Mais de 40 venâncio-airenses perderam a vida pela Covid em março

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Por Juliana Bencke e Taiane Kussler

Março é o mês com maior número de mortes por Covid-19 em Venâncio Aires, desde o início da pandemia, há quase um ano. Até a sexta-feira, 44 venâncio-airenses haviam perdido a vida em decorrência da doença. Desde o início do ano, foram 60 óbitos, o correspondente a 65% das 92 mortes registradas desde o ano passado.

O pico de mortes coincide com o momento de maior colapso do sistema de saúde, com a superlotação do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), no último mês. Nas últimas três semanas, a média semanal ficou em 13 mortes. Com os dados contabilizados até ontem, esta é a semana com menor número de óbitos do mês, conforme mostra o gráfico elaborado a partir de dados levantados pela Folha do Mate. Ontem, duas mulheres perderam a vida em decorrência do coronavírus: uma com 64 anos, com comorbidades, e uma de 31 anos, sem comorbidades – a vítima mais jovem da doença, em Venâncio.
Além da redução na faixa etária das vítimas – com muitas mortes registradas na faixa dos 30 e 40 anos -, o fato de pessoas sem comorbidades falecerem após contraírem o vírus tem ficado evidente.

Professora Mara

O dia 16 de março vai ficar marcado para sempre na memória da família Seeger. Assim como outras pessoas, que tiveram a vida interrompida pela Covid-19, a professora de português/inglês Mara Lucia Weis Seeger, 63 anos, também entrou para as estatísticas. Conhecida por ser professora, Mara atuou por 29 anos na profissão e há cinco anos já estava aposentada. “Ela era uma pessoa adorada por todos. Onde nós íamos ela encontrava parte de seus alunos e era perceptível o carinho e o reconhecimento que todos tinham por ela”, afirma o filho de Mara, Alexandre Weis Seeger, 30 anos.

Quando não estava em sala de aula, Mara tinha como hábito ler livros, assistir a filmes e séries e participar de grupos de oração. Além disso, o contato com os animais e o tradicional chimarrão também faziam parte do seu dia a dia. “Ela adorava tomar o chimarrão dela sentada no pátio com os nossos cachorros, à tardinha”, recorda o filho.

Diagnóstico

Mara começou a sentir dor de cabeça e tosse no dia 25 de fevereiro. Após os primeiros sintomas, fez o teste da Covid-19 que acusou falso negativo. Apesar do resultado, a médica responsável pelo tratamento, solicitou uma tomografia dos pulmões, que não acusou nenhum comprometimento. Mesmo assim, Mara começou a tratar a doença com medicação. No dia 5 de março, o quadro se agravou e ela teve que ser hospitalizada. “Minha mãe fez uma nova tomografia e acusou que os pulmões já estavam com 50% de comprometimento com pneumonia. Neste dia, ela hospitalizou e repetiu o teste de Covid, foi quando positivou”, conta Alexandre.Mara foi internada no setor Covid de 5 a 13 de março, quando foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), onde permaneceu até o dia 16, data do falecimento.

“Cada ligação do hospital que eu recebia gelava a espinha”, recorda o filho

Alexandre Seeger avalia a situação como um misto de agonia, tristeza e esperança. “Os primeiros dias até que foram mais tranquilos, eu conseguia me comunicar diretamente com ela, a gente conversava pelo WhatsApp. Mas, depois, quando o quadro começou a agravar, foi mais difícil. Contudo, nunca perdemos a fé e fizemos uma corrente de oração, mas cada ligação do hospital que eu recebia no meu celular gelava a espinha”, confessa o Seeger.
Depois de ter passado por esta situação de angústia com a perda da mãe, Seeger aproveita para fazer um apelo às pessoas. “Além das orientações das autoridades e das recomendações médicas, observo que algumas pessoas ainda não perceberam a gravidade desta doença. Basta sairmos na rua para ver a quantidade de gente aglomerada em locais inadequados. Embora estejam fazendo uso do seu equipamento de proteção (que nem sempre é usado de forma correta), esse tipo de atitude acaba proliferando o vírus cada vez mais. Só quem passou por uma situação de perda como a nossa família sabe do que estou falando, sem contar que isso acaba refletindo no comércio e na nossa economia”, desabafa.

Trajetória

  1. Mara trabalhou como professora nas escolas da cidade e interior, entre elas, Monte das Tabocas, Colégio Gaspar Silveira Martins, Escola Estadual de Ensino Médio Frida Reckziegel e Colégio Professor José de Oliveira Castilhos.
  2. Mara deixa o filho único Alexandre Seeger e o marido, João Airton Seeger, com quem foi casada por 36 anos.
  3. Alexandre e João também tiveram Covid na mesma época, mas já estão recuperados.
  4. A vítima da Covid não tinha comorbidades.
  5. Ela é natural de Venâncio Aires, mas viveu por muitos anos em Santa Maria. A família é moradora do bairro Centro.

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