Tem sido muitas e duradouras as dores rubro-negras nos últimos tempos. Elas tiveram inicio com o rebaixamento do time em 2007, ano do seu último Gauchão na Série A. De lá para cá, e já se vão quase 17 anos, suas alegrias e lampejos de felicidade tem sido curtos e passageiros. Um acesso para a Série A2, em 2014, e dois flertes com o retorno à série A, em 2015, e em 2019. A decepção mais recente é a não classificação à Série A2 e a permanência na 3ª Divisão.
As dores do Mundo I
O cantor Hyldon, em 1975, chamou a atenção para outras dores: as dores do mundo, título de uma canção sua que virou sucesso numa época não tão diferente de hoje, em que muitas eram as dores do mundo, Mas, apesar do nome dado à composição, o que ele queria mesmo era externar sua felicidade por ter, finalmente, encontrado o grande amor da sua vida. Por isso cantou: /Eu vou esquecer de tudo/Das dores do mundo/ Não quero saber quem fui/Mas sim o que sou”.
As dores do Mundo II
É, também, o título de uma das obras clássicas da filosofia alemã, onde temas como o amor, a arte, a moral, a religião, a política, o homem e a sociedade ilustram a teoria exposta por Schopenhauer. O autor apresenta uma série de reflexões sobre a existência humana, propondo uma nova forma de se pensar a dor e a felicidade. Ele até sugere que a dor pode ser benéfica. Não vamos entrar nesse mérito agora.
Não quero saber quem fui
Ao contrário do que canta Hyldon, em se tratando de Guarani, é preciso sim saber quem fui. Ele foi Campeão Estadual Amador em 1988. Vice-Campeão da Segundona em 1990 e 2006. Sensação do Gauchão em 1991 (permaneceu invicto 19 jogos e assustou a dupla Gre-Nal). Destaque do Super Campeonato de 1997, com o artilheiro Marcus Vinicius. O Campeão Gaúcho de 2002, com Mano Menezes. Campeão invicto da Seletiva Sul-Minas e a primeira participação na Copa do Brasil em 2003.
O cantor e o filósofo
Há divergências e similitudes nas reflexões de Hyldon e Schopenhauer. Nesse contexto, alio-me a dor rubro-negra para dizer que a música é linda e o livro instigante, mas não resolve nosso sofrimento. O índio vive hoje das lembranças de suas conquistas porque sabe quem já foi. Rebaixado, não consegue nova forma de pensar dor e felicidade, sem que o grande amor apareça. Como apareceu na música do cantor. O amor que conecta orgulho, cumplicidade, afeto e trabalho. O Guarani clama por ser quem precisa ser. O que ele é agora não é o seu lugar.