Quem pretende fazer com que drogas, celulares e outros ilícitos passem despercebidos pela segurança e cheguem até os apenados da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva), terá mais dificuldades. Depois da colocação de grades de ferro e da instalação de lâmpadas de led e câmeras de videomonitoramento, a direção da casa prisional, abonada pela 8ª Delegacia Penitenciária Regional (8ª DPR), deu mais um passo para aumentar a segurança. Esta semana, concluiu a instalação de telas junto às grades externas.
Construída para ser uma casa prisional de segurança média, somente para homens e de regime fechado, a Peva já passou por interdições e foi palco de duas fugas, em um espaço de cem dias, em 2017. Encravada em Vila Estância Nova, foi feita aos moldes de outras cadeias do Estado, onde a segurança de muros foi trocada por telas. Isso facilita ações – como as fugas – e agora, com o fim das visitas, fez crescer os arremessos de ilícitos para o pátio da penitenciária.
Para evitar que as drogas, celulares e outros objetos lançados no pátio fossem ‘pescados’ pelos presos, em agosto de 2018, através do Conselho da Comunidade, foram instaladas grades externas em todas as celas. O mecanismo funcionou bem e não se registraram mais fugas e nem tentativas – vale salientar que nas duas fugas, onde 15 apenados escaparam, 14 foram recapturados, e um, morto.
Porém, materiais ilícitos seguiram sendo arremessados para o pátio e, alguns, chegaram às celas. A direção da casa prisional estudava uma nova medida, quando foram suspensas as visitas, no dia 23 de março.
A partir desta data, cresceram muito os arremessos de pacotes para o pátio da penitenciária. A maioria contém porções de maconha e cocaína, mas também é comum encontrar celulares, carregadores e outros aparelhos. Só neste período, a guarda externa, feita pela Brigada Militar, e a interna, através dos agentes penitenciários, apreendeu mais de 6 quilos de drogas e alguns celulares e carregadores.
As últimas tentativas aconteceram no sábado, 23, domingo, 24 e segunda, 25. No total foram, 901,94 gramas de maconha e 20g de cocaína que deixaram de entrar na casa prisional.
“Este projeto da Peva é mais uma grande conquista, visto que o entorno da Penitenciária não possui muros, apenas telas que, por sua vez, facilitam a circulação de pessoas em suas divisas.”
SAMANTHA LONGO – Delegada da 8ª DPR
Medidas
Na semana passada, para alinhavar os trabalhos, a delegada penitenciária regional da 8ª DPR, Samantha Lopes de Moraes Longo, juntamente com os colegas Andreo de Quadros Camargo e Bruno Carlos Pereira, esteve no gabinete da capitão Michele da Silva Vargas. Ficou acertada a parceria nas operações nas áreas externa e interna da casa prisional e a delegada revelou que novas medidas de segurança estavam a caminho.
Uma delas já foi concretizada na terça-feira, 26. A equipe diretiva da Peva, com apoio dos colegas da 8ª DPR, concluiu a instalação de telas sobre as grades de contenção das galerias A e C da unidade prisional. “Nosso objetivo é reforçar a segurança naquele setor, visto que aqueles locais são considerados pontos críticos por serem alvos constantes de arremessos de materiais ilícitos, evitando assim o resgate destes materiais por parte dos apenados”, explicou a delegada Samantha.
Segundo ela, constantemente as equipes diretivas das unidades prisionais da região executam projetos, objetivando melhorias nas estruturas físicas, que revertam em segurança, disciplina e tratamento penal. “E sempre que possível, é usada a mão de obra prisional para realização das obras”, observa.
Samantha destaca que a colocação das telas trará mais segurança. “É que o entorno da penitenciária não possui muros, apenas telas que, por sua vez, facilitam a circulação de pessoas em suas divisas”, alerta. A delegada ressalta que, por ter esta facilidade de visualização, diariamente são arremessados objetos de uso não permitido em direção as celas.
Para ela e para o diretor da penitenciária, Fábio Machado, a cadeia deveria ser cercada por muros e não por telas. “Seria um grande auxílio de reforço à segurança externa”, observam. No entanto, como é necessário conviver com a realidade, a delegada comemora a conclusão deste projeto, “que é mais um obstáculo no auxílio e contenção de acesso a estes arremessos e um importante reforço na segurança externa do local”.
Enquanto a solução definitiva não vem, o diretor cria mecanismos para impedir que as pessoas se aproximem da tela para fazer os arremessos. Na semana passada, ao constatar que a maioria das tentativas estavam sendo feitas na região da Estação de Tratamento de Efluentes, Machado mandou instalar uma lâmpada de led naquele local.
O diretor destaca que além do fator segurança, as lâmpadas trazem economia. No mês de fevereiro, o custo com a energia elétrica foi de R$ 29 mil. “Em maio, reduzimos para R$ 22 mil”, revela. Quanto às apreensões, Machado faz elogios ao trabalho de vigilância dos servidores e da Brigada Militar.
Dois anos na direção da penitenciária
- Desde que assumiu a direção da casa prisional, em março de 2018, Fábio Machado vem atuando para dar melhores condições de trabalho aos agentes e, desta forma, impedir fugas e que ilícitos cheguem até os apenados. A primeira medida, com apoio do Conselho da Comunidade (CC), foi a colocação de grades na parte externa nas celas, com o intuito de coibir novas fugas. Deu certo e, desde então, não se verificaram nem tentativas de fugas.
- Porém, aumentou o número de arremessos de pacotes com ilícitos, como maconha, cocaína e celulares para o pátio. Machado, com apoio da equipe funcional e demais servidores, assim como da Vara de Execuções Criminais (VEC), Ministério Público, Defensoria Pública, CC e 8ª Delegacia Penitenciária Regional, adquiriu e instalou 28 lâmpadas de led, iluminando as áreas externa e interna da penitenciária. Hoje, observa Machado, são 63 lâmpadas de led. O diretor também destaca a instalação de câmeras de videomonitoramento, que dão maior amplitude de visão à guarda.