Enquanto vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) para adolescentes permanecem no estoque, casos da doença aumentam, silenciosamente. Principal forma de prevenção contra o aparecimento do câncer de colo de útero, a vacina é uma das seis imunizações voltadas ao público jovem e distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Até o sábado, 26, a mobilização para aplicação das doses é reforçada, durante a Semana de Vacinação do Adolescente. Para se prevenir, é preciso procurar um posto de saúde, com a carteira de vacinação.

Embora não existam estatísticas sobre número de casos de HPV em Venâncio Aies, profissionais da saúde percebem um aumento de casos de verrugas genitais e lesões no colo do útero causados pelo vírus. “Não há um exame para diagnóstico do HPV. Só se descobre quando surge uma verruga. A pessoa pode passar anos sendo portadora do vírus sem acontecer nada”, explica a enfermeira Carla Lili Müller, da Vigilância Epidemiológica e do setor de imunizações do município.
De acordo com ela, as lesões são descobertas em exames citopatológicos do colo do útero – o chamado pré-câncer. “Quando não se faz o exame seguidamente, há mais chance de desenvolver uma lesão maligna”, alerta.
Carla explica que o HPV pode levar anos para se manifestar, mesmo que tenha sido contraído no início da vida sexual, durante a adolescência. “Em geral, até os 25 anos, o corpo combate o vírus, mas, a partir dessa idade, tem mais dificuldade de combatê-lo, o que faz com que a lesão apareça. Por isso, a orientação de realizar o pré-câncer, sem falta, após os 25 anos.”
Prevenção
Voltada a meninas de 9 a 14 anos e a garotos de 11 a 14 anos, a vacina contra o HPV é quadrivalente: previne contra quatro subtipos de vírus, que estão relacionados ao aparecimento de verrugas e a lesões que causam câncer de colo de útero – quarta maior causa de morte entre as brasileiras. “A eficácia da vacina é de quase 100%”, enfatiza Carla.
Segundo a profissional, percebe-se uma resistência de muitas famílias em levar seus filhos para se vacinar, o que faz com que a procura pela imunização fique abaixo do adequado. Entretanto, ela atenta ao fato de que a vacina deve ser aplicada, justamente nessa idade, para garantir a proteção do adolescente antes do início da vida sexual.
O pediatra Vilson Gauer também reforça a importância da vacina. “É uma forma de garantir a prevenção de uma doença muito grave e que é de difícil tratamento. Com a vacinação precoce, quando, no futuro, os jovens iniciarem a vida sexual, estarão protegidos”, explica.
Além do receio dos pais em estimular a sexualidade dos filhos, ao oferecerem a vacinação que protege de um vírus sexualmente transmissível, o médico acredita que a falta de assistência regular aos adolescentes, na rede pública de saúde, dificulta a prevenção do HPV. “Em geral, ele fica descoberto na rede de atenção básica, quando está nessa transição entre o pediatra e o clínico geral. Além disso, percebemos uma preocupação muito grande dos pais com a saúde dos filhos nos primeiros anos de vida, o que vai reduzindo com o passar do tempo.”
Semana de vacinação se estende até sábado
A vacina contra o HPV é disponibilizada em todos os postos de saúde do município com sala de vacinação, das 7h30min às 11h e das 13h às 16h30min. No sábado, 26, os postos Central, Gressler e Caic estarão abertos, das 8h às16h, no Dia D de Vacinação. Além da imunização contra o HPV, todos os adolescentes devem receber as vacinas contra hepatite B, difteria e tétano (dupla adulto), febre amarela, e sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral). Além disso, a imunização contra a meningite é voltada a quem tem 12 ou 13 anos.
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Letícia aproveitou a ampliação do público alvo para se prevenir contra o HPV (Foto: Juliana Bencke) Homens e mulheres com idade entre 15 a 26 anos também podem receber as doses contra o HPV. Na semana passada, o Ministério da Saúde ampliou o público-alvo, com o objetivo de aproveitar as vacinas em estoque nos municípios, já que a procura entre os adolescentes está abaixo do esperado. De acordo com a enfermeira Carla Lili Müller, a previsão é de que as doses para quem tem entre 15 e 26 anos sejam disponibilizadas até o fim de setembro ou enquanto durar o estoque.
A estudante de Psicologia Letícia Wilges, 19 anos, aproveitou a tarde de terça-feira, 22, para se vacinar. “Se prevenir nunca é demais. Todos deveriam fazer, porque assim se evita futuros problemas e gastos com a saúde pública”, entende. “Informação se tem. Muitas vezes, o que falta é interesse”, acredita.