Não faz muito tempo que vivenciei uma situação digna de registro. Duas pessoas, internados em um mesmo quarto semi-privativo terminaram gerando níveis de satisfação totalmente diferentes. No primeiro caso, tínhamos um cliente (pagando uma internação privada – pacote) cujo sorriso espontâneo e simpático passou a cativar os funcionários e médicos da casa. Quem poderia resistir a estes singelos gestos de pedido de atenção de alguém que não reclamava a todo instante da dor do seu pós operatório e que conhecia os funcionários do setor pelos seus nomes. Em contrapartida, no leito ao lado um segundo cliente, usufruindo do seu “plano de saúde”, já na internação, em alto em bom tom procurou deixar bem clara que “não estava internando pelo SUS” e que logo verbalizou o seu “direito” a determinados benefícios, que, por sinal, não cabiam apenas a ele. Como resultado, muitos funcionários, talvez na exteriorização inconsciente do seu medo e o seu constrangimento, passaram a restringir seus contatos com este assíduo contestador a um mínimo necessário.
É inegável que todos querem ser bem atendidos e que assim se sentem respeitados e valorizados. Desta forma a auto-estima e a confiança facilmente podem ser cultivadas, tanto pela equipe de atendimento do hospital como pelo cliente que “compra” o serviço.
Para tudo que fazemos na vida estamos sujeitos a valores agregados. Isto também vale para a forma como negociamos toda esta combinação. Assim, quando vamos ao banco ou ao supermercado ou chegamos ao hospital, esperamos obter uma solução para os nossos problemas ao mesmo tempo em que atrelamos a esta mesma o respeito e o sentimento de satisfação. Só não podemos esquecer que este é um caminho de duas vias, envolvendo tanto o usuário do hospital como a própria equipe de atendimento da “casa”. Igualmente não podemos esquecer que o respeito é bom e que dele todos gostam. Fala-se também que, a boa educação vem do berço e dificilmente poderia ser “comprada” por eventuais vantagens patrimoniais das pessoas.