Depois de enfrentarmos a maior enchente da história em 2024, ano que Venâncio Aires registrou o maior volume de chuva das últimas duas décadas, pode parecer difícil pensar em um novo período de seca. No entanto, a escassez hídrica mais uma vez volta a preocupar os agricultores. Se meses atrás o cenário era de solos encharcados, agora a tendência é de perda de produtividade.
Se passaram oito meses desde aquele maio, mês que concentrou 25% da chuva registrada no ano passado e, desta vez, a notícia é justamente o impacto dos dias secos nas culturas agrícolas.
É o caso da soja, terceira principal produção agrícola do município. Os riscos de uma quebra na safra são bem visíveis nas lavouras, a exemplo da propriedade do Miguel Beppler, de Linha Herval, ouvido em reportagem publicada pela Folha do Mate.
A tendência é de chuvas irregulares e volumes um pouco abaixo da média, em todo mês de janeiro. Apesar disso, o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates não projeta a ocorrência de estiagens amplas e severas. Independente desta projeção, é importante que se avance na pauta climática e nas políticas de incentivo à irrigação e reservação de água. Nesta semana, o deputado Adolfo Brito, presidente da Assembleia Legislativa do RS, voltou a defender a criação de uma lei que ajude o agricultor a enfrentar problemas recorrentes em períodos de seca. Segundo o parlamentar, que ao longo de 2024 promoveu audiências em diferentes cidades gaúchas sobre o tema, inclusive, participou de um painel Gente & Negócios promovido pela Folha e Terra FM sobre esse assunto, é necessária uma lei que garanta produção sustentável, aumento da produtividade e segurança jurídica. Ele ainda alertou para o êxodo rural de jovens sem perspectivas após severas estiagens dos últimos anos.
Fato é que tanto a falta de chuva quanto a chuva em excesso prejudicam a agricultura. No caso dos períodos de seca, a cada verão se retoma debates em torno da reservação de água e defende-se um avanço nos sistemas de irrigação justamente para evitar os prejuízos econômicos. Mas esse é um assunto que não pode adormecer quando o verão passar ou quando uma gestão mudar. Existem caminhos e, mais do que isso, resultados que podem ser compartilhados. Há dados que comprovam que investir em irrigação resulta em ganhos significativos em produtividade.
É preciso colocar essa pauta como prioridade na agenda dos gestores e entidades, pois os períodos de estiagem tendem a se repetir e se agravar a cada ano. Investir em irrigação e reservação de água traz benefícios não apenas para quem planta, colhe e vende, mas para todos que vão ao mercado e sentem no bolso na hora de comprar os alimentos.