A família Bergmann, de Centro Linha Brasil, já é conhecida há anos na comunidade por iniciar cedo o transplante de mudas de tabaco na propriedade. Dos mais de 15 hectares de terra onde serão plantados 90 mil pés de tabaco, uma parte do plantio, chamado de “tabaco cedo”, já está na lavoura. Antecipando o plantio, que normalmente ocorre na segunda quinzena de julho na região, a família espera garantir novamente uma boa safra e evitar o calor excessivo do verão na hora da colheita.
Ao lado dos pais Sueli e Roni, Lucas Ariel Bergmann, 21 anos, e a namorada Jaqueline Taiane Theis, 20 anos, decidiram iniciar a vida na agricultura de forma oficial. O casal optou por morar junto e iniciar a concretização do sonho: ter terras próprias para plantarem tabaco nos anos seguintes. Esse ano, terão como compromisso a primeira safra de tabaco. “Desde pequeno sempre ajudamos nossos pais, conhecemos essa rotina”, comenta Jaqueline, que é natural de Linha Arroio do Tigre.
O casal irá plantar 40 mil pés de tabaco nesta primeira safra, 25 mil já estão na lavoura. “Depois, vamos querer adquirir nossas terras, de preferência aqui perto”, destaca Lucas, que terá todo o suporte e apoio dos pais, que lidam com a cultura há mais de 25 anos. “O Lucas até tentou trabalhar fora, foram quatro meses, mas depois optou em voltar e finalizamos a última safra juntos. Agora, vamos continuar trabalhando juntos, mas cada um tem o seu fumo”, explica a mãe Sueli.
As primeiras mudas de tabaco foram para a lavoura dos Bergmann no dia 16 de junho. Nesta semana, os cuidados são com as mudas restantes que estão nos canteiros. “Vamos fazer a poda delas ainda e lá pelo dia 10 de julho vamos plantar o restante”, complementa Roni. A esperança é da chegada da chuva antes do plantio final. “A terra precisa receber chuva, falta umidade. Se não a gente não pode plantar”, explica.

Anos de experiências
Os pais de Lucas afirmam que a cada ano o plantio do tabaco é antecipado. “Já plantamos no dia 20, 15 e até 10 de junho. Nos últimos anos as coisas estão mudando, o clima está diferente, precisamos ir nos adaptando”, explica Sueli.
Todos os anos, a meta dos produtores é finalizar a colheita antes do Natal. A projeção da família é iniciar a colheita da safra 2020/21 em setembro. Roni e Sueli ressaltam que as mudas estão mais fortes se comparadas com as de antigamente que eram semeadas na terra. “Ano passado o fumo pegou todas as geadas na lavoura, mas não notamos perda de qualidade na folha. Mantivemos a meta de colher 11 arrobas por mil pés. Agora, no fumo tarde, a seca castigou, teve quebra de 20% na quantidade e qualidade”, destaca Sueli.
Hoje, a secagem do tabaco na propriedade é feita em estufa elétrica. São sete dias para secar uma fornada. A vantagem, segundo Roni, é na hora de colocar o tabaco dentro da estufa e na praticidade, entretanto, consome mais energia elétrica. “Tudo tem o lado bom e o ruim. Mas, com a estufa é mais rápido.” A família sempre teve o tabaco como principal fonte de renda, porém, outras culturas como milho, aipim e feijão são cultivados na propriedade do quinto distrito.

Produtores estão antecipando a safra
O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, explica que, nos últimos anos, a entidade vem observando a antecipação dos produtores na hora de plantarem o tabaco. “Um dos grandes diferenciais é a força das mudas, se a gente comparar com antigamente. O sistema float garante uma proteção maior e uma muda mais resistente à geada.”
Porém, segundo Werner, os prejuízos com a geada também são registrados e levam o produtor a replantar algumas mudas. “Mesmo isso ocorrendo, o resultado de qualidade é maior comparado com o prejuízo financeiro de uma falta de chuva”, compara o presidente.
Werner observa a importância de garantir uma quantidade de mudas caso necessite do replantio.
Redução
A Afubra retomou, com todas as medidas de segurança, a visita presencial nas propriedades dos fumicultores dos três estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, na qual já constatou que a variedade Virgínia terá redução de 5% na área plantada na safra 2020/2021. “Esse número ainda não é suficiente para o momento. Onde a oferta é maior que a demanda.” Nas lavouras do Burley, a redução estimada é de 12%.
“Os produtores estão observando as mudanças climáticas e apostando no início da safra mais cedo. Os prejuízos financeiros com uma geada podem ser menores do que com a falta de chuva. O resultado de plantar mais cedo reflete na qualidade do tabaco.”
BENÍCIO ALBANO WERNER -Presidente da Afubra