Brasília: ir ou não?

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Todos os anos, prefeitos, vices, secretários, vereadores e gestores voam para Brasília com a expectativa de encaminhar recursos para as mais diversas demandas de seus municípios. Entre eles, há unanimidade de que a viagem é fundamental, pelo fato de que podem ter agendas presenciais com os deputados federais, senadores e servidores de ministérios, que são as pessoas que tomam as decisões em relação a repasses e projetos.

Mas, toda vez que se anuncia uma comitiva de políticos com destino à capital federal, surgem os questionamentos, e o principal deles é: ir ou não ir? Há quem acredite que os resultados seriam os mesmos se os representantes fizessem contatos por telefone ou WhatsApp, pois os parlamentares que lá estão já têm uma espécie de ‘compromisso’ com o município, pois, se estão sendo acionados, é porque fazem votos que sugerem a contrapartida.

Levantar o volume de recursos que cada cidade recebe a partir de iniciativas como essa é algo quase impossível, mas podemos tomar como base o exemplo de Venâncio Aires, que nos últimos anos tem enviado representantes a Brasília em novembro, quando começam a ser definidas as destinações das emendas, e em fevereiro e março, período em que se ‘bate o martelo’ em relação aos repasses.

Em 2025 — isso dito pelo presidente e pelo administrador do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), Marcelo Farinon e Luís Fernando Siqueira, respectivamente —, nesta semana, em que a comitiva local está peregrinando pelos gabinetes, ministérios e secretarias, já foram confirmados R$ 2,5 milhões para a Capital do Chimarrão. Desse total, R$ 2,1 milhões são para a casa de saúde, quase a metade do que foi captado no ano passado.

Por óbvio, levando em consideração o valor gasto para que os representantes permaneçam na capital do Brasil, onde tudo acontece, por alguns dias — pouco mais de R$ 51 mil —, não há motivo para contestar a viagem, pois R$ 2,5 milhões foram anunciados essa semana. O que movimenta o pensamento da comunidade, que é quem paga essa conta, é quanto desse valor viria mesmo sem que os políticos fossem a Brasília. E a verdade é que, dificilmente, teremos como saber qual é a resposta para essa pergunta.

Enquanto isso, o negócio é jogar o jogo. Já que os recursos contemplam, com mais frequência, quem passa o pires constantemente, não há motivo para contestar a atuação parlamentar na capital federal. Só mesmo se ninguém fosse a Brasília durante um ano inteiro para sabermos qual seria o reflexo. Mas aí outra indagação se impõem: vale a pena correr o risco? Como a gente costuma ouvir por aí, o sol nasce para todos, mas a sombra é de quem procura por ela.



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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