Os primeiros quatro casos de coronavírus foram confirmados nesta semana no Rio Grande do Sul. Dois deles, a 120 quilômetros de Venâncio Aires, em Porto Alegre. A Capital do Chimarrão não tem nenhum caso suspeito até o momento, porém, a procura por álcool gel e máscaras, que aumentou nos últimos dias, indica que a comunidade está atenta e tomando medidas de prevenção.
Segundo a gestora de uma farmácia da área central do município, Fernanda Roshler, 32 anos, “se antes eu vendia um por dia, agora vendo dez”, compara, referindo-se à busca pelo álcool gel.
Segundo ela, na semana passada o estoque ficou ‘zerado’ por alguns dias. A busca por máscaras cirúrgicas também existe, mas em menor escala. Conforme ela, chama a atenção que a preocupação é de toda a comunidade, tanto da cidade, quanto do interior. Fernanda também notou que pessoas que vão sair em viagem estão se precavendo e levando na bagagem o kit com álcool gel e máscaras.
PLANO
Em âmbito de saúde municipal, um plano de contingência está sendo elaborado e deve conter informações para empresas, escolas e outros setores do município. De acordo com a enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, o documento contém medidas de prevenção institucionais e individuais. “Mas isso não impede que cada empresa faça o seu próprio plano de contingência”, pontua. Um primeiro contato com indústrias que recebem estrangeiros foi feito ainda em janeiro para o repasse de informações. Novas reuniões estão marcadas para ocorrer na segunda e terça-feira da próxima semana. A primeira será com representantes de Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs), Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e empresas, e a segunda será com representantes da rede privada de ensino do município e agências de viagens.
Carla Lili explica que os médicos ligados à Associação dos Médicos de Venâncio Aires (Amva) também participaram de uma capacitação, bem como, os profissionais ligados às unidades de saúde. “Foi repassada a orientação de que, no caso de suspeita, esse paciente precisa ficar isolado, principalmente se ele tiver histórico de viagem recente”, complementa.
REFLEXOS
Desde que o coronavírus ‘estourou’, o dólar vem sofrendo reflexos diretos. Ontem, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia – considerada quando o vírus já está espalhado por vários continentes e a transmissão é sustentada entre as pessoas – o dólar comercial estava em R$ 4,75.
O valor da moeda americana tem influências diretas e indiretas, inclusive em Venâncio Aires. Um dos exemplos é o setor do tabaco. As delegações chinesas chegaram a adiara a vinda para o município em função do novo coronavírus. Outro setor que sente os reflexos é o de turismo. Segundo o proprietário de uma agência de viagens da área central, Valmor Heck, mesmo que nenhuma viagem tenha sido cancelada em função do vírus, algumas que seriam organizadas em março tiveram que ser ‘seguradas’. “Percebe-se que a procura aumentou por países que ainda não estão sofrendo com o vírus aqui na América do Sul”, diz. Heck ressalta que outro ponto que complica as viagens ao exterior é o valor do câmbio.
* Colaborou Alvaro Pegoraro
CUIDADOS
TRANSMISSÃO – A transmissão do vírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como: gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
PREVENÇÃO – Lavar as mãos; evitar tocar olhos, boca e nariz; evitar ambientes com aglomeração de pessoas; utilizar álcool gel e máscaras.
*Fonte: Secretaria Estadual de Saúde
Álcool gel é aliado, mas é necessário cuidado
Eficaz na assepsia, o produto não tem contra-indicação, mas para quem utiliza com muita frequência é indicado que sejam tomadas medidas de hidratação da pele. O alerta é importante uma vez que, por causa das constantes notícias de propagação do coronavírus e outras doenças respiratórias, há um uso mais intenso do álcool gel como medida preventiva.
A dica é válida, por exemplo, para os profissionais da saúde ou que tenham contato muito frequente das mãos com outras pessoas. “O álcool gel é utilizado para evitar as contaminações e também é uma forma de higienizar as mãos e braços quando não há condições de lavar. É eficaz na antissepsia. Porém, o uso excessivo, realmente causa ressecamento na pele. Então, as pessoas que estão usando mais devem intensificar o uso de hidratantes. Após a aplicação do álcool gel é preciso esperar porque ele evapora e depois pode ser usado o hidratante adequado e indicado por um dermatologista”, explica a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS (SBD-RS), Taciana Dal’Forno Dini.
Também é importante observar o cuidado nas pessoas que têm a pele mais sensível e que são alérgicas. Nesses casos o melhor é usar álcool gel sem cor ou perfume.