Safra de pinhão é afetada pela estiagem

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Por Ana Carolina Becker e Rosana Wessling 

A estiagem afetou o desenvolvimento da pinha, logo, encontrar pinhões é um desafio nesta safra, que iniciou em março e se estende até agosto. Devido à falta de chuva e também de clima favorável para polinização, muitos produtores da região serrana de Venâncio Aires registram uma quebra de mais de 50% na safra. Na comparação com os anos de safra normal de pinhão, a produção caiu de 16 para 7,5 toneladas.

Um dos maiores produtores de pinhão de Venâncio Aires, Alexandre Winck, 48 anos, morador de Linha Cachoeira, sente os reflexos deixados pela escassez da chuva na produção deste ano. Ele lamenta que as mais de cem araucárias tenham produzido apenas 800 quilos, volume que já foi praticamente todo comercializado. Conforme o produtor, a pinha não se desenvolveu de maneira uniforme nesta safra. “A pinha estava com várias falhas e muitas sem nada dentro”, acrescenta.

Fatores

De acordo com o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, a queda na produção de pinhão envolve diversos fatores. “Há dois anos tivemos chuvas excessivas na época de polinização. Como a araucária precisa de dois a três anos para produzir o pinhão final, vamos sentir reflexos por, no mínimo, três safras. Já estamos na segunda”, afirma Fin.

Em Venâncio Aires, conforme a Emater, são 15,5 hectares de ocupação das araucárias e seis variedades naturais. Fin esclarece que diferente do que muitos pensam, uma araucária não demora 40 anos para produzir. “Em 15 anos, ela já sai produzindo pinhão.”

No Rio Grande do Sul, a liberação da colheita e venda ocorre desde o dia 15 de abril, conforme a Portaria Normativa (DC-20) do Ibama, com o intuito de permitir a plena maturação das pinhas e a sua debulha natural, de forma a proteger a reprodução dos pinheiros e garantir a alimentação da fauna, que também auxilia na propagação da espécie, semeando as sementes.

Fin reforça a importância de observar o período certo para a derrubada da pinha. “Ela só deve ocorrer quando a pinha estiver se debulhando. Essa sim, é a melhor condição e o pinhão estará maduro.”

Produtor de pinhão Venâncio Aires
Alexandre Winck colheu uma média de 800 quilos de pinhão nesta safra (Foto: Rosana Wessling/Folha do Mate)

Oferta e demanda

Na propriedade da família Winck, o preço do quilo do pinhão é de R$ 6 nesta safra. No entanto, a meta é elevar o valor para o próximo ano, devido à grande procura. “As pessoas vêm na minha casa para comprar e levar para conhecidos”, salienta. Em Linha Cachoeira, a família se engaja na colheita do pinhão. Enquanto Alexandre trata de escalar aproximadamente 50 metros, a esposa e dois filhos do casal recolhem e fazem o debulhamento.

A safra do pinhão concentra-se no período de abril a junho, porém, devido à maturação das pinhas se dar em épocas diferentes, é possível encontrar pinhão ainda em agosto, proveniente de variedades mais tardias. A colheita é feita de forma manual, através da coleta das sementes diretamente no solo ou pela derrubada das pinhas. O número de produtores com araucárias em produção em Venâncio Aires é 25.

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Pesquisa

O Instituto Federal Sul-Riograndense (IF Sul) Campus Venâncio Aires está realizando uma pesquisa que visa conhecer a percepção dos consumidores do pinhão e, consequentemente, colaborar para a preservação da araucária.

Com base nisso, os estudantes desenvolveram um questionário que objetiva conhecer o perfil do consumidor do pinhão, seus hábitos e percepções. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, portanto, a privacidade dos colaboradores está garantida. O formulário está disponível na página do Facebook do IFSul ou também pode ser acessado pelo link forms.gle/26KbeJs4NY16qW1Y8.

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