Embora a área de milho tenha diminuído nos últimos anos (cerca de 3 mil hectares substituídos pela soja), ainda assim são cerca de 10 mil hectares de milho grão em Venâncio Aires e outros 4 mil hectares para silagem. Esse plantio, considerando um ciclo sem estiagem, garante ao município uma média de 112,5 sacos por hectare, o equivalente a 6,75 toneladas – produção maior que a média nacional, que foi de 105,5 sacos por hectare em 2023.

Um dos maiores produtores de grãos de Venâncio, Ivo Bencke, por exemplo, fez uma média de 130 sacos em 2023 e acredita que poderia ter sido maior, se não fosse a seca. “O clima é o principal, tudo depende dele, então vamos procurando formas de tentar melhorar a produtividade.” Bencke chama atenção para a necessidade de corrigir o solo, com aplicação de calcário, gesso e fósforo, além de manter a rotação de cultura (no caso dele, reveza com soja). Anos atrás, o produtor chegou a superar a marca de 200 sacos por hectare, média que, devido à estiagem dos últimos ciclos, não foi mais atingida.
O chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, comenta que há alguns anos Venâncio Aires figurou como terceiro maior produtor de milho do estado e hoje está entre os cinco primeiros. Fica atrás de São Lourenço do Sul, São Luiz Gonzaga, Canguçu e Palmeira das Missões. “Ainda assim, a média de Venâncio é alta e, se considerasse só o milho safra, seria ainda maior. Temos terras corrigidas, palhada de cobertura e plantio com boa adubação”, destaca Fin.
Chuva
Ivo Bencke mantém lavouras de milho em Linha Isabel, onde mora, e arrenda áreas em Linhas 17 de Junho, Arroio Grande, Antão e Marechal Floriano. Com o milho pronto para a colheita, dessa vez, projeta uma safra menor. Mas, diferente do ano passado, agora a chuva é a principal vilã. “Deve dar uma média de 90 sacos, uma quebra de 30% na produtividade.” Segundo ele, com dias seguidos de chuva e a falta de sol no segundo semestre do ano passado, as lavouras sofreram com doenças causadas por fungos, além da falta de polinização na época da floração. “A cigarrinha também é uma das pragas mais problemáticas e veio quando o milho recém tinha nascido.”
Ivo Bencke também comenta sobre a importância do melhoramento genético. “O ideal seria ter uma semente que tivesse precocidade, com um ciclo de maturação mais rápido, produtividade e resistência. Mas nenhuma semente tem tudo isso junto”, explica.

538 – é o número de famílias produtoras comerciais de milho em Venâncio Aires.
Recordes
• No fim de 2023, o agricultor dos Estados Unidos, David Hula, do estado da Virgínia, quebrou o recorde mundial de produtividade de milho. Colheu 651,7 sacas por hectare, superando seu próprio recorde anterior, de 644,6 sacas por hectare, alcançado em 2019.
• No Brasil, Valdir Jacoby, do município gaúcho de Selbach, é o recordista em produção de milho irrigado. Colheu 302 sacas por hectare na safra 2021/22. A média no Brasil é de 105 sacas por hectare e, entre os estados, o Mato Grosso tem a maior produtividade, com 120 sacas por hectare.
• Para Ivo Bencke, que já superou a marca de 200 sacas anos atrás, é preciso considerar a particularidade dos locais. No caso dos Estados Unidos, que ele visitou há alguns anos numa viagem com outros produtores gaúchos, ele cita dois fatores. “Estivemos em Illinois e lá, pelo clima, eles conseguem adensar mais os canteiros, sem correr risco de abafar as plantas. Além disso, tem o forte investimento em tecnologias e melhoramento genético.”