Muitas famílias possuem a tradição de fazer churrasco todos os domingos e, para o presidente da Associação Tradicionalista de Venâncio Aires (ATVA), Eagro Humberto Müller, 45 anos, esse costume não é diferente. Além do sagrado almoço de domingo, em sua casa o churrasco é refeição pelo menos mais uma vez na semana.
Ele recorda que começou a aprender sobre o prato típico com o pai, quando criança. “Acompanhava ele nas pescarias e acampamentos, para me sentir útil insistia em cuidar da carne. Por curiosidade, o primeiro assado que eu fiz totalmente sozinho foi um peixe”, lembra.
Depois que entrou para o meio tradicionalista, agregou mais conhecimentos para fazer churrasco.“O encontro que o churrasco nos proporciona me incentivou a estudar diferentes cortes e técnicas de preparo. Experiências gastronômicas muito intensas, que aumentaram minha paixão pelo prato.”
Müller explica que o churrasco gaúcho é diferente, pois tem a valorização do sabor da carne, com poucos temperos adicionais. “Se perguntar para qualquer assador ‘qual o segredo do churrasco’ a resposta é a mesma: carne, sal e fogo. Entendo que é justamente isso que o deixa especial” destaca. Também diz que o ato de preparar a comida, no geral, para a maioria dos gaúchos é um evento. “O churrasco para nós tem suas particularidades, é especial.”
Para ele, a carne mais fácil de fazer é a tradicional costela e a mais difícil o contrafilé. “É uma carne complicada para acertar o ponto.” Além disso, ele comenta que carnes inteiras precisam de mais atenção. “Tive a experiência de colaborar no preparo de um ‘boi inteiro’ no festival de assados do CTG Chaleira Preta, que assim como o costelão, precisa ser assado com mais tempo e com temperatura baixa. Foi um momento de muita troca, pois ali tudo que sabemos, ou achamos que sabemos, é colocado à prova”, destaca.
PREPARO
Antes de começar a assar, o tradicionalista segue a rotina de deixar as facas afiadas, ter tábuas limpas para as carnes e gamelas por perto. Posteriormente, começa a preparar o assado. Ele comenta que para fazer um bom churrasco é indicado limitar o número de cortes. “ Diferentes cortes envolvem diferentes modos de preparo. Fuja da tentação de fazer uma refeição de churrascaria com variedades”, recomenda Müller.
Também é importante acertar na hora de fazer o fogo. “ É bom fazer o fogo de forma a sempre sobrar e deixar para salgar a carne só na hora de colocar no fogo”, salienta. Além disso, ele explica que não se deve levar carne congelada para o fogo. “Temos que deixar ela em temperatura ambiente antes de assar”, aconselha.
“Ouse, asse carnes diferentes, faça uma experiência com legumes, vegetais e até com frutas. Esses sabores e aromas são intensos e devem ser provados.”
EAGRO HUMBERTO MÜLLER
Presidente da Associação Tradicionalista de Venâncio Aires