Ao longo das últimas décadas, a Sociedade Olímpica de Venâncio Aires (Sova) foi palco de importantes eventos culturais, esportivos e de lazer. Além das programações da própria entidade, o endereço da rua Coronel Agra, 949, esteve no convite de inúmeras festas de casamento, formatura e aniversário. A estrutura ampla e qualificada do salão social fez com que ele se tornasse referência no município e também fora dele.
O início desta história remonta ao ano de 1962, quando amigos se reuniam, aos fins de tarde, no então Bar Schulz, na rua Jacob Becker, próximo à antiga rodoviária. Entre um aperitivo e outro, o grupo idealizou a criação de uma nova sociedade, voltada à prática esportiva, o que se concretizaria no dia 22 de março de 1963.
Antes disso, em 4 de fevereiro daquele ano, a primeira reunião oficial para a fundação da sociedade ocorreu no Clube de Leituras. Participaram do encontro Rubens Bernardi, Ely Bizarro Sperb, Glênio Moraes, Victor Storck (Nezico), Paulo Storck, Irineu Assmann, Cliton Campos, Clécio Schamedecke, Hermilo Galant e Érico Kronbauer. O primeiro presidente da Sova foi Guaracy Alberto Campos (falecido).
A partir de uma campanha, foram vendidos 260 títulos de associados, o que possibilitou a compra da área de 10 mil metros quadrados. Parte do valor foi paga posteriormente, com quitação dos títulos. Após a aquisição do terreno, a primeira obra encaminhada foi das piscinas, inauguradas em 1967 (leia mais na página 7), o que também deu visibilidade à nova sociedade e facilitou a adesão de sócios.
A construção da sede social
Quinze anos depois da fundação da Sova foi lançada a pedra fundamental da sede social, em 23 de março de 1978, construída onde existia um campo de futebol sete. O início do trabalho ocorreu na gestão do presidente Rui Martins (falecido). A construção teve início em julho de 1980, com recursos arrecadados em campanha de vendas de títulos patrimoniais e remidos, além da arrecadação de cerca de dois mil sacos de cimento.
Ao final da gestão, a obra foi temporariamente interrompida em função da inflação, que afetou o orçamento. A retomada ocorreu em 1983, com esforço da nova diretoria pelos dois anos seguintes, presidida por Hilário Reinaldo Dillenburg. Após seis anos do início da obra, o salão principal foi inaugurado em 18 de setembro de 1984. Nos anos seguintes, foram finalizados o pavimento térreo, banheiro, restaurante, bar, a cozinha e a secretaria.
Manutenções e pequenas reformas ocorreram com o passar do tempo. Entre as de maior destaque estiveram as adequações para atender as normas de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiros, após o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, incluindo alarme de incêndio, saídas de emergência – com as escadas em direção à piscina -, sinalizações e barras antipânico.
Em 2014, foi realizada uma grande reforma do salão principal, com objetivo de melhorar a acessibilidade e aumentar a capacidade de público. A obra, realizada na gestão do presidente Ricardo Silberschlag, incluiu novo telhado, instalação de forro mineral, piso, reforma dos banheiros, ampliação da copa e cozinha e substituição de antigas esquadrias de ferro por alumínio com vidro duplo.
Sovinha: construção em apenas 18 dias
A Sovinha, que ficou famosa pelas boates realizadas no local, foi a primeira obra inaugurada, na gestão de Victor Francisco Storck, o Nezico (falecido). Pouco antes do término da obra das piscinas, ele pediu ao engenheiro da empresa que construísse um galpão. O objetivo era ter um novo atrativo para facilitar a venda de títulos. Na manhã seguinte à solicitação, o projeto foi apresentado e a obra iniciada, sendo finalizada em 18 dias. A inauguração ocorreu em 1º de julho de 1967.
Em 1999, por conta de problemas estruturais, o espaço foi demolido, na gestão de Paulo José Becker, para que um novo prédio fosse estruturado. Em março de 2002, sob presidência de Luiz Amaro Baptista (falecido), o projeto da nova Sovinha foi apresentado. As obras começaram em janeiro de 2003 e foram viabilizadas por recursos próprios da entidade e doações. Com quatro dias de festa, a inauguração foi em novembro de 2003, sob a presidência de Daniel Lenz.
Presidentes
Guaraci Alberto Campos – 1963/1964
Amaro Emybdio Baptista – 1965
Rubens Paulo Bernardi – 1966
Victor Francisco Storck – 1967 e 1972/1973
Dilson da Silva Braga – 1968
Eli Bizarro Sperb – 1969
Cilon Carlos Baptista – 1970 e 1975 a 1977
Erni Martins de Azevedo – 1971
Rubens Joaquim Harres – 1973 a 1975
Itor Rosa – 1977/1978
Rui Martins – 1978/1981
Albano Irineu Becker – 1981/1982
Flavio Barden – 1982/83
Hilario Dillenburg – 1983/1985
Cesar Campos de Azevedo – 1985/1987
Aedo Gildon Pereira dos Santos – 1988/1989
Clacyr José Marquetto – 1989/1991
José Montini – 1991/1993
Odilo Paulo Wachholz – 1993/1995
José Montini (presidente do Conselho) até 11/03/1997
Paulo José Becker – 1997/2001
Luiz Amaro Baptista – 2001/2003
Daniel Lenz – 2003/2005
Naide Teresinha Heck – 2005/2007
Cristian Deves – 2007/2011
Ricardo Silberschlag – 2011/2015
Rodrigo Machado Mello – 2015/2017
Giovani Bulow – 2017/2021
Dayel Bittencourt – 2022/2023
Kinha, a primeira mulher presidente
Ao longo das seis décadas da Sociedade Olímpica de Venâncio Aires, apenas uma mulher ocupou a presidência da entidade: Naide Teresinha Heck, mais conhecida por Kinha. A convite de Luiz Amaro Baptista, ela e Daniel Lenz assumiram como vice-presidentes na gestão de 2001/03 e se revezaram nos cargos nos dois mandatos seguintes. Assim, Kinha liderou a diretoria entre 2005 e 2007. Com o falecimento de Baptista, teve como vice-presidente Marione Reckzigel, por um período. “Fizemos um trabalho conjunto na gestão, pois eram projetos a longo prazo”, explica.
Entre as principais ações desenvolvidas ao longo do período como presidente e vice, Kinha cita a reconstrução da Sovinha, reestruturação do restaurante e a renovação dos itens da cozinha. “O objetivo era oferecer o melhor possível para quem quisesse fazer festas na Sova.” Outra obra da gestão foi o início da construção do muro da Sova, depois concluído com doação do casal Cilon e Gladis Baptista, pais de Luiz Amaro, junto da obra da calçada. Um fato marcante também foi o retorno da Sova no Carnaval de Rua, após quase duas décadas, com a Turma do Barulinho (crianças e adolescentes e a torcida organizada da Fiel Tribo Guarani), em 2002, e com a Turma do Barulho, no ano seguinte.
Ao relembrar o período na gestão da Sova, Kinha também ressalta os bailes de Broto e o baile de aniversário da sociedade. “No Broto, o foco não era o concurso, mas sim a estreia das moças na sociedade, uma apresentação”, comenta, ao lembrar que meninas com idade próxima aos 15 anos, integrantes de famílias associadas, eram convidadas a participar do evento.
Colunista social do jornal Folha do Mate por 31 anos, ela também observa que a Sova foi palco dos mais importantes e tradicionais eventos sociais, além de festas de casamento e 15 anos. Dessa forma, foi sua ‘segunda casa’, especialmente na época que integrou a diretoria da sociedade. Diversas edições da Festa da Kinha e da Garota Nossa Capa – promoção da Folha do Mate – também ocorreram na Sova.
Broto Sova
Um dos eventos mais tradicionais na história da Sova foi o Baile do Broto, com destaque para meninas com idade próxima aos 15 anos. Foram 51 edições, sendo a primeira realizada em 1967. Até 1983, os eventos foram realizados na Sovinha. A partir do ano seguinte, passaram a ocorrer no salão de festas da nova sede social. A última edição do Baile do Broto ocorreu em 2018.
Além de marcar a apresentação das meninas-moças à sociedade e integrar as famílias, o concurso escolhia a Broto Sova, que representava o município no certame estadual, cujo título foi conquistado por algumas venâncio-airenses. A primeira a alcançar o título estadual foi Ana Cristina Haas, no ano de 1987, em concurso realizado em Capão da Canoa. Nos anos seguintes, se destacou no cenário nacional como modelo.
Brotos
1967 – Isabel Cristina da Cruz
1968 – Aurea Becker
1970 – Elaine Nervo
1971 – Rosane Becker
1972 – Marilia Campos de Azevedo
1973 – Maria Regina Lakus
1974 – Karen Fatima Storck
1975 – Rosalva da Cruz
1976 – Elaine Bencke
1977 – Rose Reis
1978 – Mariângela Correa Lima
1979 – Deise Lenz
1980 – Luciane Klamt da Cunha
1981 – Soraya Bohn
1982 – Adriana Lemos
1983 – Sinara Borgmann
1984 – Lisiane Feix
1985 – Flavia Souto
1986 – Alessandra Lehmen
1987 – Ana Cristina Haas
1988 – Micheline Lehmenn
1989 – Rita de Cassia Kunkel
1990 – Cíntia Haas
1991 – Janaina Lenz
1992 – Gabriela Araújo
1993 – Cristiane Uhlmann
1994 – Shana de Azevedo
1995 – Rosana Reckziegel
1996 – Joana Araújo
1997 – Roberta Gomes
1998 – Analú Fischer
1999 – Francine Rabuske
2000 – Barbara Henn
2001 – Bruna Flavia Barden
2002 – Mônica Campos
2003 – Lizinka Bogorny
2004 – Franciele Oliveira Janisch
2005 – Patricia Etges
2006 – Amanda Bazenggio Braga
2007 – Marina da Rosa
2008 – Vitoria Lawall
2009 – Mayara Kist
2010 – Regina Battistti
2011 – Vitoria Brandenburg
2012 – Julia Losekann Gorck
2013 – Lavinia Wachholz Naue
2014 – Lais Kist de Almeida
2015 – Sophia Sehn Faller
2016 – Emelly Bitencourt
2017 – Eduarda Kaufmann
2018 – Livia Haas Heinen
