Por Letícia Wacholz e Taís Fortes
O aumento de casos de Covid-19, de pessoas com sintomas gripais e até as altas temperaturas registradas nos últimos dias vêm refletindo nos atendimentos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venâncio Aires. A unidade de saúde 24 horas já realizou, nos primeiros 16 dias de 2022, 3.536 atendimentos, o que em uma análise baseada no número de habitantes, representa 5% da população venâncio-airense.
A sobrecarga levou a UPA a registrar o recorde em número de atendimentos desde que foi inaugurada, em 2014. Na última quinta-feira, 13, a equipe realizou 303 atendimentos, ou seja, o dobro da capacidade da unidade, que é de 150 pessoas por dia. Antes disso, o maior número de atendimentos tinha sido registrado em 15 de fevereiro de 2021, uma segunda-feira, véspera de Carnaval. Naquela data, 296 pessoas foram atendidas.
Conforme o superintendente administrativo da UPA, Rodrigo da Silva, historicamente, a segunda-feira é o dia da semana de maior movimento, porém, nas últimas semanas a alta no número de atendimentos vem sendo percebida em mais dias, a exemplo da quinta-feira passada, quando o recorde foi batido.
Na última semana, considerando o período de segunda a sexta-feira, a média de atendimentos ficou em 277 por dia. Deste total, 75% ocorreram entre 7h e 19h. Além disso, metade dos pacientes atendidos na unidade do bairro Cruzeiro registra queixa respiratória. “É um movimento fora do comum. Não são casos graves, mas requerem toda atenção e cuidado, exames, medicação. A equipe com uma sobrecarga, está muito difícil. Mas sabemos que essa situação não é exclusividade de Venâncio, todos os municípios vêm registrando esse aumento por consultas médicas”, explicou o coordenador.
Segundo ele, a nova onda de casos de Covid-19 também já vem refletindo em afastamentos de profissionais, inclusive de médicos. “Precisamos proteger a equipe, pois toda essa demanda e esses afastamentos refletem no atendimento das pessoas”, observa.
A UPA conta com três médicos atuando das 7h às 19h e dois médicos no turno da noite, das 19h às 7h do dia seguinte.
Demanda nesta semana
• Na manhã dessa segunda-feira, 17, o movimento tinha sido intenso na unidade. Por volta das 11h15min, quando a reportagem da Folha contatou a coordenação da UPA, 61 pessoas aguardavam por atendimento. A semana já iniciou com movimento intenso no domingo, 16. Para se ter uma ideia, da meia-noite até as 7h desta segunda-feira, 41 pessoas foram atendidas.
“O grupo está no limite físico e mental em função do alto fluxo, mas continuaremos lutando neste novo momento delicado que estamos passando.”
RODRIGO DA SILVA – Superintendente administrativo da UPA
Prefeitura estuda alternativas para desafogar a UPA
O secretário municipal de Saúde, Tiago Quintana, disse durante entrevista ao programa Terra em Uma Hora, da rádio Terra FM e Folha do Mate, que uma das alternativas para desafogar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cruzeiro é a contratação de médicos para atuarem nos postos de saúde. “Ainda vai passar por uma análise do Controle Interno, mas deve ir para a Câmara de Vereadores nesta semana a contratação emergencial de sete médicos de atenção básica”, relatou.
De acordo com ele, boa parte da sobrecarga da UPA está associada à insuficiência de profissionais na rede de atenção básica. “As pessoas que não conseguem ir no posto vão ir na UPA como alternativa. Isso é inegável”, destacou. Outra possibilidade que está sendo estudada pela Administração Municipal é a terceirização de horas-médicas na atenção básica. O assunto será discutido durante reunião com representantes da Universidade do Vale do Taquari (Univates) hoje.
Além disso, Quintana mencionou que já fez contato, na semana passada, com a gestão técnica e administrativa do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) buscando uma parceria da casa de saúde no atendimento de casos menos graves junto ao Pronto Atendimento (PA).
“O diretor técnico foi sensível a nossa reivindicação e está analisando. Eu disse para ele que seria algo momentâneo, pois nos próximos meses teremos mais médicos na rede, por meio de contratação, ou da terceirização de hora-médica. Nós não queremos desvirtuar o caráter de emergência e urgência do hospital, mas nesse momento nós precisamos dessa ajuda”, salientou.