Para a médica infectologista Sandra Knudsen, transcorrido quase meio ano em que a sociedade convive com a Covid-19, agora, já se sabe como o vírus se comporta e evolui – o que contribui para acompanhar os pacientes de forma adequada. “Hoje, já temos uma visão bem mais clara de como funciona a doença. Sabendo como o vírus se comporta e evolui, fica bem mais fácil e tranquilo a gente acompanhar esses pacientes de forma adequada”, comenta.
De acordo com ela, atualmente, o foco é identificar os pacientes com pneumonia viral, nos quais o coronavírus evolui em uma fase de acometimento dos pulmões, que pode ser leve, moderada e grave.
“Num extremo, temos os pacientes que tem poucos sintomas ou nenhum, e os que têm sintomas, mas o quadro não evolui. No outro extremo, estão os pacientes com pneumonia. Quando ela é moderada ou grave, é preciso internar, pois os pacientes podem precisar oxigênio suplementar”, detalha a médica.
COMORBIDADES
Outro aspecto destacado por Sandra é que os pacientes com comorbidades têm risco aumentado de evolução da doença, de necessitar ventilação mecânica e precisarem internar na UTI, e, inclusive, maior risco de ir a óbito. Além da idade superior a 60 anos, entre as comorbidades, estão doenças crônicas do coração, renais, pulmonares e neurológicas; diabetes e obesidade.
“Os 12 óbitos que tivemos em Venâncio tinham comorbidades. Muitas vezes, mais do que uma doença, assim como praticamente todos os que precisaram de UTI. Isso confirma que o risco de morte é muito maior para pacientes com comorbidades”, alerta a médica.
Ela observa que, por conta disso, é fundamental focar, ainda mais, nesse grupo de risco. “Temos que proteger familiares de mais idade e com doenças crônicas. É responsabilidade da família se proteger, não só por si, mas para não levar o vírus para dentro de casa. Se essas pessoas pegarem o vírus, a chance de fazer um quadro mais grave e de ir a óbito é muito maior.”
“Os 12 óbitos que ocorreram em Venâncio Aires foram todos de pessoas com muitas comorbidades, como doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas, diabetes e câncer. Isso influencia demais na doença.”
SANDRA KNUDSEN
Médica infectologista