Poisch, poisch… os portugueses e espanhóis devem ter achado um desperdício o fato da “indiada” do novo continente tomar seus banhos de rio a qualquer hora.
Aliás, em uma consulta da semana passada, uma das queixas foi a tal da “comichão” nas “partes” de baixa. Ao inspecionar um pouco mais de perto me deparei com “aquele sarna”. E, olhem, o cara não era nem um pouco chegado ao banho. Isto agora, que ainda não faz frio, imaginem, depois que o minuano começar a uivar pelas cumeeiras das casas.
Pelo que tudo indica o banhar-se para os antigos europeus deve ter sido uma prática relativamente desconhecida. Há quem diga que naqueles tempos “enxergava-se” água apenas duas vezes por ano e que o primeiro banho do ano costumava ser tomado em maio, quando terminava o inverno. Coincidentemente, no mês de junho, também acontecia o maior número de casamentos por aquelas paragens, certamente porque até lá o odor das pessoas ainda devia ser mais tolerável. Há quem diga que o tal do buquê das nubentas teria sido inventado naquela época para disfarçar o mau cheiro destas noivas, quem sabe, encalhadas a tantos anos em alguma das muitas remotas aldeias.
Mas, voltemos aos nossos queridos velhinhos e velhinhas dos dias de hoje: Como é difícil fazê-los tomar seus banhos diários! Parece até que têm medo da água! Bom, aqui os mais novos terão que dar uma mãozinha. Será preciso explicar, com muito jeito, com delicadeza, que nosso corpo precisa ser higienizado, que precisamos lavar aquelas “partes de baixo” pois do contrário o cheiro de uma porção de coisas será notado por muita gente. Os franceses inventaram o perfume e mais alguém inventou o talco.
Mesmo que o famoso rei Luiz IV de vangloriasse de nunca ter tomado banho, por aqui, neste nosso calor escaldante do verão – mas também no inverno, nada melhor do que aquele refrescante banho diário.