Há mais de três meses Venâncio Aires vive uma rotina diferente em relação aos cuidados com a saúde por causa da pandemia do novo coronavírus. Por essa razão, desde que as primeiras pessoas começaram a apresentar sintomas suspeitos de Covid-19, a Secretaria Municipal de Saúde e outros estabelecimentos da área passaram a empenhar esforços na realização de testes para diagnosticar a doença. Conforme dados divulgados pelo Município, até a segunda-feira, 15, 1.023 exames para diagnóstico da doença já haviam sido realizados na Capital Nacional do Chimarrão. Esse percentual demonstra que 1,44% da população venâncio-airense já foi testada para o novo coronavírus.
Em Venâncio, a Secretaria Municipal de Saúde realiza dois tipos de exames. Segundo a enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, os testes rápidos são realizados em pessoas que tiveram um quadro de síndrome gripal. Para isso, o caso desse paciente precisa ser notificado no sistema do eSUS-VE. Isso acontece depois que ele passa por atendimento em consultórios privados, no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou em algum posto de saúde.
Além disso, pessoas que apresentam sintomas gripais e receberam orientações por meio do telefone da Vigilância Epidemiológica [(51) 99799-657] e do número de teleatendimento disponibilizado pela Prefeitura [0800-8858419] também podem ser notificados nesse sistema. Carla relata que a partir dessa notificação o paciente passa a ser monitorado pela equipe da Secretaria de Saúde e no 14º dia após o início dos sintomas profissionais entram em contato com ele para que o exame possa ser feito. A realização do teste não acontece por demanda espontânea. “É um tempo mais fidedigno para aparecer o resultado”, observa. Os familiares da pessoa que realizou o teste, só fazem o exame se também apresentarem sintomas de síndrome gripal.
Postos de saúde
De acordo com a enfermeira, os testes rápidos estão disponíveis em quase todos os postos de saúde localizados na cidade. Para que o exame seja feito, a equipe da Secretaria de Saúde agenda um horário para que o paciente se desloque até a unidade. Em cada uma delas, foi criado um espaço exclusivo para atender essas pessoas.
“Esse teste não é para ser realizado enquanto o paciente está com sintomas, porque ele é um exame que capta o anticorpo, a defesa do corpo, criada quando o corpo está em luta contra o vírus. Por isso, esse não é um teste para auxílio no tratamento. Ele é feito apenas para descobrir que a pessoa teve, é mais para fins epidemiológicos”, informa. Ainda, segundo Carla, os testes rápidos também podem ser feitos no Centro de Atendimento de Doenças Infecto-Contagiosas (Cadi). Contudo, no Centro de Atendimento Respiratório, instalado junto ao Pavilhão de Eventos São Sebastião Mártir, não são feitos testes.
Conforme o secretário municipal de Saúde, Ramon Schwengber, a Prefeitura já adquiriu 150 testes rápidos para diagnóstico da Covid-19, além de 1,5 mil comprados a partir do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) que devem chegar ao município nos próximos dias. Até o fim de maio, o Município também tinha recebido 2.140 testes do Estado.
Para Schwengber, a compra dos 150 testes iniciais foi de fundamental importância no começo da pandemia. “Já estava começando o surto das empresas de Lajeado e havia uma dificuldade muito grande de conseguir testes a pronta-entrega. Com esta aquisição conseguimos fazer uma busca ativa dos casos e com isto reforçar as medidas de controle”, destaca.
Lacen
O exame RT-PCR realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) é usado para o diagnóstico da Covid-19. De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, esse tipo de teste é feito em pacientes que internaram no HSSM com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). “Se o médico achar que ele está com sintomas compatíveis com os da Covid-19 vai solicitar a coleta”, relata.
No entanto, segundo Carla, há algumas exceções nas quais o exame de PCR é realizado em outras pessoas e a coleta pode até ser feita pela equipe de saúde na casa do paciente. Conforme nota técnica do Centro de Operações de Emergências do Rio Grande do Sul (COE-RS), fazem parte desses grupos pessoas com mais de 50 anos, gestantes, profissionais de estabelecimentos de saúde, profissionais da segurança pública, trabalhadores da assistência social, população quilombola e indígena e profissionais que atuam em veículos de transporte de carga ou transporte coletivo. Caso algum paciente que integra estes grupos apresente sintomas que se enquadrem nos da Covid, a equipe de saúde, a partir do pedido feito pelo médico, contata a pessoa para ir até a residência dela realizar a coleta do material.
Teste rápido x PCR
De acordo com a enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, como o teste rápido detecta o anticorpo, a indicação é que ele seja feito a partir do décimo dia em que a pessoa começou a apresentar sintomas. Como a criação dessa defesa muda em cada organismo, em Venâncio Aires se adotou o protocolo de realizar o teste rápido quando o paciente estiver no 14º dia após o início dos sintomas. Já para o RT-PCR, a orientação é que a coleta seja feita até o sétimo dia a partir do começo dos sintomas.
Covid x dengue
Segundo Carla, a dengue e a Covid-19 têm sintomas semelhantes. Ela explica que primeiro o paciente é testado para a doença mais condizente com o conjunto de sinais e sintomas. Além disso, é levado em consideração o território. “Muitas vezes, acabamos testando dengue, que na maioria acaba positivando, quando o resultado é negativo é que testamos Covid.”
Laboratórios privados também realizam testes
A rede de laboratórios privada do município também realiza testes para o diagnóstico da Covid-19. Conforme levantamento feito pela reportagem da Folha do Mate, nestes locais a população encontra diversos tipos de exames: RT PCR; sorológico para pesquisa de anticorpos; sorológico, conhecido como teste rápido; exame que usa a técnica de quimioluminescência [semelhante ao teste rápido, mas é mais sensível que ele]; e o teste com anticorpo total [para saber se o paciente teve contato com o vírus].
De acordo com a pesquisa que ouviu quatro laboratórios privados do município, os valores dos exames variam entre R$ 100 e R$ 330. O custo mais baixo encontrado pelo exame PCR, por exemplo, foi R$ 280 e o mais alto R$ R$ 330. O preço varia conforme o tipo de testagem escolhida pelo paciente. Além disso, segundo informações repassadas pelos estabelecimentos, para realizar o teste não é necessário ter requisição médica, com exceção de dois laboratórios que pedem para o paciente este documento no caso do exame PCR feito por meio de convênio.
Contudo, a orientação dos laboratórios é que antes de ir até o local fazer a coleta, a pessoa entre em contato para agendar o atendimento. Neste momento, a equipe também orientará sobre valores e sobre qual é o tipo ideal de exame para ser realizado. Conforme o levantamento, o resultado do teste sorológico é entregue para o paciente, normalmente, no mesmo dia. Já o do PCR demora cerca de cinco dias.
Em um dos locais consultados, o pico de procura pela realização dos exames aconteceu em abril e maio e no início deste mês começou a acontecer uma redução. Em outro estabelecimento, a procura continua constante e são realizados testes semanalmente, contudo, desde segunda-feira começou uma queda na busca pelo exame. Um dos laboratórios ouvidos também relatou que nos últimos quatro dias foi possível perceber aumento da demanda e todos os dias estão sendo feitas testagens. Ligações para pedir orientações e consultar valores também são constantes nesses laboratórios.