Recorde de casos e mortes por Covid-19 em janeiro

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Embora Venâncio Aires tenha começado a vacinação contra a Covid na terça-feira, 19, os primeiros 20 dias de janeiro não foram só de boas notícias no que se refere ao vírus na Capital do Chimarrão. O 38º óbito em decorrência da doença, registrado na quarta-feira, 20, foi o sexto confirmado só em janeiro deste ano. O número de vítimas no primeiro mês de 2021 é o mesmo registrado em setembro do ano passado, até então o período com mais mortes. Em agosto e dezembro de 2020, foram cinco óbitos registrados – dez no total.

A prova de que a pandemia continua em ritmo acelerado é a elevação no número de casos semanais. No período entre os dias 11 e 17 de janeiro – 40ª semana desde o registro do primeiro caso -, foram 213 pacientes positivados para a doença, o recorde da série histórica. Antes, a 18ª semana, entre 10 e 16 de agosto, com 195 diagnósticos positivos, era a de maior número de confirmações. A semana 41, que se encerra neste domingo, 25, já tem 132 casos confirmados, número que deve se manter, já que a Secretaria de Saúde não costuma fazer atualizações aos sábados e domingos. Os dados destes dias saem nas segundas-feiras.

Sandra Knudsen: “Estamos em um momento crítico da pandemia, de novo”

Folha do Mate – A vacina contra a Covid-19 chegou, mas, ao mesmo tempo, já tivemos seis mortes no mês de janeiro, em apenas 20 dias. O número de casos confirmados também segue elevado. Que análise é possível fazer deste momento?

Sandra Knudsen – Esta abordagem é importante, pois estamos todos muito felizes com a chegada da vacina, é óbvio, mas é bem importante lembrar que estamos em um momento crítico da pandemia, de novo. Alguns falam que a gente corre este risco de uma segunda onda, que até agora eu não consegui caracterizar para nós aqui em Venâncio. Alguns colegas de Manaus dizem que, para eles, está sendo uma segunda onda, então a gente não tem como saber se está vindo pra cá dessa forma, o que teve impacto nesta situação catastrófica que eles estão vivendo lá. Se são mutações do vírus, se tem impacto, se foi porque ele se disseminou mais porque as pessoas relaxaram. O que tem peso maior nesta situação eu não sei, mas o fato é que está acontecendo. A gente tem que ficar de olho muito aberto, sim, pra não vivenciar isso aqui em Venâncio Aires.

O que se pode esperar para os próximos meses no que se refere à evolução da pandemia de coronavírus?

A doença está aqui. Não é porque a vacina chegou que a Covid sumiu. E vai levar tempo, mesmo com as vacinas chegando em um ritmo bom, até a gente ter toda a população imunizada, até este vírus parar de circular. Não podemos nos iludir, pois temos meses muito complicados pela frente. É fundamental que as pessoas continuem se cuidando, continuem em alerta, principalmente com as pessoas do seu convívio que têm fatores de risco, que são idosas, que têm doenças crônicas, porque estes óbitos que estão acontecendo são destes grupos de pessoas, que a gente sabe que têm risco alto de mortalidade.

E quais são as orientações para que possamos evitar um cenário desfavorável, principalmente em relação a estas pessoas cujo risco é mais elevado?

Mesmo que a gente atenda estas pessoas, que elas usem medicação, que internem, elas têm um risco maior de adoecer gravemente e vir a morrer em decorrência da Covid. É fundamental permanecermos com o uso de máscaras, principalmente quando estivermos no convívio direto com outras pessoas. Continuem com o uso de álcool gel, evitando aglomerações e, principalmente, pensem muito nos momentos que forem entrar em contato próximo com as pessoas vulneráveis.

A tendência é de que casos e óbitos continuem em elevação?

Estes óbitos ocorridos no mês de janeiro aqui em Venâncio Aires nos entristecem muito. Não é uma situação única nossa, a gente está vendo um aumento de óbitos em cidades vizinhas também. É uma realidade e vai ficar acontecendo se as pessoas não se protegerem. A vacina não vai interromper magicamente, de uma hora pra outra, este risco.

É sempre importante lembrar as pessoas sobre a necessidade de cuidados e prevenção para evitar a contaminação pelo vírus. A que devem atentar pessoas com suspeita ou diagnóstico confirmado no que se refere aos sintomas da Covid-19?

Quem estiver com suspeita ou confirmação de Covid no momento, fique atento no período crítico de risco da doença, que é a segunda semana. Do quinto, sexto ou sétimo até o 14º dia, mais ou menos, é a área de perigo. Esta é uma fase da doença que tem que ficar muito, muito alerta, porque a gente não tem como prever quem vai evoluir para pneumonia, que vai evoluir para a gravidade. O fator etário e as comorbidades são os grupos que temos que ficar atentos, mas esta fase é muito preocupante em termos de a gente ficar atento em como vai ser a evolução do paciente.

E se os sintomas se agravarem neste período?

Aquele paciente com suspeita ou diagnóstico confirmado que chega ao final da primeira semana muito ruim ainda, com febre ou surgimento de febre nesta fase, ou um paciente muito prostrado ou que começa a ter mais tosse, desconforto no peito, aperto no peito, é uma fase que tem que abrir o olho. Esse paciente tem que ir verificar a saturação. A gente está tentando junto com a Secretaria de Saúde expandir esse cuidado para essa fase da doença na população em geral. O ideal é que todos tivessem acesso à verificação de oxigenação nesta fase, pois é um dado, um parâmetro muito importante para nós médicos e também para os profissionais de saúde, pra gente identificar quem está evoluindo para pneumonia.

Quais são os percentuais ideais e preocupantes de saturação?

O ideal é que todo mundo pudesse ir acompanhando a sua saturação. O importante é manter acima de 95% ou 96%. Abaixo de 94% é preocupante, tem que consultar, tem que fazer exame. O ideal é que fique entre 97% e 98% e, se começar a baixar ali para os 95%, já tem que se antenar e procurar ajuda, fazer exames de tomografia e de sangue, conforme a avaliação do médico que estiver atendendo, pra gente identificar se este paciente não está evoluindo. É muito complicado conseguir trazer de volta, sem internação em UTI e sem risco de óbito, o paciente que chega pra gente no hospital já com a oxigenação muito baixa.

Óbitos por mês

2020
Abril – 3
Maio – 4
Junho – 0
Julho – 1
Agosto – 5
Setembro – 6
Outubro – 4
Novembro – 4
Dezembro – 5

Mortes por Covid em janeiro de 2021

  • 5 de janeiro (33ª morte): Mulher de 75 anos, com doença cardiovascular crônica. Tinha sido internada um dia antes do falecimento.
  • 9 de janeiro (34ª morte): Mulher de 83 anos, com doença cardiovascular crônica e diabetes mellitus.
  • 14 de janeiro (35ª morte): Homem de 74 anos, com pneumonia e doença cardiovascular crônicas. Estava internado desde o dia 1º de janeiro.
  • 15 de janeiro (36ª morte): Mulher de 62 anos, com doença cardiovascular crônica. Faleceu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
  • 16 de janeiro (37ª morte): Homem de 84 anos, com doença cardiovascular e neurológica crônicas. Estava internado desde o dia 14 de janeiro.
  • 20 de janeiro (38ª morte): Mulher de 77 anos, com doença cardiovascular e diabetes mellitus. Estava internada há 35 dias.


Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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