Nos últimos dias, os noticiários e as redes sociais estão falando de um assunto polêmico e que tem gerado muitos comentários e reflexões: o perigo dos anticoncepcionais. Diversos casos ganharam destaque e levantaram inúmeras dúvidas a respeito do assunto. Quais desses medicamentos geralmente acarretam riscos à saúde? Quais são esses riscos? Como é possível evitar? Todas as mulheres correm risco de desenvolver trombose?
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Pesquisadores da Universidade de Nottingham trabalharam sobre duas grandes bases de dados médicos e traçaram uma relação entre o uso de contraceptivos orais e as tromboses venosas observadas nas mulheres com idades entre 15 e 49 anos.
Um estudo publicado na revista especializada The BMJ Today e que foi conduzida por pesquisadores britânicos, mostra que as mulheres que tomam contraceptivos orais combinados, que contêm drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona, têm um risco de trombose venosa quadruplicado em relação àquelas que não tomam pílula. O risco é quase duplicado em relação às mulheres que tomam contraceptivos orais de estrogênio mais antigos, que contêm levonorgestrel, noretisterona ou norgestimata.
ANVISA ALERTA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicou um informe sobre a pílula ‘Diane 35’, alertando para os riscos do produto para pacientes com histórico de processos trombóticos (formação de coágulos em veias ou artérias). A ‘Diane 35’, é usada no Brasil como anticoncepcional e também para controle do hirsutismo (excesso de pelos), ovários policísticos e acne em mulheres.
Até o momento, a agência brasileira diz que não recebeu relatos de profissionais de saúde sobre problemas com o produto, registrado no país desde 2002, e diz que está acompanhando o caso para avaliar quais medidas devem ser tomadas. Nos últimos anos, outros anticoncepcionais também entraram no radar das agências reguladoras, especialmente a drospirenona, princípio ativo das pílulas Yaz e Yasmin.
*Mas, afinal, o Diane 35 é vilão ou mocinho?
ENTENDA O QUE é TROMBOFILIAS E TROMBOSE
As trombofilias são caracterizadas por promoverem alterações na coagulação sanguínea, que resultam em um maior risco para tromboses. A trombose é a formação de um coágulo sanguíneo em uma veia ou artéria, impedindo o fluxo de sangue. Na trombose venosa profunda, em geral a veia afetada fica nos membros inferiores. O coágulo pode causar inchaço e dor. Quando se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, é chamada de embolia e pode provocar lesões graves no cérebro, nos pulmões ou em outra área do corpo.
é preciso deixar claro que nem todos os anticoncepcionais podem acarretar trombose e que o número de casos divulgados ainda é pequeno. Fatos genéticos, hereditários e de saúde, podem contribuir para que a trombose ocorra. Porém, mesmo quem não possua casos na família, precisa consultar o médico e verificar se o comprimido é, de fato, adequado.
SUPERAçãO
A diagramadora Priscilla Storck Steinhaus Zart, de 28 anos, conta que começou a tomar anticoncepcional aos 13 anos, já que sua menstruação era muito desregulada, conforme indicação da sua ginecologista da época. Ela lembra que tomou o remédio até os 26 anos, mas que nesse período acredita ter tomado uns cinco diferentes.

Priscilla relata que no sábado, véspera do Dia dos Pais de 2013, estava trabalhando e começou a sentir uma forte dor de cabeça. Pelo fato de ser madrugada fria e chuvosa, a diagramadora pensou que pudesse ter pego frio e que as dores seriam apenas sintomas de uma crise de sinusite. Entretanto, no domingo, Dia dos Pais, Priscilla não conseguia levantar da cama, devido a fortes dores de cabeça.
“Estava sentada, tomando chimarrão e conversando, quando escutei um estouro dentro da minha cabeça, uma dor ainda maior, e logo perdi a visão do olho direito e, também, um pouco da sensibilidade ao caminhar e tocar as coisas”, relembra. A diagramadora comenta que sua primeira reação foi a de querer se ver no espelho, para ver o que havia acontecido com seu olho, já que ela não estava mais enxergando.
Imediatamente, Priscilla foi levada ao hospital para fazer exames e consultar um médico. Ela conta que fez exames simples, na hora, e que nos resultados não apareciam nenhum problema cerebral ou que estivesse ligado a cabeça e as dores. Após tudo isso, a diagramadora consultou médicos locais e lhe foi pedido uma ressonância da cabeça, além disso, Priscilla também consultou um neurologista fora da cidade que, segundo ela, imediatamente ao ver os exames, lhe mandou parar de tomar o anticoncepcional.
“Na época eu tomava o ‘Elane’, remédio este que é relato de muitos casos de trombose em páginas do facebook, e ele também me indicou a procurar uma hematologista.” Hoje, a profissional sente que seu olho voltou ao normal, mas não pode dizer que está 100%. Ela ainda comenta que realizou e repetiu exames de sangue que constaram trombofilia.
“Quando minha médica me falou este nome me assustei um pouco, parecia um bicho de sete cabeças. Mas com o passar do tempo, fui conversando com pessoas e pesquisando quem mais tinha isso e vi o quanto isso está se tornando “normal”, quanta gente tem”, destaca. Depois de tudo isso, Priscilla não pode voltar a tomar anticoncepcionais ou mesmo outros tipos de métodos que contenham hormônios, já que precisará tomar, eternamente, anticoagulante.