Na terça-feira, 1º, foi lembrado o Dia Mundial de Combate à Aids (doença crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico). Em função desta data, o mês é conhecido como dezembro vermelho, com o intuito de aumentar a conscientização da população para a prevenção da doença e informar sobre os tratamentos.
Em Venâncio Aires, neste ano, conforme dados do Centro de Doenças Infecciosas (Cadi), já foram registrados 18 novos casos da doença, somando ao todo 350 pacientes em tratamento. Contudo, desde que o centro começou atuar, 483 pessoas já positivaram para a doença.
Por conta da pandemia, o Cadi não terá ação extra de prevenção neste mês. Conforme a enfermeira e coordenadora do Cadi, Solange Sehn, em anos anteriores o centro fazia distribuição de preservativos e fôlderes no centro do município. “Temos que evitar o contato por conta do coronavírus, então não fizemos nem panfletos”, conta. Ela também explica que ano passado foram mais de 30 casos, porém como reflexo da pandemia, a procura pelo exame diminuiu, pois percebe-se que as pessoas estão evitando ir às unidades de saúde sem extrema necessidade.
Mesmo sem uma ação específica, a profissional ressalta que as unidades de saúde oferecem preservativos masculinos e femininos durante o ano inteiro. “O preservativo é o único modo de evitar contágio de doenças sexualmente transmissíveis. A Aids não vai ser evitada com anticoncepcional ou outro método contraceptivo, que não seja o preservativo”, esclarece.
DIAGNÓSTICO
Solange afirma que a doença pode ser controlada se descoberta cedo, por isso, sempre que as pessoas tiverem relação sexual sem preservativo e terem alguma desconfiança devem realizar o exame. Se tratada cedo, a Aids pode ter a carga viral controlada e não ser transmissível. Contudo, a enfermeira alerta que ainda há registros de morte pela doença. “No ano passado tivemos uma paciente que foi em diversos médicos pois estava ruim, com febre e se sentindo mal. Fez o teste e descobriu ter Aids, internou e foi a óbito, pois descobriu tarde e não teve tempo de tratar”, lamenta Solange.
DISCRIMINAÇÃO
Sobre o preconceito da doença, ela diz que as pessoas ainda ficam em choque quando descobrem. Ela lamenta que exista uma cultura de discriminação contra quem tem Aids, mesmo que existam outras doenças, como Hepatite B, que também são transmitidas da mesma foram e não sofrem tanto preconceito. “Quando a pessoa faz o teste e dá positivo ela fica em choque, tem medo de outras pessoas saberem e se sente mal. Mas não devemos ter essa reação e nem julgar ou discriminar a pessoa, por isso precisamos entender mais sobre o assunto e falar mais disso.”
Sintomas
Solange explica que uma pessoa portadora de Aids pode não ter sintomas no início. Porém, a doença pode causar febre, dor de garganta, emagrecimento, fadiga e dores no corpo. “É possível ter uma síndrome gripal no início e não dar bola. Depois de alguns anos, com a imunidade ficando cada vez mais baixa, ela vai procurar ajuda médica e descobre que tem a doença. Por isso, em casos que não há desconfiança após uma relação sexual, é difícil de descobrir”, observa.
- Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município oferecem o teste rápido de Aids, basta ir com um documento até o local e solicitar. O exame fica pronto em cerca de 15 minutos e é gratuito.
SAIBA MAIS
- A Aids é transmitida através do sangue, esperma, secreção dos órgãos genitais e leite materno, se entrar pela corrente sanguínea. Por isso, se o esperma de quem está contaminado tiver contato com o sangue de outra pessoa, ela poderá ser contaminada também.
- A Aids baixa a imunidade e abre caminho para outras doenças. Pode causar febres, emagrecimento, fadiga, dores no corpo e fraqueza.
- Uma pessoa que trata a doença desde o início, pode deixar a cargar viral controlada e não transmitir o vírus.
- A pessoa com Aids faz o tratamento contínuo do Coquetel – diversos remédios que ajudam a controlar os sintomas e a carga viral.
- De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, em 2019, o estado se manteve em terceiro lugar no ranking nacional de casos de Aids, com 28,3 casos para 100 mil habitantes, tendo reduzido 34,6% nos últimos 10 anos.
Pesquisa estuda comportamento da população gaúcha
Entender o que a população conhece e como se comporta com relação a Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e ao HIV-Aids é o objetivo da Pesquisa de Conhecimentos Atitudes e Práticas (PCAP), que iniciou segunda-feira, 30 de novembro, em 56 município gaúchos. Na região, a pesquisa será feita em Lajeado, Santa Cruz do Sul e Vale Verde.
A previsão de término é no final do primeiro semestre de 2021, com divulgação dos resultados no segundo semestre de 2021. Será uma pesquisa de base populacional, que servirá para planos de novas ações no combate e controle das ISTs e Aids.
A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma parceria entre o Hospital Moinhos de Vento, Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde (SES), com recursos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).