Cada vez mais, a tecnologia está inserida nos processos produtivos no campo. Quando se fala em produção de tabaco, ela ainda não substitui a necessidade de pessoas para o manuseio, mas auxilia na praticidade no dia a dia do produtor rural, com equipamentos e alternativas para ‘diminuir a carga’ de esforço na lavoura.
Além disso, a tecnologia contribui para a redução de custos, como é o caso do sistema de energia fotovoltaica. Em Linha Tangerinas, o produtor rural Fernando Lucini, 25 anos, investe constantemente em tecnologia para facilitar o dia a dia de trabalho na propriedade. Junto com o pai, Adelmo Lucini, 58 anos, tem plantado, nos últimos anos, a média de 110 mil pés de tabaco na propriedade da família. A quantidade se mantém devido às dificuldades de mão de obra qualificada para o dia a dia na lavoura.
O investimento em tecnologia é uma das marcas da propriedade. Recentemente, foi feita a instalação de placas solares para abastecer tanto as casas, quanto os fornos e demais equipamentos elétricos utilizados no dia a dia. Há cerca de seis anos, a família conta com dois fornos elétricos para o processo de secagem das folhas de tabaco.
Foram colocadas 24 placas fotovoltaicas que geram 550 kilowatts (kw). “Colocamos uma estrutura para gerar 1,4 mil kilowatts ao mês, sendo que nosso consumo aproximado é de 1,2 mil. Então temos essa potência maior e a possibilidade de colocar mais placas, caso seja necessário”, afirma Fernando. A expectativa é que o sistema solar garanta uma economia de R$ 10 a R$ 12 mil por ano.
O produtor enfatiza que a energia solar é um dos investimentos que traz o retorno imediato, já que a redução do valor da conta de energia elétrica já paga o investimento das placas. “Se não pensarmos a longo prazo e em uma propriedade autossustentável, a tendência é regredir. É preciso enxergar todas as possibilidades”, complementa.
Além da energia solar, a propriedade da família Lucini também conta com sistema de videomonitoramento de segurança, irrigação, implemento de colheita, entre outros. “Comprei uma máquina a bateria para aplicar agrotóxico, com dosador, que facilita muito. É mais caro que a tradicional, mas compensa pela facilidade. É uma questão de mudar a mentalidade”, observa.
O próximo passo é a instalação de um sistema anti-incêndio. Serão dois hidrantes, com uma motobomba para coleta da água do açude. “Isso deveria ser obrigatório. Nós vemos a quantidade de produtor que perde fornos de fumo por ano. É um investimento parecido com seguro, necessário, mas esperamos não precisar usar. É uma segurança”, salienta.
INCENTIVO
O investimento em equipamentos e iniciativas que contribuam tanto nos lucros, quanto no trabalho em si, são uma necessidade, inclusive, para o incentivo de permanecer no meio rural. Fernando comenta que seu pai começou desde cedo a estimulá-lo para fazer a sucessão na propriedade. Ele começou a fazer um curso no ramo industrial, mas não era o que queria. Foi então que o pai sugeriu que assumisse a produção de sete mil pés de tabaco e, com o tempo, foi aumentando. “Eu com 25 anos construí minha casa e tudo que eu tenho é pela produção de tabaco. Dá dinheiro, sim. Mas é preciso trabalhar e fazer as escolhas certas, mudar o processo quando necessário”, defende.
O produtor ressalta que em nenhum ramo é possível evoluir sem o investir em tecnologia. Ele acrescenta que, infelizmente, muitas propriedades menores não conseguem evoluir por não mudar a mentalidade, por não propor mudanças que beneficiem o dia a dia de quem planta e aumentar o lucro das produções.
“Hoje, o pequeno e médio produtor precisam pensar a longo prazo. É preciso fazer escolhas para reduzir os custos e aumentar o lucro, para ter uma propriedade autossustentável.”
FERNANDO LUCINI – Produtor rural

Economia da conta de energia paga investimento das placas
O produtor rural Ermindo José de Moraes, 58 anos, de Linha Canto do Cedro, também investe em tecnologia na propriedade rural. Ele trabalha com a produção de tabaco, que gira em torno de 60 mil pés ao ano. Além disso, produz soja, milho e gado em escalas menores.
Há um ano, o produtor investiu em energia solar, com uma estrutura que gera cerca de 12 mil kilowatts ao ano. A economia com a estrutura é de cerca de R$ 1 mil ao mês. Atualmente, Moraes paga somente a taxa. “A parcela do financiamento é mais barata do que eu pagaria na conta de energia se não tivesse feito”, observa.
Há pelo menos oito anos, ele também investiu em um forno elétrico para a secagem das folhas de tabaco. A busca pela inovação na produção sempre foi algo que o produtor priorizou, algo necessário para se manter na profissão. “Hoje trabalhamos muito em cima de produtividade, é preciso uma quantia maior e a tecnologia auxilia nisso. Tudo é custo”, analisa. Ele também cita a dificuldade de mão de obra, o que inviabiliza um aumento significativo na produção.
SUCESSÃO
Um problema enfrentado pelo município ao pensar no futuro das lavouras de tabaco é a sucessão familiar. O produtor acredita que, daqui a 20 anos, Venâncio deve produzir a metade do que atualmente. “Não tem mão de obra. Os produtores de hoje já têm mais de 50 anos e a maioria das propriedades não tem sucessão”, destaca. Na família de Moraes, inclusive, o trabalho é feito por ele e a esposa, Merlane, já que as filhas seguiram outros rumos.
Ele cita que a necessidade de mão de obra é uma das particularidades da produção de tabaco, já que, por mais que se tenha tecnologia em alguns processos, como na colheita, por exemplo, não deixa de ser necessária a presença de uma pessoa para colher as folhas.
