado em estufas de tabaco de Venâncio

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Em muitas propriedades no interior de Venâncio Aires, onde produtores têm adiantado o plantio do tabaco para fugir do calor na hora da colheita, também é natural a antecipação do processo de secagem. Com isso, o mês de outubro também já virou um período de fornadas ‘a todo vapor’, como ocorre na casa da família Fagundes, na localidade de Estância São José, distrito de Vila Estância Nova.

Lá, nesta safra, a cura das folhas tem uma novidade em uma das estufas: em vez de ser abastecida com lenha, há um queimador a pellets, que gera uma energia sustentável e que deixa menos resíduo. Astor Fagundes, 37 anos, decidiu comprar o equipamento neste ano, após ter feito testes na safra passada. O queimador foi instalado junto à estufa de carga contínua, composta por compartimentos menores, onde o tabaco seca em grampos.

O equipamento tem capacidade para 160 quilos de pellets (está usando o de pinus), os quais mantêm a estufa trabalhando a 150 graus por 16 horas. Segundo o agricultor, se fosse usar lenha, precisaria reabastecer cerca de oito vezes nesse mesmo intervalo de tempo. Sobre custos, Fagundes diz que, como o valor da lenha costuma variar de um ano para outro, na atual safra o gasto com pellets se aproxima. “Para essas 16 horas dá uns R$ 184 com pellets e uns R$ 175 com lenha. Ano passado, por exemplo, se equiparou. Mas acredito que vai compensar sim, porque com lenha o trabalho é muito maior.”

Agricultor diz que queimador está funcionando muito bem no processo de secagem (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

O agricultor explica que, geralmente em março, já precisa comprar lenha, empilhar e dar o tempo para ela secar. Depois, tem toda a mão de obra de levar para as fornalhas e continuar abastecendo os fornos durante as madrugadas. “Com os pellets, deixa bem menos resíduo, não tem fumaça e contribui para a durabilidade da fornalha, porque só entra o calor e não o peso da lenha, que pode ir danificando a estrutura. Ano passado testei e gostei, então nesse ano decidi comprar. Também é um equipamento automático, simples de ligar e só precisar limpar a grelha a cada 15 dias. Está funcionando muito bem.”

Na atual safra, a família Fagundes plantou 154 mil pés de tabaco e, além da estufa contínua, mais três fornos convencionais são usados para a secagem das folhas.

Fertirrigação

O queimador a pellets ainda é algo novo em propriedades de tabaco de Venâncio Aires, mas, no caso dos moradores de Estância São José, inovar pode ser considerada uma prática comum. No ano passado, Astor Fagundes investiu na fertirrigação de parte da lavoura, uma técnica de adubação que utiliza a água para levar nutrientes ao solo cultivado. O sistema é costumeiro no cultivo de hortaliças e de morango, por exemplo.

O queimador

O queimador que Astor Fagundes decidiu comprar é o BioQueima, um produto venâncio-airense e lançado oficialmente pela Multmec em 2023. O equipamento, inclusive, ficou em primeiro lugar na 8ª edição do Prêmio Afubra/Nimeq (Concurso de Inovação Tecnológica em Máquinas Agrícolas para Agricultura Familiar), durante a 21ª Expoagro Afubra.

Segundo o coordenador do projeto na Multmec, o engenheiro mecânico Itor da Rosa Junior, desde o lançamento oficial, a empresa tem produzido em escala, com cerca de três lotes por mês – 60 queimadores em cada lote. Para isso, foi necessário contratar mais mão de obra e comprar maquinário automatizado.Ainda conforme o engenheiro mecânico, foram desenvolvidos três modelos do produto: de 50, 100 e 200 quilowatts, tanto para pellets de pinus quanto para de eucalipto. O preço de mercado varia entre R$ 16 mil e R$ 30 mil. Os itens já foram comercializados ou estão em testes em diversos municípios gaúchos e de Santa Catarina.

Atualmente, o BioQueima também está em fase de testes com outros produtores de tabaco de Venâncio Aires, através da parceria com tabacaleiras, uma delas a CTA. Para parte desses testes, são utilizados pellets da Haas Madeiras, outra empresa venâncio-airense. Além do tabaco, os queimadores já são usados, por exemplo, em hotéis, fundições, padarias, aviários, queijarias, vulcanizadora de pneus e estufas de pintura.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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