
Talvez você não seja muito ligado no mercado financeiro, mas certamente já viu alguma notícia sobre a meteórica valorização do bitcoin e outras criptomoedas. Ou então, talvez você já tenha negociado uma skin ou uma ferramenta em um game, usando o sistema econômico daquele universo virtual.
Independente da sua referência sobre o assunto, o certo é que as moedas virtuais são um item cada vez mais presente no cotidiano, e segundo especialistas, tendem a crescer em um contexto em que as pessoas se apegam cada vez menos a itens físicos.
Calma, que a gente te explica. As criptomoedas são um sistema de troca de valores que não tem ligação com o mundo físico. Elas não precisam, por exemplo, que a Casa da Moeda faça a sua emissão, ou que o Banco Central defina suas regras. Todo o controle das transações está baseado no próprio sistema tecnológico, e são checadas por todos os computadores envolvidos no processo.
É como o dinheiro que temos na carteira, usado para comprar um tênis, um lanche, ou para pagar a escola, mas com processos que estão apenas no mundo virtual. Já no caso dos games, o dinheiro virtual que você adquire tem valor dentro do próprio universo do jogo, e você o utiliza para comprar coisas ou adquirir vantagens para avançar de nível, por exemplo.
É para falar sobre esse dinheiro que ‘não colocamos no bolso da calça e nem na carteira’, que o Na Pilha! de hoje foi feito. Vem com a gente, para entender mais sobre o universo das moedas virtuais.
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Fala aí, professor!

NP! – Qual é a leitura que você faz sobre o cenário atual das bitcoins?
Rafael Kirst – No que diz respeito ao bitcoin e as demais criptomoedas, o cenário atual poderia ser resumido em uma palavra: euforia. No entanto, tal euforia não é de forma alguma injustificada, visto que o desenvolvimento de novas tecnologias em criptomoedas (que ainda estão em fase embrionária) tem o potencial de revolucionar o sistema financeiro internacional. Ao meu ver, existem dois tipos de investidores que se sentem atraídos pelas criptomoedas: aqueles que entendem o funcionamento dessas tecnologias e o seu caráter revolucionário, que permite a troca de valores sem o intermédio de instituições financeiras, e aqueles atraídos apenas pelos altíssimos rendimentos obtidos com esses ativos nos últimos meses.
NP! – Na sua opinião, moedas digitais podem ser mais atrativas para jovens que já nasceram em um contexto digital?
Rafael Kirst – Certamente! O funcionamento das criptomoedas de uma maneira geral pode causar estranheza, principalmente para as gerações que não estão muito familiarizadas com temas como criptografia, mineração e programação. Diferentemente dos seus pais e avós que associavam valor a algo tangível, ou seja, físico, as novas gerações conseguem perceber com muita naturalidade que bens intangíveis também podem ter grande importância. Sendo o bitcoin fruto desse contexto digital no qual os jovens estão inseridos, creio ser mais fácil para eles compreenderem o funcionamento e os méritos dessas tecnologias, tornando-as mais atrativas.
NP! – Você acredita que há uma tendência para o crescimento desse tipo de moeda?
Rafael Kirst – Eu diria que devido ao seu potencial a utilização de criptomoedas irá apenas aumentar no futuro próximo, o que não significa que esse caminho será linear e sem entraves. Aqui cabe uma analogia com o que foi a internet em seu início. Quando os primeiros projetos de desenvolvimento na internet mostraram grande potencial, houve uma valorização excessiva das ações das chamadas ‘empresas .com’ e a formação de uma bolha, que acabou estourando e causando grandes prejuízos, principalmente para os investidores menos informados. No entanto, essa fase foi superada e atualmente não conseguimos viver sem internet. Acredito que algo parecido irá acontecer com as criptomoedas, que provavelmente passarão por muitos altos e baixos até que se encontre a melhor forma de serem usadas mundialmente.
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Bitcoin: um investimento para o futuro
Higor Seibel, 19 anos, já aderiu ao investimento em criptomoedas, especificamente o bitcoin. Segundo ele, tudo começa ao criar uma ‘carteira online de bitcoin’, a qual deve ser instalada no computador ou telefone celular, e que automaticamente vai gerar um endereço, o qual poderá ser mostrado para os amigos ou comerciantes para receber pagamentos ou vice-versa.
Para adquirir bitcoins há várias opções, e a primeira e mais simples é a compra em sites como BitcoinWallet, GreenAddress e Armory. Conforme Higor, outra alternativa é a mineração, um processo de adicionar registros de transações ao livro razão público do bitcoin, que armazena transações passadas, mais conhecido como ‘blockchain’. “Hoje o custo benefício de um minerador no Brasil não é muito bem recompensado”, considera.

O jovem realizou o seu primeiro investimento de bitcoin no começo de dezembro, e acredita que a moeda pode valorizar muito no futuro. Higor explica que este foi apenas o primeiro investimento, mas ele já tem metas definidas para este ano. “No momento tenho 0.093 bitcoins, fiz um investimento de aproximadamente R$ 5 mil e, para 2018, pretendo chegar a aproximadamente 0.15 a 0.35 bitcoins”, afirma.
Segundo ele, é preciso manter-se bem informado no sistema. “Eu, sempre que posso, assisto vídeos de economistas que entendem muito da moeda e do mercado online, gosto de estar por dentro. Já pensei em minerar, mas no Brasil se torna inviável no momento”, destaca.
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Moedas virtuais no universo dos games
Gamer e youtuber, William Alves Pereira é um especialista em jogos virtuais. O jogador já investiu em games famosos como o Fifa e o Mortal Kombat X. Com este investimento, garantiu várias moedas virtuais, elemento que gerou uma certa vantagem no jogo em relação aos demais jogadores. “O dinheiro virtual funciona como um elemento de desbloqueio de itens que podem ajudar, de forma parcial ou total, além disso, ele pode ser utilizado para a compra de personagens extras, skins (roupas) ou novas histórias dentro do jogo (DLC)”, explica.
Conforme William, as moedas virtuais podem ser adquiridas por meio da compra de gift cards, os quais consistem em cartões específicos, com valores variados, para cada plataforma. São exemplos a Playstore (Android), Ps Store (Playstation) e Xbox Live (Xbox). Segundo ele, a aquisição também pode ser feita de forma direta, através do cartão de crédito.

No sistema financeiro do universo dos games, as moedas virtuais ‘têm o seu valor’. De acordo com o jogador, no caso do Fifa, compra-se pacotes de jogadores (para serem utilizados no modo Ultimate Team) e, também, entradas para modos de jogos. Já no Clash Royale, pode-se comprar baús com elementos do jogo ou até mesmo cartas específicas, possibilitando uma certa vantagem com quem não gasta nada com o jogo. “O preço varia de acordo com a finalidade de cada um, quanto mais dinheiro real gasto, mais se tem para o dinheiro virtual”, afirma.
Com experiência em games, William ressalta que nem sempre o investimento garante uma posição de destaque, pois no jogo é preciso ter paciência e dedicação. “Apesar de ser uma forma rápida e fácil para evolução nos jogos, não compensa gastar com a intenção de obter um desempenho melhor, até porque, quem garante isso, é a sua habilidade”, destaca o jogador.
>>> Investimentos variam de acordo com o objetivo do jogador
Os preços variam de acordo com a quantidade que se deseja investir. No Fifa, há valores entre R$ 3 até R$ 340. Já no Clash Royale, os valores giram em torno de R$ 3 até R$ 315. Já o investimento na compra de personagens dependerá muito do jogo. Em um mais novo, como o Injustice 2, por exemplo, cada personagem extra sai em torno de R$ 11.