Há exatamente duas semanas, este mesmo espaço falou sobre estiagem. A edição de 11 de janeiro destacou a apreensão em relação à safra de grãos em Venâncio Aires, especialmente a soja, onde a falta de chuva já comprometia boa parte do desenvolvimento das lavouras. Naquele momento, o volume era de apenas 9 milímetros no município (conforme pluviômetro de Paulo José Fischer, agricultor de Linha Herval Mirim), resultado da chuva do primeiro dia do ano. Só voltou a chover 18 dias depois, durante a Festa de São Sebastião Mártir, padroeiro da cidade e famoso por sempre ‘enviar’ uma chuva. Até ontem, no fim da tarde, foram 25 milímetros em 24 dias, quantidade que, no popular, se diz que ‘mal molhou o pó’.
Para conseguir molhar além do pó e tentar evitar um prejuízo maior, produtores de algumas culturas agrícolas não podem mais esperar pelo céu. Em Linha Sapé, por exemplo, Amalia Agnes e o marido Jhonatan Funari instalaram nesta semana um sistema de irrigação por aspersão, com água bombeada de açude.
A expectativa é dar fôlego aos milhares de pés de alface, repolho, brócolis, couve-flor, rúcula, chicória e temperos. O desenvolvimento aquém das hortaliças também já reflete na oferta da feira da Cooperativa dos Produtores (Cooprova), com redução na quantidade e qualidade de folhosas.
Embora não tenha a mesma força de três anos atrás, quando chegou a durar as quatro estações, o cenário de estiagem têm assustado. Inclusive, motivou uma reunião da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) com representantes do Estado, cobrando ações emergenciais. Além disso, a semana coincidiu com a apresentação dos resultados do projeto ‘RS Sustentável – Cada Gota Conta: Reservação de água, Irrigação e Piscicultura’, proposta do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adolfo Brito (PP). Em um relatório de 128 páginas entregue ao Governo do Estado, o parlamentar apresenta sugestões de mudanças na legislação gaúcha para fomentar a irrigação e reservação de água nas propriedades. Aliás, garantir segurança jurídica é o eixo central deste documento, que promete ser um guia na criação de uma política de Estado que auxiliará os produtores em período de estiagem. São medidas que, se implementadas, vão aumentar a produtividade gaúcha, que é referência nacional, e dar tranquilidade para os homens e mulheres do campo plantar e colher.