Venezuelanos buscam ajuda para reconstruir a vida

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Uma família de sete imigrantes vindos da Venezuela está residindo no centro de Mato Leitão e busca auxílio para se manter. Omar Lopez, 48 anos, Yndira Vizcaino, 44, e Paola Rodriguez, 21, chegaram ao Brasil há cerca de quatro anos e estão na cidade há dois anos e dois meses. Os demais quatro vieram recentemente, há menos de um mês: o filho Maikool Rodriguez, a nora Cosmerly Reyes e a neta Melanie Rodriguez, e o amigo da família, Yoanny Agreda.

O patriarca, Omar Lopez, conta que foi necessário vender alguns bens para trazer o restante da família. “Tivemos que vender algumas coisas para poder completar o dinheiro para o avião e trazê. Cerca de R$ 6 mil para as quatro pessoas. ”Na Venezuela, Lopez era empresário de uma microempresa de telecomunicações, Indira era advogada e Paola estudava engenharia industrial, contudo, a realidade do país se tornou insuportável. “Tínhamos casa, carro. Tudo funcionava normalmente, saúde, educação. Mas após entrar o socialismo a situação começou a ficar ruim. Agora tem um venezuelano em cada país do mundo, principalmente em busca de oportunidades de emprego”, destaca Lopez.

No pequeno apartamento, com apenas um quarto, vivem sete pessoas. Entre elas, dois homens trabalham na PSG Vidros e as três mulheres fizeram entrevista no Frigorífico Minuano, em Lajeado, e aguardam para começar a atuar no local. “Estou desempregado e encaminhando o seguro-desemprego, pois trabalhei em um mercado. Agora estou capinando, fazendo tudo que aparece”, enfatiza Lopez. Ele lamenta que, embora tenham toda a documentação regularizada, eles não tenham conseguido emprego na fábrica da Beira Rio, conforme a expectativa inicial.

Yndira destaca que não há possibilidade de atuar como advogada no Brasil. “O advogado é o único profissional que não pode trabalhar em outro país. Pelas leis, que são diferentes”. Para Paola, a alteração veio pelo fechamento das universidades em sua terra natal, por conta da saída dos professores para outros países.

Necessidades e desafios

A família precisa de alimentos, calçados, roupas, leite e fraldas no tamanho médio. Quem quiser colaborar pode entrar em contato com pelo telefone 99851-5040.

Lopez destaca a hospitalidade da cidade, porém, explica que a ideia da família é se mudar pela falta de empregos. “Agradecemos as empresas que nos ajudam. O povo foi muito bom, educado, afetuoso e é um local mais seguro, mas queremos ir embora para Lajeado, pois não conseguimos trabalho para todos em Mato Leitão.

A principal ajuda que necessitamos é um aluguel em Lajeado, pois três pessoas estarão trabalhando lá”, comenta Lopez, ao observar que o Frigorífico Minuano oferece muita oportunidade para os estrangeiros. “Tem muitos venezuelanos e haitianos, eles não têm preconceito.”

Segundo Lopez, eles têm a agradecer ao Brasil, pela facilidade de encaminhar os papéis e encontrar oportunidades. “O Brasil está bem melhor em comparação à Venezuela. Os números são absurdos, um emprego pelo estado lá está recebendo cinco dólares. Também moramos no Panamá por um período e lá é difícil organizar a documentação, precisávamos trabalhar escondido. ”

“Quando o estrangeiro entra no país com RG, CPF e carteira de trabalho, ele deve ter os mesmos direitos que os brasileiros.”
OMAR LOPEZ
Venezuelano

Com base no Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), de 2018 a 2020, foram 29.357 mil registros de imigrantes no Rio Grande do Sul. Na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), de 2019, 16.987, e no Cadastro Único, de janeiro de 2021, 19.007. Em média, nesses dados, 13% dos imigrantes são venezuelanos.



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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